A IDADE DA LOBA



Autor Maria de Fátima Lima Castanheira
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 30/09/2007 10:20:00
(I)
Uma mulher que agora
Se vê despida
E desnuda ilusões.
Vive no estreitado espaço
Entre a juventude e a velhice
Bela adormecida que acordou
Com o beijo da separação,
Perda e silêncio.
Já saída da casa paterna,
Da defloração,
Perplexa, transparente,
Quase vidente
Cala a mulher de quarenta
A meio caminho
Dona de um passado ainda tão presente
E de um futuro tão desconhecido
Ousa o prazer de ser nesse presente
Nunca antes tão intenso
Mesmo que fugaz
Principalmente porque fugaz
Pois a fantasia do eterno
Ficou para trás.
(II)
Eu te assusto porque sou dona do meu corpo
senhora das minhas escolhas
assumo as responsabilidades e pago o preço.
Pago minhas contas, não preciso do seu dinheiro
nem do seu sobrenome ou de status.
Libertei-me de todas as expectativas e ilusões
sobre o amor, sobre a vida.
Vivo a liberdade de quem tem os pés no chão,
os olhos no sempre horizonte,
a cabeça centrada no coração
e o coração, na fé nos próprios sonhos.
(III)
Eu quero o amor maduro
que desconhece qualquer forma de coersão
que não vive de expectativas irreais
que é tolerante, flexível.
Eu quero o amor parceiro
que ignora o que seja carência
porque é rico e só quer
multiplicar suas riquezas.
Eu quero o amor paciente
Sem pressa, solto na vida
o amor ao vento,
amor por tudo e por nada.
Eu quero o amor desapegado
que domou a urgência dos desejos
que dança nos conflitos
e celebra as contradições.









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