As pessoas só refletem o que tem dentro de você

Dia desses minha irmã encontrou um velho conhecido da família. Quando ele perguntou: “e sua irmã, como está?”, ela respondeu: “ela se casou e foi morar na Suíça”. Indignada, falei: “eu não casei e vim morar na Suíça! Eu vim pra Suíça, e depois casei!”

Não, não é questão de semântica. A questão é que ela dizer que eu vim pra cá “porque” casei tira todo o mérito da minha conquista: a coragem de vir pra cá sem saber o que estava me esperando, deixar um emprego de 8 anos pra trás, viver por três anos sem certezas, escolher estudar uma coisa que cada vez que você diz o que é, recebe um olhar de estranhamento, como se você tivesse estudado na escola do Harry Potter.

Resumido assim, em um parágrafo, não parece muita coisa. Vivido, foi sim um grande acontecimento, com grandes aprendizados. E eu quero cada minuto dele reconhecido. A questão é: será que eu mesma o valorizo e reconheço?

Se nossas interações (e também as iterações) são um espelho do que há dentro de nós, o que essa situação diz a respeito de como eu encaro as minhas conquistas pessoais?

Ter estudado Antroposofia na melhor escola do mundo, no lugar onde viveu o criador desta filosofia, deveria ser colocado em letras garrafais no meu currículo. Significa que eu penso fora da caixa, sou criativa, falo outro idioma, sou ousada, experienciei outras culturas e de quebra ainda aprendi sobre filosofia, agricultura biodinâmica, pedagogia Waldorf, terapia biográfica e sim, esoterismo. E se quando falo sobre isto eu recebo um olhar estranho, é porque só agora, enquanto escrevo este texto, me dei conta disto.

Se eu falo “esoterismo” e as pessoas limpam a garganta, é porque eu mesma não me apropriei da minha missão como curandeira. Você pode me chamar de terapeuta holística ou de terapeuta energética, mas a verdade é que eu sou, cu-ran-dei-ra. Escuto isso desde muito nova: “você tem o dom de benzer”. E por que fiquei tanto tempo por aí, sofrendo em busca de um “propósito” que estava bem na minha frente?

Uma sábia amiga me disse: “existem vários tipos de inteligência. Por que você acha que a inteligência espiritual tem um valor menor que qualquer outra?”

Valorizar a minha história e os meus dons, é usar (e honrar!) esta inteligência como meu ponto forte.

Me apropriar da minha história é também ser grata pelas condições em que vivo: eu vivo bem, e não deveria ter vergonha de falar isto. E muito menos deveria boicotar isto. Na verdade eu deveria GRITAR de alegria cada vez que eu abro a janela e vejo esse lago. Eu vivo assim porque eu sempre tive claro que era assim que queria viver. Eu deveria postar mais fotos, compartilhar esta benção com o mundo, e quando alguem diz: “você merece”, responder: “obrigada, é verdade!”

E, por fim, valorizar esta história é reconhecer o meu poder pessoal. O meu poder como co-criadora da minha realidade, o meu poder de me adaptar à diferentes situações e superar obstáculos, o meu poder de ser um canal de cura, o meu poder de atrair o que eu preciso pra minha felicidade, crescimento, conforto e, me reconhecendo fonte deste poder, confiar que vou lidar com qualquer coisa que vier no meu caminho?—?com ou sem marido na equação.

 

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