As várias maneiras de rezar
Atualizado dia 12/8/2008 1:33:58 PM em Autoconhecimentopor Ramy Shanaytá
Observando as características que reúnem os seres humanos em uma localização específica podemos estudar, e até investigar, as causas que possibilitaram a criação de aldeias, vilas e agrupamentos, dentre elas a condição favorável de vida apresentada pelo espaço geográfico, dentre outros fatores.
A imensa quantidade étnica também é visível, mas acaba não sendo reconhecida e respeitada e a ignorância em relação à diversidade é absurda produzindo as guerras políticas e religiosas.
O descaso aos direitos humanos, à sustentação da paz mundial e da relação amistosa entre povos e nações nasce também dessa ignorância, fazendo com que existam idéias, atitudes e crenças intocáveis, formando o absolutismo e o determinismo.
O universo da reza
Neste paradigma encontram-se as várias maneiras de rezar, como os diversos grupos étnicos expressam seu jeito de entrar em contato com seu eu interno e com o Sagrado.
Podemos citar algumas:
- Um Monge com vivências em práticas meditativas.
- Um Padre diante do altar Católico.
- Um Protestante ajoelhado em súplica e louvação.
- Um Muçulmano em reverência.
- Um Espírita junto ao evangelho.
- Um Umbandista diante de seu altar.
- Um Sacerdote de Candomblé durante uma oferenda.
- Um Índio ao redor de uma árvore.
E todas esaas várias culturas étnicas sabem que a reza, ou a oração, é algo que nasce de dentro que os liga com o espiritual.
Quando o ser realiza a verdadeira reza, a oração que expressa a sua essência, ela é motivadora de amor, paz, dignidade e seu propósito é a continuidade da vida e a busca de equilíbrio.
A conversa que vem de dentro de nós, pensamentos e sentimentos voltados a nos reunir com o sagrado da vida, o pedido de paz em nossos corações, o auxílio espiritual para a melhor decisão, o auxílio a uma pessoa que se encontra passando por uma fase difícil... tudo isso é rezar.
Yurukussu é a reza na tradição Tubakwaassu.
Aprendi que rezar é um movimento muito além do ato de repetir palavras padronizadas ou expressar “ladainhas”. Esse movimento começa de dentro e produz um alinhamento com a essência. Quando ocorre a reza, acontece a manifestação do eixo espírito-energia-mente-emoção-corpo físico.
Rezamos com os olhos, quando observamos a natureza.
Rezamos com o nariz, quando respiramos o perfume de uma erva.
Rezamos com o aparelho digestivo, quando ingerimos um alimento.
Isso porque tudo é sagrado, tudo é espiritual manifestado.
Não há diferença entre rezar e viver. Pedimos, sentimos e expressamos em reza.
Rezamos para que a situação mais lúcida e clara ocorra, já que eu entendo que nosso estado limitado de conceber a justiça e até o que é realmente positivo não nos dá o direito de sermos os donos da verdade absoluta.
Rezar, além de pedir, é entregar-se ao fluir da vida, é ouvir, sentir e amar. Rezamos acompanhando os movimentos naturais e aprendendo como nos sintonizar com os ciclos da vida e as manifestações da natureza.
Quantas pessoas só se lembram de rezar quando estão em situações difíceis, passando por crises ou doenças? E tantas outras que nem sequer rezam por se acharem apenas vítimas das situações, culpando tudo e todos?
Muitos entendem que para rezar é necessário apenas acreditar em algo ou em uma divindade superior.
Além de qualquer sentido e definição que possamos dar à fé, rezar é um caminho de desenvolvimento da nossa maturidade em relação à nossa consciência e de produção do discernimento em nossa existência, o que irá materializar os movimentos que realizaremos em nossa caminhada vivencial.
Ser reza é um sentido mais preenchido do que estar rezando. Aprendi que ter fé é diferente de ser; já que não tenho nada, nada é meu, porém sou com tudo. Sou com a vida física, sou com a reza, sou com a vida espiritual, sou com o Brasil, sou com a saúde e sou com a doença.
Reze muito quando estiver doente. Reze muito quando estiver sadio.
E nessa reza, escrita em folhas de papel e impressa nos fios entrecruzados que tecem a vida, vou silenciando devagarzinho as mensagens para rezar em silêncio reunido com meu cachimbo que sei que é Sagrado. Dentro dele coloco minúsculos pedaços de fumo de corda e vou rezando pedindo para que nós, seres humanos, possamos ir rumo à melhoria de todas as nossas escolhas.
Com amor,
Ramy Shanaytá
Parte do texto foi extraído do livro de Ramy Shanaytá “Ará Poã – A Luz da Cura”, Editora KVT.
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Texto revisado por Cris
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Ramy Shanaytá é co-fundador do Instituto KVT (fundado em 1995) e da Instituição Filantrópica e Cultural Templo Ará Tembayê Tayê da tradição Tubakwaassu, Editora KVT e KVT – Desenvolvimento da consciência empresarial, Escritor, conferencista, professor e pesquisador de plantas medicinais. Outro site: http://www.kvt.org.br E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |