A perpetuação da adolescência
Atualizado dia 12/21/2017 11:08:19 AM em Autoconhecimentopor Mauro Kwitko
Algumas pessoas, desiludidas, resolvem assumir que não são mais jovens e isso pode ser um choque em sua auto-estima, em seus hábitos; outras continuam nessa saga, enganando-se que o tempo não passa, menos quando chega em casa, tira a roupa e se olha no espelho, e esse, como aquele espelho daquela Rainha má, não mente jamais. “Espelho, espelho meu, sou jovem?”. A resposta é direta e cruel: “Não!”. Para que tudo isso? Para que esse desgaste? Para que todo esse esforço? Não é mais simples, mais fácil, mais coerente, em cada faixa nos sentirmos naquele momento de nossa vida? Quando somos crianças, sermos crianças; quando adolescentes, adolescentes; quando adultos, adultos; quando velhos, velhos. Qual é o problema disso?
É necessário diferenciar o que é normal do que é veiculado como normal, muitas vezes é o oposto. Como somos dominados pelos donos da nossa cabeça e pelos domadores, o que é estabelecido como normal geralmente é ditado por seu desejo de lucro e esse é inesgotável, sempre quer mais e mais. Devemos estender a nossa vida de uma maneira ativa, útil, produtiva, procurarmos nos manter saudáveis, firmes, fortes, positivos, se possível até o nosso desencarne mas, passada a fase da adolescência, que ocorre em torno dos 18 anos, os jovens devem assumir a sua condição adulta, começarem a ser homens e mulheres de verdade, concluirem seus estudos , trabalharem, não beber, não fumar, não usar drogas, começarem a vestir-se como adultos, falarem como adultos, planejarem seu futuro, almejar tornarem-se independentes emocionalmente e financeiramente, enfim, ultrapassar essa fase intermediária chamada de “adolescência”. Eu sei o que você está pensando agora: “Mas isso não é assim! Com 18 anos! Esse escritor é maluco ou vive uma utopia!”. Viu como eu leio pensamentos? Eu sei que não é assim, sei como é, também tentei estender minha aparência jovem no tempo em que minha cabeça estava dominada, em que era dirigida pelo “é assim que as coisas são...”. Quando comecei a me libertar desse sutil comando e a pensar por mim mesmo, enfrentando o teste do espelho diariamente, quando o Just for Men não adiantava mais, resolvi que iria pela contra-mão, iria ficar adulto. Não foi fácil, olhava uma guria bonita, ela me chamava de tio. Uma estava me olhando, me entusiasmava, ela me dizia, “O senhor pode me dar uma informação?” Foi um verdadeiro choque de realidade! Até que comecei a pensar, por que essa vontade de não envelhecer, não parecer adulto, e, mais tarde, não parecer velho? Fui vendo de onde vinha aquela vontade, não vinha de dentro de mim, vinha de fora, estavam me convencendo disso, e eu havia assimilado de tal maneira que achava que era eu quem estava pensando e eram os donos da nossa
cabeça pensando por mim.
Estamos falando de uma Utopia, esse nome vem de um livro, de Thomas Morus, que fala de um lugar ideal, em que existe somente paz, amor, união, fraternidade, não existe violência, desigualdade social, miséria, fome. Utopia não é algo impossível, é algo difícil de alcançar, mas possível. Para chegar-se a essa meta é necessário que as pessoas formadoras de opinião, as pessoas influentes, as que possuem visibilidade, as que dirigem a política, as que dirigem o sistema financeiro, as que dirigem os meios de comunicação, utilizem sua inteligência nesse sentido e não para angariar ganhos egóicos, visar apenas o lucro financeiro, o luxo, o “aproveitar a vida”.
O que causa a pobreza é a riqueza, e o fim da pobreza necessita, obrigatoriamente, passar pelo fim da riqueza, mas isso só irá ocorrer quando os ricos entenderem que, mais importante do que ser rico, é almejar que todos sejam iguais e que a felicidade proporcionada pelo desejo de criar a igualdade na Terra é infinitamente maior do que qualquer ganho apenas para si e os seus. Mas o fim da riqueza nunca ocorrerá através da violência, isso já foi tentado várias vezes e nunca deu certo, pois as pessoas que assumem o poder já se achavam especiais e passam a se achar ainda mais, com o tempo também começam a desejar ser ricas, começam a encastelar-se cada vez mais, elas e os seus, e depois de um tempo transformam-se nos novos ricos e continua tudo igual. O fim da riqueza só ocorrerá com a evolução consciencial da humanidade, quando a sabedoria ultrapassar a inteligência, quando nos tornarmos adultos verdadeiramente, aí então o objetivo principal da vida será alcançar essa utopia que um dia existirá, quando chegarmos ao estágio de anciões espirituais, sábios, fraternos, generosos, e as máximas de Jesus estarão implantadas na Terra: “Tratar os demais como queremos ser tratados” e “Não fazer aos outros o que não queremos que façam a nós”. Nesse dia, as Religiões não serão mais necessárias, o ser humano já estará religado ao Divino.
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