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Ártêmis, a deusa Xamânica

Atualizado dia 22/05/2006 15:57:02 em Autoconhecimento
por Mani Álvarez


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Junto com Atena, Ártemis forma uma parceria forte. É que ambas são deusas que prezam acima de tudo a independência, a autonomia, o espírito de liberdade. No mito, nenhuma das duas quis se casar. Preferiram ser amigas e companheiras dos homens e guerreiros com os quais se relacionavam. Ártemis não quis ser mãe, mas é ainda hoje na Grécia considerada protetora dos partos.

É raro encontrar uma mulher com o arquétipo de Ártemis vivendo em nosso agitado mundo urbano. Isto porque seu habitat natural é o mato, o campo, a natureza agreste, os animais. Ártemis é um pouco “bicho-do-mato” com sua informalidade, seu desprezo pela etiqueta e pelas regras sociais, além de seu quase desleixo para com suas roupas. Ela é abastecida pela energia física, não pelo intelecto como Atena ou pela sensualidade como Afrodite. As mulheres regidas pela deusa Ártemis são aquelas que realmente pegam no pesado, que enfrentam qualquer desafio, não têm medo de nada e não aceitam de maneira alguma qualquer tipo de submissão.

Ártemis é uma deusa que descende diretamente da Grande Mãe da antiguidade. Os gregos a adotaram como deusa dos poderes animais, mas ela já era cultuada desde um período muito primitivo, o chamado paleolítico (-30.000 anos), pelos antigos povos nômades da terra. Esses povos mantinham uma relação muito próxima, quase mística, com os animais selvagens que caçavam. Ártemis expressava essa identificação sagrada com os poderes animais e por isso era representada cercada por feras selvagens. Seu culto e rituais é considerado um dos mais sanguinários na história das religiões da antiguidade. Não pela crueldade, mas porque eram comuns os sacrifícios de sangue. Era uma das deusas mais temidas na época da Grécia clássica.

Ainda hoje, a energia intensa de uma mulher-Ártemis também assusta, porque há algo instintivamente selvagem em suas atitudes. Sexualmente ela é uma leoa em intensidade. Quando mãe, trata os filhos como bichinhos que devem aprender a se virar sozinhos. Outra coisa que causa espanto é o seu conhecimento inconsciente do poder das ervas medicinais e dos segredos das plantas, o que a transforma numa verdadeira “xamã” ou curandeira inata. Hoje em dia, com a criação de comunidades e parques ecológicos, as mulheres-Ártemis começam a ter um espaço de reconhecimento em nossa cultura excessivamente urbana e mental. A preocupação com a ecologia está abrindo espaço para o seu saber inato. Nossa época está testemunhando um verdadeiro despertar para a energia do espírito da terra e com isso, a arte da antiga religião de Ártemis (ou Diana para os romanos) está emergindo de forma consciente, equilibrada e vivificante.

Ártemis é uma energia tão forte que geralmente provoca, nas mulheres a quem rege, uma vida de grande solidão. O sistema patriarcal não conseguiu lidar bem com essa energia primitiva por causa de sua grande autonomia, independência emocional e auto-confiança absoluta. Por isso a transformou numa “bruxa” na Idade Média e foi uma das primeiras a serem queimadas nas fogueiras da Inquisição. No fundo eram todas politicamente inofensivas, mas representavam um foco de resistência à submissão feminina imposta pela Igreja e seus dogmas.

É justamente desse espírito de autonomia que decorre sua tendência celibatária. Seu verdadeiro relacionamento é consigo mesma. Mas quando ama, uma mulher-Ártemis pode assustar o parceiro, porque sua paixão é feroz e selvagem. O segredo de sua sexualidade está na identificação instintiva que tem com a natureza animal. As Amazonas gregas (e as brasileiras) são a representação mais pura da existência dessa natureza instintiva na mulher. Os homens a temem - e as mulheres também. No entanto, é a deusa que mais se aproxima da primitiva Grande Mãe.

Ártemis representa um arquétipo necessário atualmente. Ele precisa vir à tona e encontrar um meio de se estabelecer em nossa cultura ocidental, caso contrário corremos um sério risco de ver a natureza e o planeta continuar a ser devastado como vem sendo. Uma mulher que reconheça em si a presença desse arquétipo deve procurar equilibrar sua energia feroz com a racionalidade e a sociabilidade da deusa Atena, e buscar a amabilidade e a ternura de Deméter. Além disso, deve tentar desenvolver e socializar a sua sabedoria inata em relação aos poderes da terra, das plantas e dos animais, pois esse saber pode ser necessário para a salvação de nossa cultura no planeta. Para isso é preciso vencer sua natureza isolada e tentar aprender a viver em sociedade, pois Ártemis, cada vez mais, torna-se uma necessidade para a perpetuação da vida humana.

Mani Alvarez
Psicanalista de orientação transpessoal e co-criadora da Oficina das Deusas

Texto revisado por Cris

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