Atiraram a primeira pedra
Autor Paulo Tavares de Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/20/2015 10:30:54 AM
Dizem que a civilização ocidental é judaica-cristã, pois eu acredito que ela é muito mais judaica do que cristã. Agimos e nos comportamos muito mais como os fariseus de outrora do que como cristãos. Os Judeus queriam apedrejar a adultera, mas cristo os convidou a refletirem.
Será que não está faltando um pouco de reflexão nos dias de hoje? Será que podemos continuar julgando, condenando e apedrejando as pessoas, como fizeram com a menia K. de 11 anos que recebeu um pedrada ao sair de uma festa religiosa de Candomblé em companhia de sua avó?
Jesus foi o maior exemplo de ativista pelos direitos humanos, pois combateu as tradições e preconceitos arraigados naquele povo que se orientava pela disciplina e intolerância.
Religiões que dão muito ênfase ao velho testamento, talvez não tenham percebido, que esses livros precedem a boa nova trazida pelo messias esperado. São livros que contam a história de um povo que combatia o mal com o mal e acreditavam no dente por dente, olho por olho. Trata-se, portanto, de escritos carregados com narrativas violentas, de um Deus que insuflava invasões e matanças, de verdadeiros extermínios ocorridos no fio da espada, enfim, são livros que contam a história de um povo que não conhecia ainda os preceitos do amor ao próximo, do perdão, da aceitação e da humildade; essa boa nova só pode ser encontrada a partir do Novo Testamento. Então por que algumas religiões se orientam tanto pelos preceitos mosaicos?
Sabem porque? Porque somos muitos mais judaicos ainda do que cristãos.
Não estamos, suficientemente maduros, para subir esse degrau. Infelizmente continuamos no mesmo estágio, cheios de preconceitos e escravos de crenças e valores. Julgando, segregando, agindo de forma fundamentalista e presos ainda à letra que mata sem buscar o verdadeiro sentido daquilo que estamos lendo.
A triste verdade é que somos todos preconceituosos, pois a mente humana cria conceitos para tudo e opera de acordo com aquilo que estruturou de forma programática, por exemplo: quando somos apresentados a um médico, a forma como reagimos e nos comportamos diante desse novo conhecido é de respeito e admiração, em contrapartida, diante de um morador de rua, nossa reação é absolutamente diferente. Sabem por que? Por que todos esses conceitos já estão prontos dentro da gente, temos uma resposta emocional para cada situação, de acordo com aquilo que pré estabelecemos, de acordo com os nossos pré conceitos.
Uma criança não faz esse tipo de distinção, para ela todos são iguais, ela não pensa à respeito da pessoa com quem se relaciona, apenas sente, tanto faz se for um médico, um delegado de polícia, um pedreiro, isso não importa para ela. Se for uma pessoa boa ela percebe se for uma pessoa má ela também percebe.
Por isso Jesus ensina que o Reino dos Céus pertence a quem se assemelha a elas, pois as crianças não têm preconceitos, não julgam, não tentam modificar as pessoas ou defendem seus posicionamentos de forma agressiva.
Não sabemos se foram evangélicos, católicos ou apenas arruaceiros que atiraram a pedra que feriu a menina no Rio de janeiro, o que sabemos é que são pessoas pobres de espírito, presas em condicionamentos ultrapassados, incapazes de olhar além dos limites impostos por suas crenças.
Infelizmente estamos na Idade das Religiões, como outrora estivemos na Idade das Pedras. No futura, quiçá, possamos estar vivendo a Idade da Consciência, onde os imperativos da mente humana não se imponham tanto sobre a sua natureza divina.
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