A raiz de nosso descontentamento
Atualizado dia 11/24/2015 10:43:21 PM em Autoconhecimentopor Isha Judd
Algumas pessoas ficam em postos de trabalho insatisfatórios por décadas, queixando-se todas as noites o tanto que odeiam seu chefe ou o quão degradante é seu trabalho. Outras permanecem em relações abusivas, aguentando golpes e surras ano após ano, achando que é o que lhes toca na vida. E milhões de pessoas no mundo ocidental são cada vez mais obesas, vendo televisão e ingerindo junk food sem sequer pensar. Sua respiração é cada vez mais difícil, sua pressão sanguínea se eleva e suas articulações já não lhes respondem e apenas sentem dor crônica. Esquecem-se por completo da alegria do movimento e permanecem aí sentadas passivamente.
Claro que estes são exemplos extremos. Bem mais comuns são as pessoas que chegam a um lugar de relativa comodidade em sua vida e ficam aí abandonando seus sonhos e paixões. Isto me lembra uma amiga. Ela tinha uma das vozes mais extraordinárias que jamais tinha escutado e um dos rostos mais lindos que jamais tinha visto. Tinha uma personalidade, aspecto e talento destinado para o estrelato e seu sonho era se tornar uma cantora famosa. Teve a oportunidade de viajar ao redor do mundo nos anos setenta como cantora de apoio de uma das mais exitosas cantoras/compositoras de seu tempo. Quando regressou, estava pronta para o estrelato, no entanto deixou passar as novas oportunidades: ao invés de abraçar seu incrível presente, fez todo o possível para destruí-lo. Sua autoestima estava extremamente baixa e cobriu-se com seus vícios. Bebeu muito, consumiu grandes quantidades de drogas e fumou até o ponto de destruir sua voz completamente. Ao invés de perseguir sua paixão, optou por ficar em casa bebendo, desperdiçando as horas em máquinas caça-níqueis. Ao regressar bêbada uma noite, caiu de sua moto, danificando seriamente sua cara. Ela nunca achou que merecia o que tinha e em vez de atingir a grandeza, manteve-se cômoda dentro de sua disfuncionalidade.
A passividade pode também tomar a forma de aceitar obstáculos inesperados da vida sem tratar de encontrar uma forma de superá-los. Em tais situações, é útil recordar o dito "Querer é poder". Um exemplo perfeito da importância de agir em momentos como este aconteceu faz alguns anos, na minha primeira turnê europeia. Durante uma visita a Amsterdã, encontramo-nos no meio do caos devido a uma erupção vulcânica na Islândia, que cobriu a maior parte da Europa com uma nuvem de cinza. Com centenas de voos cancelados e milhares de turistas encalhados, de repente, parecia que nunca chegaríamos à seguinte parada de nosso tour - Viena, onde planejava ver os sementais Lipizzaner da legendária Escola Espanhola de Equitação, um sonho que tinha desde menina. Depois de muito malabarismo e conferência, um jovem da bilheteria, na Estação Central de trens de Amsterdã, salvou nossas vidas, traçando uma rota muito complexa com várias mudanças, que nos permitiu chegar a tempo, apenas umas horas antes do show. Tudo saiu como estava planejado, mas o que não esperávamos (nosso conhecimento das erupções vulcânicas nesse momento era mínimo) era que a seguinte parada em nosso percurso também se veria afetada, já que a cinza continuava sendo perigosa para os voos.
Chegar ao destino seguinte era bem mais urgente - tinha agendada uma entrevista ao vivo na CNN Madri - e a distância a viajar era maior. No entanto, o principal obstáculo não era a distância, mas o fato de que após cruzar a Suíça tivemos que atravessar a França. Como de costume, tinha greve de trens na França e os sindicatos permaneceram insensíveis diante do fluxo de passageiros ferroviários nunca antes visto. Nossa passagem era através de Lyon e Nimes e depois se perdia em uma série de rotas possíveis que dependiam do temperamento errático do pessoal em greve e os horários dos trens lotados em que estávamos, que mudavam constantemente.
Depois de correr para pegar o trem em Lyon que estava tão cheio que não se podia encontrar um assento, tivemos que nos acomodar junto a outras quinze pessoas que trepadas a suas malas estavam no estreito corredor entre o banheiro e a porta do vagão, parecíamos contorcionistas a cada vez que permitíamos a alguém passar em seu caminho ao banheiro, finalmente fomos expulsos desse corredor, em Nimes, só para terminar em outro vagão que também estava a ponto de arrebentar de tão cheio, competindo com qualquer similar do metrô de Tókio. Finalmente, estávamos em Perpignan, vagamos pela cidade, seguindo uma fila de turistas tão longa como a fila do flautista de Hamelín, indo de uma estação a outra, só para descobrir que não havia mais trens nesse dia que nos aproximasse da Espanha. Ainda a pouco menos de 800 km de Madri, decidimos chegar a tempo para a entrevista, finalmente nos resignamos a pegar um táxi. Contudo, apesar da despesa e das dificuldades, fizemos a entrevista e o resto de nossa visita à Espanha foi uma maravilha.
Um ano mais tarde, outro vulcão começou a jogar cinzas, desta vez bem mais para perto de casa, no Chile. Esta erupção coincidiu com nosso regresso do México, caminho a um seminário em Buenos Aires, Argentina. Quando chegamos a Santiago do Chile, nosso voo de conexão tinha sido cancelado e após várias horas de espera com a esperança que outro voo estivesse disponível, decidimos experimentar ir por terra, enquanto ainda tínhamos a possibilidade de chegar a tempo para nosso evento. Um amigo nos levou desde o aeroporto até a fronteira com a Argentina em sua camionete e ali cruzamos a pé no meio de magníficos picos nevados, maravilhados pelo entorno nos esquecemos do frio, totalmente cativados pela beleza mágica dos Andes. Encontramo-nos do outro lado da fronteira com outra amiga, que tinha vindo nos buscar e levar até a próxima cidade, Mendonça. Chegamos ao aeroporto de Mendonça, justo a tempo para descobrir que o último voo a Buenos Aires que planejávamos pegar, tinha sido cancelado. Uma vez mais, entramos num táxi, para percorrer durante a noite os quase 1100 km que tínhamos pela frente. O seminário começava às 10 da manhã seguinte. Chegamos às 9 da manhã, com o tempo justo para tomar uma ducha e chegar no início do evento. Três dias mais tarde, fizemos a mesma viagem de volta, uma vez que as cinzas ainda não tinham desaparecido! Tínhamos que chegar a um evento em Guadalajara - México, três dias depois.
Nestas circunstâncias, se tivéssemos jogado a toalha frente aos obstáculos da viagem, teríamos ficado presos e abatidos por todos os planos frustrados e centenas de pessoas inscritas para aprender o Seminário do Sistema Isha em Buenos Aires teriam se decepcionado muito, sem mencionar a aventura que teríamos perdido. Quando aceitamos o que a vida nos traz e fazemos algo para mudar nossa situação, também podemos nos divertir no caminho, inclusive quando dura mais do que planejado!
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Isha é mestra espiritual reconhecida internacionalmente como embaixadora da paz. Criou um Sistema para a expansão da consciência que permite a auto-cura do corpo, da mente e das emoções. Site oficial www.ishajudd.com E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |