Ação, Reação e Unidade - Uma Nova Visão
Atualizado dia 1/15/2007 2:00:17 PM em Autoconhecimentopor Rogério Pires
Geralmente pensamos em causa e efeito como entidades separadas, com a causa sempre precedendo o efeito e com uma causa conduzindo a um efeito. Esta visão se torna muito eficaz em circunstâncias primárias, isoladas e mecânicas, mas em situações abstratas e não-mecânicas, este contexto se torna inaplicável, pois as possibilidades de reações a uma causa são inúmeras, tendo como variante a infinita teia de probabilidades que o Universo nos proporciona. Não acredito que uma única causa seja capaz de criar um efeito. Existe uma visão mais profunda que aborda a Lei de Causa e Efeito com muito mais intensidade e profundidade, em se tratando da relação que o indivíduo e sua consciência têm com o Universo à sua volta: o estudo da co-existência interdependente.
O estudo da Co-existência interdependente consiste na idéia de que causa e efeito co-existem sendo resultado de múltiplas e incontáveis causas e condições. Causa e efeito co-existem em dependência, sendo que este conceito vai muito além dos nossos conceitos sobre espaço e tempo onde o “um” contém o “todo” e vice-versa.
Um exemplo de co-existência interdependente é a de que para uma cadeira existir precisa de madeira, de um carpinteiro, de tempo, de habilidade, de dinheiro e de incontáveis conexões, condições e fatores diferenciados. E cada um desses fatores precisa de outras causas para existir. A madeira precisa da floresta, do brilho do sol, da chuva, do corte, da serraria e assim por diante. O carpinteiro precisa de seus pais, do alimento, de ar fresco, de um lar, de roupas, etc. E cada uma dessas coisas, por sua vez, tem que ser trazida por outras infinitas condições e conexões. Se continuarmos a observar deste modo, veremos que nada foi deixado de fora neste contexto. Tudo no Universo co-existe para nos trazer a cadeira. Olhando profundamente para o sol, para as árvores, para as florestas e para as nuvens, poderemos ver a cadeira. O “um” pode ser visto no “todo” e o “todo” pode ser visto no “um”. Uma única causa nunca é suficiente para trazer um efeito.
Um fator cria intermináveis condições, conexões, pensamentos, escolhas, ações, reações e co-existências diferentes e unificadas. Uma causa precisa, ao mesmo tempo, ser um efeito. Cada efeito deve ser também a causa de alguma outra coisa.
A idéia de uma primeira ou única causa, algo que não precise de uma causa maior, não pode ser aplicada nesta realidade, pois toda causa se torna um efeito de uma causa maior e ao mesmo tempo necessita de milhares de condições e conexões para que possa existir e interagir com outras coisas. Da mesma forma que a nossa existência não seria possível se não fôssemos nutridos por múltiplas causas, conexões, condições, probabilidades, possibilidades e efeitos.
Quando um indivíduo busca uma causa para uma situação atual, ele se limita ao entendimento da verdade de que não existe uma única causa para um efeito, e sim uma extensa teia de probabilidades e possibilidades de interação de múltiplas causas que co-existem interdependentemente, fazendo com que uma situação se concretize dando continuidade a outros infinitos acontecimentos e assim por diante. O importante não está em buscar uma causa, ou várias causas, para um efeito específico. Torna-se premente o entendimento de que tudo co-existe em perfeita sintonia de criação e que este processo independe da expectativa em relação à temporaneidade de concretização do efeito em relação às múltiplas causas. Devemos aprender a utilizar a nossa consciência como ferramenta evolutiva de transformação construtiva.
Transformar o conhecimento em uma maravilhosa sabedoria empírica de que tudo e todos são apenas "Um" Co-existindo Interdependentemente. Da mesma forma que não existe “Certo e Errado”, “Bem e Mal”, “Tempo e Espaço”, “Em cima e Em Baixo” existindo em separado, que tudo é UNO, que o Universo é o equilíbrio daquilo que denominamos de opostos e que quando dividimos, conceituamos e rotulamos, utilizando a nossa consciência em separado do que entendemos como "mundo externo", nos aprisionamos em uma realidade fictícia de existência que não nos permite concretizar um processo evolutivo real e único dentro do contexto baseado na Unidade de todas as coisas. O conceito básico de Unidade é a de que todas as coisas fazem parte de um mesmo processo vibracional (fonte, vibração, energia, Deus...) e deste processo resultam todas as realidades existenciais, intimamente ligadas por uma energia indizível e indivisível.
Estabelecer este pensamento de Unidade faz com que cesse a idéia de causa e efeito existindo em separado com associação ao conceito de tempo e espaço e pode significar uma nova consideração de relacionamento entre os seres humanos e a busca incessante sobre o sentido real de nossa existência. Esta idéia não é recente; pelo contrário, os orientais estudam este efeito em nossa realidade há milhares de anos.
Com o advento das “novas ciências”, o observador ocidental obteve contato mais espontaneamente com a idéia de que reconhecer a interdependência fundamental de todos os fenômenos e o perfeito entrosamento dos indivíduos e da sociedade nos processos cíclicos da natureza é fundamental para um relacionamento construtivo com o mundo que nos cerca, da mesma forma que com suas “infinitas” conexões e possibilidades. A partir do profundo estudo do mundo material, entrou-se em um consenso, entre os cientistas da física moderna: a unidade essencial entre todas as coisas e eventos e principalmente da participação do homem e sua consciência como parte importante e integrante desse processo.
A Unidade e inter-relação de todas as coisas, eventos, experiências de todos os fenômenos do mundo como manifestações básicas de um processo de Co-existência Interdependente é denominada de Dharmakaya no budismo, Brahman no hinduismo, Tao no taoísmo, recebendo dos zen-budistas o nome de Talhata ou Qüididade, da mesma forma que se tornou umas das principais descobertas da física moderna nos tempos atuais, tornando-se evidente em nível atômico (dos átomos) e se expande à medida que aprofundamo-nos no campo das partículas subatômicas, baseando-se principalmente na Teoria Quântica desenvolvida por Niels Bohr e Werner Heisenberg no final da década de 20.
Em 1964, o físico J. Bell, publicou uma prova matemática que sustenta o conceito de que todas as partículas subatômicas estão ligadas de um modo que ultrapassa o conceito de Tempo e Espaço, sendo esta denominada de Teorema de Bell. O Físico Jack Sarfatti sugere que todos os acontecimentos são mais correlacionados num plano de realidade acima do nosso, e que nesse plano as coisas estão ligadas por meio de um plano mais elevado, criando por fim o conceito de Realidade Multidimensional. Utilizar o conceito de Unidade é ter a consciência da relação interdependente de todas as coisas, SOMOS TODOS UM!
Rogério Pires
Terapeuta e Psicoterapeuta Holístico
CRT 37461
www.phatae.com
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