Acredite e ele também acreditará em você
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Autor Sérgio Osny Castanho Gonzalez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/28/2005 8:21:43 AM
“Não sou apenas uma figura fantástica que usa uma roupa estranha e finge uma conduta alegre. Eu sou um símbolo. Sou um símbolo da capacidade humana de abafar as tendências egoístas e más que dominam grande parte de nossas vidas. Se não pode acreditar em mim, se não aceita uma coisa pela fé, então você está condenada a uma vida de dúvidas”.
O conceito que esta frase contém levou-me a uma reflexão muito própria para esta época. E me fez abrir a mente para o mundo do pensamento mágico que estimula a imaginação e remete nossa emoção para além da aparência material das coisas que fazem parte desta nossa caminhada terrena.
Captei-a em um singelo filme de 1995, quando é dita a uma bonita mulher, executiva de uma grande loja de departamentos de Nova York, extremamente incrédula sobre coisas que não pertencem ao seu mundo material, competitivo e utilitarista. Comportamento que ela também exige de sua filha. Mas seu autor não é nenhum avatar, guru, santo, anjo ou ser superior de outro planeta. É simplesmente o Papai Noel no filme “Milagre na Rua 34”, um comovente filme natalino
.
Refleti sobre quantas e quantas vezes já fizemos, ouvimos ou lemos críticas ao fato de Papai Noel ser tão ou mais cultuado como representação natalina do que Jesus e de ser um símbolo do capitalismo, do comércio e do consumismo no Natal, principalmente no mundo ocidental.
Entretanto, sua criação não surgiu simplesmente no departamento de arte de uma agência de propaganda. A origem histórica do Papai Noel, embora com algumas controvérsias, está nos primórdios do Cristianismo, por volta do ano 350dC. Vem da Ásia Menor, onde nasceu na cidade de Patara e viveu em Lycia, uma província da planície de Anatólia. Conta-se que era um homem rico que adotou o cristianismo ortodoxo tornou-se sacerdote e foi alçado a bispo como Nicholas de Smyma, região onde hoje é a Turquia. Nicholas é lembrado como tendo sido uma pessoa fraterna e de bom coração que costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximas às chaminés das casas. Foi transformado em santo (São Nicolau) após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele, muitos associados à doação de presentes às crianças.
A transfiguração de St. Nicholas em Papai Noel teve início na Alemanha, quando sua imagem passou a ser associada com as festividades do Natal e as habituais trocas de presentes que eram realizadas em 6 de Dezembro. O primeiro relato conhecido sobre como visitava as crianças para entregar presentes é de autoria do ministro episcopal Clement Moore, em 1822, no poema "A Visit from St. Nicholas", que conta como São Nicolau viajava em um trenó puxado por oito renas.
O tempo passou. O mundo mudou. A sociedade humana entrou na era da produção de artigos em série. Criaram-se novas necessidades e formas de comércio. Surgiram os produtos de consumo de massa. O Natal passou a ser uma festa não apenas religiosa e transcendental em comemoração ao nascimento de Jesus, tornando-se também um momento de confraternização entre as pessoas, as famílias e os povos.
Embora se diga que a imagem do Papai Noel, como é atualmente retratado, tenha sido criada para a Coca-Cola, a verdade é que o mais globalizado refrigerante do mundo só começou a utilizar o Papai Noel em 1930/31, por meio de uma ilustração criada pelo artista Haddom Sundblom. Antes disso, existem registros de muitas representações de St. Nicholas que são praticamente iguais à de hoje, como em um cartão de Natal de 1817, ilustrado por Katryn Elliot. Outros relatos também informam que o Harper’s Weekly publicou em 1866 um Papai Noel tal como o atual, criado por Thomas Nast.
Esses artistas, acreditemos, não o fizeram de uma forma puramente mecânica. Colocaram nos desenhos toda a sua emoção e a inspiração que receberam em um momento de sintonia com o mundo espiritual e com os canais de energia do Universo, um dom próprio dos artistas, mesmo que não o percebam conscientemente. Por isso, devemos sentir o significado do Papai Noel para além de simplesmente uma figura artificial da publicidade. O fato de ter sua imagem associada ao comércio na época do Natal não deve diminuir em nossa percepção o seu sentido original de ser “um símbolo da capacidade humana de abafar as tendências egoístas e más que dominam grande parte de nossas vidas”, sem que deixemos de considerar Jesus como o centro espiritual e histórico do “mistério do Natal”.
Papai Noel e o nosso inconsciente
Ao longo do tempo o ser humano sempre teve a necessidade de acreditar em representações que traduzissem seus sonhos de solidariedade, fraternidade e bondade, como forma de enfrentar as mazelas que fazem parte da sua estada na Terra. O inconsciente coletivo da humanidade é pleno desses símbolos que não são criados por acaso e se perpetuam através do tempo sem depender de estratégias de propaganda e marketing. Jung trata disso em seus estudos sobre os arquétipos, que fazem parte do conjunto de memórias pretéritas acumuladas por nossas vivências desde os tempos pré-históricos. E que também vêm dos planetas, das estrelas, dos confins do Universo, como nos demonstra a Astrologia, e de nossas múltiplas reencarnações.
Assim como os anjos, os espíritos de luz, os avatares e nossos guias espirituais, o Papai Noel não é apenas uma forma material criada por um desenhista publicitário. É uma síntese das nossas emoções dirigidas a uma convivência mais fraterna em relação à família, aos amigos, às crianças, aos idosos, aos animais e às pessoas em geral com que vivemos no dia-a-dia.
O fato de ser um velhinho rechonchudo e de barbas brancas, de morar no Pólo Norte em uma fábrica de brinquedos operada por elfos e de voar em um trenó puxado por renas pertence ao mundo da fantasia, é verdade. Mas esta fantasia imantou grande parte da humanidade porque está em sintonia com os sentimentos que fazem parte do nosso inconsciente coletivo e da nossa necessidade, enquanto crianças, de acreditar no pensamento mágico e na existência de um mundo paralelo e invisível aos nossos sentidos.
Os arquivos do nosso inconsciente individual e coletivo são, ao mesmo tempo, os mais ocultos e os mais próximos, os mais estimulantes e os mais limitadores. Criam a ansiedade mais atroz ou a maior esperança. Não estão restritos pelo tempo, localização ou seqüência lógica de acontecimentos peculiares, como definido por nosso pragmatismo. Não percebemos claramente, mas o inconsciente nos leva de volta aos tempos mais remotos de nossas vidas, aos lugares mais estranhos, mais antigos, mais distantes e, ao mesmo tempo, mais familiares.
Nada acontece por acaso no Universo e, por decorrência, em nossa vida. Assim, a figura mítica do Papai Noel faz parte de nossas relações com o mundo espiritual e com o Cosmos. Sem distinção de raça, nação, religião ou cultura. Mesmo que o consideremos apenas uma lenda, ele simboliza a bondade, a fraternidade, a solidariedade e a alegria que a gente deve carregar no coração, durante o Natal e o ano inteiro.
Sérgio Osny Gonzalez
Astrologia e Terapia Holística, Regressão Consciencial, Brain Creativeness
Palestras, cursos e atendimento com agendamento.
[email protected]
(51) 3223-0369
Texto revisado por Cris
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