A ilusão da separação
Atualizado dia 7/26/2007 9:56:23 PM em Autoconhecimentopor Theresa Spyra
Mas vamos nos aproximar mais de uma formiga. Bem perto. Mais perto. É possível que ela se ache um ser solitário, já que todos os dias está sozinha com o seu trabalho, nem percebendo as companheiras à sua volta, sem a mínima idéia da imensidão do formigueiro onde ela entrega o alimento que colhe. Também não percebe a distância ou o tamanho da árvore de onde ela corta as folhas.
As pessoas que observam o formigueiro de longe acham que a multidão em volta significa uma vida preenchida em sociedade; mas aquela formiguinha em específico nem percebe que tem sociedade em volta dela. É, a única coisa que ela enxerga, é ela mesma... e a sua missão, claro! Uma está inseparavelmente conectada à outra. A formiga e sua missão de vida. Pegar o alimento e levar até o formigueiro. Ela faz isso sozinha, mesmo tendo as companheiras em volta, que andam juntas, sem se aproximarem.
A vida de formiga é uma festa só. Ela gosta da sua missão, sai cedo de casa, cheia de vontade e alegria com a perspectiva de encontrar folhas bem suculentas e gostosas. Corta-as com todo cuidado e perfeição, e um especial prazer é cortar um grande pedaço de folha, tão grande, mas que ainda dá para carregar: isso a deixa mais contente e alegre ainda. Depois começa o malabarismo divertido: às vezes a folha é pesada demais, e nas suas manobras perigosas vai embora o equilíbrio e a folha se perde. Se não tem como recuperar o tesouro precioso, não faz mal; a formiga volta para cortar mais uma folha. Algumas vezes até acha no caminho um pedaço de folha abandonado. Alguém parece ter perdido... e ela pega alegremente e recomeça a sua jornada. O peso deixa as pernas bambas, porém, isso a anima mais ainda.
A superação é o seu jogo preferido, já que gosta de se divertir durante a tarefa diária. Nunca pensou em reclamar. Afinal, de que? A vida é boa como ela é. Às vezes ela vê a cabeça de uma companheira, às vezes o bumbum redondo, mas ninguém tem tempo para parar e bater papo. A missão é o mais importante, não há dúvida. Como também não há dúvida de que essa formiga se acha a mais importante: ela somente percebe o seu próprio trabalho, e como vai saber o que os outros estão fazendo? E afinal, o que interessa?
O que interessa é que ela cumpra a tarefa que lhe foi confiada, só isso. Quem lhe confiou essa tarefa? Sabe-se lá! Mesmo assim, todas as formigas têm certeza de que esta é a tarefa que as preenche, fazendo-as levantar cedo de manhã e trabalharem até tarde da noite. Sem dúvida esta é a tarefa mais importante para ser realizada.
Aquela formiguinha não tem dúvida. Não se preocupa se vai achar folhas suculentas, afinal, nunca aconteceu de não achar. A natureza tudo provê! Como ela está em constante conexão com as folhas e com o formigueiro, é impossível se perder. Está segura e protegida, em sua missão de vida.
Para quem ela trabalha? Para ninguém, pois ela só vê a própria missão! Para quem iria trabalhar?
Vamos nos levantando deste formigueiro. Esta formiguinha se perde no meio das outras. Vamos mais alto. Este formigueiro se perde no meio do mato. Continuamos nos afastando. Homens surgem. Cidades aparecem. E vamos indo além. As multidões agora assemelham-se aos formigueiros. E desaparecem... As cidades também desaparecem em borrões. E vamos nos afastando, nos afastando... O planeta ganha a sua forma arredondada e azul. E aos poucos também desaparece. O sistema solar vai indo, indo... A Via Láctea, com seus bilhões de estrelas também desaparece. Outras galáxias se fazem vistas, para depois desaparecerem. Aos poucos, todo o universo vai se transformando num ponto, um minúsculo ponto, como uma formiguinha... O universo também está em harmonia, cumprindo a sua missão.
Consciente ou não, a nossa amiga formiguinha faz parte do um sistema maior, faz parte do todo, e o que ela fizer terá um efeito para o mundo à sua volta como também para o universo como um todo. Afinal, ela é o universo!
Theresa Spyra é trainer em constelação familiar sistêmica, coach sistêmico, diretora do Nokomando-desenvolvimento pessoal e profissional.
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Texto revisado por Cris
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Theresa Spyra é alemã, trainer e terapeuta com especialização em constelação sistêmica familiar, organizacional e estrutural. Estudou com a também alemã Mimansa Erika Farny, pioneira na introdução do método sistêmico de Bert Hellinger no Brasil, e aprofundou-se nos sistemas estruturais e organizacionais, com estudos no Brasil, Alemanha e Suíça E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |