A WICCA TEM SALVAÇÃO??

A WICCA TEM SALVAÇÃO??
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Autor FEMININO ESSENCIAL - Patricia Fox

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 18/05/2007 12:25:21


“Falem mal, mas falem de mim.”
Essa frase, atribuída a incontáveis atores, atrizes, músicos e rock stars, reflete bem a importância moderna da mídia para a sobrevivência de carreiras, projetos, movimentos culturais e seja lá o que for. A wicca vem ganhando espaço na mídia – a passos de tartaruga, é verdade – e parece justificar a afirmação acima.
A princípio, não há nada de errado em divulgar a wicca, ou qualquer outro caminho pagão. Afinal, quanto mais exposição os verdadeiros ideais pagãos receberem, mais teremos chance de fazer um futuro melhor para nós e para as demais criaturas deste planeta.
O problema está justamente na expressão ‘verdadeiros ideais pagãos’. Quanto, do que lemos e ouvimos por aí em sites, palestras, livros e entrevistas, corresponde ao ideal pagão? Quantas dessas fontes estão verdadeiramente comprometidas com o bem-estar animal, com o equilíbrio entre os sexos, com uma sociedade mais justa e equilibrada, formada por indivíduos justos e equilibrados? Quantos dos livros modernos explicam com honestidade as verdadeiras origens do paganismo, da wicca, do druidismo?
Poucos. Muito poucos. O que vemos por aí é uma proliferação de conceitos distorcidos, na maioria das vezes preceitos greco-romanos e cristãos disfarçados de pagãos. As pessoas dizem ‘graças à Deusa’ em vez de ‘graças a deus’, mas ainda erguem suas mãos e olhares para os céus, como se essa ‘deusa’ por eles criada vivesse nos céus, longe de nós, como o deus judaico-cristão...
A magia – para muitos o principal elemento da wicca – é vista somente como um instrumento a ser usado para a obtenção de um objetivo – um namorado, um emprego, saúde, etc. Nesses termos, a magia é exatamente igual em sua essência e em seus fundamentos ao famoso ‘despacho’ das gloriosas tradições afro-brasileiras ou mesmo uma prece aos santos católicos pedindo por uma ‘graça’...
Muda-se o discurso, mas as práticas continuam as mesmas.
A wicca vive hoje um dilema: ou ela se livra dos estereótipos limitadores – e muitas vezes falsos – e assume seu lugar como espiritualidade livre, moderna e voltada para a integração com a natureza, ou então estará condenada a ser por muito tempo marginalizada.
Pois é o que ocorre hoje: a wicca no Brasil é marginalizada até mesmo pelas outras correntes pagãs, que vêem os wiccanos como um ‘bando de adolescentes desinformados e deslumbrados com a perspectiva de obter “poderes” mágicos’.
Certamente a wicca trabalha magia, mas hoje ela envolve muito mais do que a mera capacidade de ‘obter fins sem meios conhecidos’. A wicca exige do wiccano moderno um real comprometimento com a causa ecológica, com uma vida saudável, com uma visão de universo nova, diferente da que está aí. Nada disso, porém, parece ser abordado com profundidade.
Aliás, para se compreender os problemas da wicca atual, essa parece ser a palavra chave: profundidade.
A wicca se revela extremamente atraente, pois não possui (ou não deveria possuir...) profetas, líderes ou pastores.
Ela também desperta o interesse das pessoas por devolver a cada um a capacidade de conversar e interagir pessoalmente com os deuses, com a natureza, sem a necessidade de ‘sacerdotes’ (em alguns casos, atravessadores espirituais).
A wicca fascina as pessoas por não possuir dogmas ou liturgias fixas, o que torna sua prática uma experiência pessoal, livre e, portanto, satisfatória.
E a wicca devolve os seres humanos ao contato íntimo com a Natureza de que todos (todos mesmo) ainda fazemos parte, por mais que não percebamos.

O problema está na forma como a wicca vem sendo apresentada. Ao invés de aprofundar-se nos temas acima, os textos wiccanos até agora publicados são de uma superficialidade assustadora. Quem leu um livro de wicca leu quase todos, pois a maioria repete a consagrada fórmula:
- Capítulos com a ‘História da wicca’, geralmente incluindo intoleráveis mentiras do tipo ‘a wicca é a religião dos celtas’, ou ‘a wicca surgiu a milhares de anos no paleolítico’...
- Capítulos apresentando ‘instrumentos da wicca’, os famosos ‘athames’ ‘bollines’ e bastões, que são usados sem que ninguém saiba ao certo seu significado simbólico – isso quando não afirmam que esses objetos devem ter este ou aquele tamanho e ser feito deste ou daquele material, sem que ninguém explique exatamente porque, e menos ainda onde obtê-los...
- Capítulos introduzindo os ‘festivais da Roda do Ano’. Este é um caso à parte: a desinformação acerca das origens dos festivais é tamanha que as maiores bobagens ditas acerca da wicca dizem respeito aos festivais. Poucos parecem conhecer o real significado da celebração da roda do ano...
- E, claro, as desesperadoras listinhas de deuses e deusas a serem evocados em ritos de fertilidade, amor, sorte, cura, etc. – listinhas que, além de não apresentar com profundidade as deidades em questão, reduzem os deuses e deusas pagãs a meros ‘serviçais’ convocados ao toque de uma campainha para trazer chá e chinelos – ou melhor, um emprego e namorado... ou qualquer outro pedido absurdo, feito sem o menor respeito.

É por conta dessa falta de profundidade que lanço a pergunta que é o título deste artigo: a wicca tem salvação? E a resposta é, obviamente:
Claro que sim. Depende de cada wiccano, de cada pessoa envolvida. Temos de parar de repetir as muitas tolices que vêem sendo ditas, temos que pesquisar a verdadeira história da wicca, temos que procurar conhecer suas origens, seus personagens, seu ideais e as transformações que ela vem sofrendo nos últimos anos.
A wicca possui um potencial maravilhoso para se tornar um espiritualidade profunda e enriquecedora, capaz de satisfazer aos desejos e necessidades de todos os que não encontram respostas nas religiões institucionalizadas. Contudo, cabe aos wiccanos deixar essa casca oca, apesar de atraente, e mergulhar mais fundo nos mistérios dos caminhos pagãos.
Salvar a wicca, dando-lhe a importância filosófica e espiritual que ela hoje não possui, pode ser uma tarefa trabalhosa; no fim das contas, contudo, o resultado é o fortalecimento dessa espiritualidade ainda jovem em seus cinqüenta e poucos anos, mas tão rica em potenciais.
Depende de nós. De todos nós. Vamos tentar?

© 2002, Claudio Crow Quintino para Hera Mágica Cultural
Proibida a reprodução total ou parcial da obra sem a prévia autorização por
escrito do autor. Lei Federal 9.610/98.
Claudio Crow Quintino é autor de "O Livro da Mitologia Celta" e "A Religião da Grande Deusa" e um dos idealizadores da Hera Mágica - Bem-estar e Cultura
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