A Paixão de Tântalo
Autor Carlos Eduardo Gomez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/13/2016 11:14:58 PM
Tântalo, personagem mítico que roubou o manjar dos deuses, foi condenado a padecer pela fome e pela sede diante das mais belas frutas e próximo a um regato de águas cristalinas. Quando se aproximava das frutas e da água, elas se afastavam dele, e quando delas se distanciava, dele se aproximavam. Daí que surgiu a expressão tão perto e tão longe.
O suplício de Tântalo trata de uma metáfora e, como toda metáfora, traz consigo uma mensagem, uma lição e um aprendizado. Mas para assimilar a mensagem, é necessário buscar compreender o que seria na vida prática o manjar dos deuses. O que o ser humano experimenta em algum momento da sua vida e continua buscando continuamente, e quando pensa ter encontrado se afasta como por encanto? O que seria destinado apenas aos “deuses” que é permitido ao ser humano experimentar e jamais poder ter para si?
Penso que se trata da paixão. A paixão traz a maravilhosa experiência de poder ver e sentir a divindade, a perfeição, a beleza infinita e divina que há em cada criatura humana.
É um magnifico manjar, inesquecível, inenarrável, incomparável e viciante. Por tal motivo, é impossível não se apaixonar pela divindade contida em um ser humano.
Mas a paixão não dura muito tempo: tem prazo de validade. A paixão dura de seis meses a dois anos e quando acaba já não mais se pode viver com o outro sem notar suas imperfeições, seus “defeitos”, e é aí que se abrem os portais do amor. Sim, se existe paixão, não pode existir amor, pois ambos não coexistem. Para que o amor resplandeça, a paixão deve deixar de existir, pois o amor não resiste ao desejo de divindade que a paixão desperta em nós. O desejo da divindade, despertado pela paixão, torna-nos muito críticos, pois passamos a buscar a perfeição na outra pessoa. Nas relações afetivas, existem momentos em que o nosso pior vem à tona: rancor, mágoa, ressentimento, desejo de vingança, entre outros, e a lembrança da paixão é um recurso muito útil para o bem estar da relação.
O amor é humano, ao mesmo tempo divino. O amor é o elo entre a terra e o céu, bem diferente da paixão que nos leva a vivenciar níveis que não conseguiremos nos manter neles. O amor é realista, sensato, é o alimento dos humanos. Somente através do amor é que se pode manter um relacionamento saudável e duradouro, pois mesmo diante da constatação das imperfeições do outro, continuamos amando, perdoando, admirando e, diga-se, tem que ser forte para amar. O amor não se afasta quando você se aproxima. É bem o contrário. Quanto mais amor você dá, mais amor você tem. Mas deve ter cuidado para não confundir amor com paixão. Não se deixe levar pelo sabor da paixão! Jamais se case estando apaixonado (a), pois estará se casando somente com percepção da divindade do outro, sem condições de perceber seu lado humano que eventualmente irá te decepcionar magoar, machucar.
Tântalo é a representação do sofrimento da busca pelo impossível. O amor possível a nós é tão somente o amor humano. Ame como um humano e será feliz! Aceite ser amado (a) por um humano e será feliz! Não exija divindade de si e tão pouco da outra pessoa. E como um amigo disse certa vez: Em caso de paixão, perca o coração, mas jamais perca a cabeça!
Avaliação: 5 | Votos: 4
Biólogo; Pós graduando em Neuropsicologia; Naturopata especialização em Microsemiótica Oftálmica(Iridologia); Psicoterapeuta com práticas de Hipnose e PNL; Master em PNL; Hipnoterapeuta; Especialização em Reflexologia da Coluna Vertebral e Mobilização Neural; Psicoterapeuta, efetua Avaliação Iridológica Psicossomática; é Professor e Palestrante. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
