A Última Viagem



Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 8/22/2007 3:57:46 PM
Caminhando pela trilha poeirenta minha visão está nublada, o pó da terra não deixa que eu veja os passos a serem dados adiante e voltando os olhos para o percorrido a poeira bloqueia a visão dos passos dados.
Sem passado e sem futuro, lentamente ando condicionado por cada passo. A poeira envolve-me, penetra pelos poros, narinas e garganta chegando ao interior profundo do meu ser tornando-me mais pesado, fazendo-me rastejar na trilha sem nada ver.
O nublamento intenso encobre o sol, a lua e as estrelas, eliminando as perspectivas de saber se estou voltando ou indo, percorrendo um rumo ou sem rumo.
Perdido na escuridão da poeira eu escuto vozes e ruídos de outros seres iguais a mim, desorientados sem beira nem eira.
Terrível, não sinto a trilha, ela desapareceu. Estou caindo no abismo sem fim onde a poeira é transmutada em negrume cujas partículas sutis trespassam minha alma cansada e desiludida de ser eternamente extraviada.
Sem norte, sul, leste e oeste sou colhido no ventre da escuridão.
Em queda vou rasgando o escuro abismo e sinto meu corpo apodrecendo e todos os seus componentes esvoaçando no espaço que não é espaço. Sem corpo, perdendo-me nas profundidades do reino dos mortos minha consciência metamorfoseia no nada, na própria escuridão.









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