Além dos pensamentos
Autor Paulo Tavarez
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/11/2023 10:40:24 AM
É comum ouvirmos a frase "pensamentos positivos são essenciais!" e muitos terapeutas a prescrevem como uma técnica eficaz. Não estou questionando sua efetividade, mas será que essa é a única abordagem possível?
Claro que não! Nem poderia ser, simplesmente porque não existem pensamentos positivos. Ao analisarmos mais profundamente, percebemos que todo pensamento é negativo, pois sua origem é a ignorância. Eles emergem de nossos medos e desejos, são ervas daninhas que brotam na terra árida de nossas sombras, são vapores liberados pelos combustíveis emocionais do inconsciente. Utilizar o pensamento para combater o próprio pensamento pode ter sua utilidade em certos aspectos, mas não é a solução definitiva. (Agora as coisas se complicaram, não é mesmo?)
Tenho todo respeito pela psicologia positiva e toda reverência pelos profissionais de autoajuda, mas a verdadeira resposta não está apenas na mudança do pensamento. Pensar é navegar no oceano da mente, é perder-se no Samsara em busca de algo que não existe. Aqueles que seguem esse caminho permanecem entorpecidos pela ilusão, como os lotófagos descritos no poema de Homero. Eles não percebem que estão imersos na cegueira, tateando no escuro e presos em uma eterna expectativa que não se resolve, assim como os personagens de Bertolt Brecht esperando pelo Godot.
A solução não está em substituir um pensamento por outro, mas em aprender a não pensar. É necessário trabalhar o sentir, desenvolver a percepção e silenciar a mente para que as luzes da verdade possam iluminar nossa consciência.
O pensamento nos leva à ação, torna o homem escravo do fazer, e assim ele esquece que o caminho da transcendência é entregar-se ao comando do próprio Universo, confiar nos cuidados da Mãe Divina e obedecer ao Pai da Vida sem hesitar, confiando plenamente na Inteligência Universal. Em outras palavras, é preciso soltar o controle e agir através do não agir (Wu Wei).
Os pensamentos são provocados pelo corpo emocional, processados pela mente e sentidos no físico, portanto, devem ser tratados apenas como uma descarga. Não devemos nos perder em identificações desnecessárias com esse material, pois são apenas detritos energéticos.
Não existem grandes pensadores, mas sim grandes sábios, e o "saber" não deve ser confundido com as crenças que moldam nosso intelecto.
O conhecimento é um amontoado de crenças que se acumulam, criando um peso intelectual que, em algum momento, precisa ser aliviado. Aquele que verdadeiramente sabe não precisa se apoiar em conceitos ou regras, não precisa racionalizar tudo, ele simplesmente sabe. Ele compreende que não é necessário racionalizar, apenas perceber e testemunhar o processo.
O pensamento positivo ajuda, ele pode até melhorar as condições de nossa cela, mas não abre as portas da prisão. Continuaremos imersos no Samsara, presos na mente, acreditando em histórias e identificados com um personagem... Nesse sentido, onde está a verdadeira mudança?
Ao longo da história do pensamento humano, desde os primórdios do pensamento socrático-platônico até a Renascença e as inúmeras doutrinas filosóficas, há uma tendência de supervalorizar a razão. O homem tem negligenciado a importância de sentir.
O silêncio continua sendo a ferramenta mais poderosa para a libertação. Enquanto estivermos imersos no barulho da mente, permaneceremos inconscientes de nossa Verdadeira Natureza. O tumulto mental tem o poder de nos manter adormecidos; somente no silêncio seremos capazes de despertar.
Precisamos nos afastar do constante fluxo de pensamentos e encontrar momentos de quietude. É nesse estado de calma que podemos nos conectar com nossa essência mais profunda e experimentar a realidade além das ilusões da mente.
A meditação, por exemplo, é uma prática poderosa para alcançar o silêncio interior. Ao acalmar a mente e transcender os pensamentos, abrimos espaço para a intuição, para uma percepção mais clara da verdade que reside em nós.
No silêncio, encontramos a sabedoria que não pode ser expressa em palavras. É um lugar onde não há necessidade de racionalizar ou analisar incessantemente. É um estado de simples ser, em que somos tocados pela profundidade do nosso ser.
Ao abandonar a busca incessante pelo pensamento positivo e adentrar o silêncio interior, descobrimos uma paz que vai além das flutuações mentais. Nesse espaço, somos livres para experimentar a verdadeira transformação, deixando para trás as limitações do ego e nos abrindo para uma conexão mais profunda com o divino.
Portanto, que possamos encontrar momentos de silêncio em meio ao turbilhão da vida cotidiana. Que possamos nos permitir sentir, ouvir a voz suave de nossa intuição e nos conectar com a essência do nosso ser. É nesse silêncio sagrado que encontramos a liberdade e a verdadeira mudança que tanto buscamos.
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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Paulo Tavarez Conheça meu artigos: Terapeuta Holístico, Palestrante, Psicapômetra, Instrutor de Yoga, Pesquisador, escritor, nada disso me define. Eu sou o que Eu sou! Whatsupp (só para mensagens): 11-94074-1972 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
