Caminhar no escuro...
Atualizado dia 23/08/2021 00:23:45 em Autoconhecimentopor Ana Carolina Reis
Não sabia se era tanto filme de terror que eu alugava das locadoras, na década de 90, ou se realmente eu sentia "algo" que me assustava e não sabia bem o quê.
Esses "bichos" (como a minha filha de 2 anos chama hoje) e fantasmas, nada mais eram do que projeções do meu medo de avançar no desconhecido, literalmente.
Esse medo, em especial, me persegue até hoje. Não o dos "bichos e fantasmas" mas de caminhar sem saber aonde vai dar.
Vem aquela voz baixinha da consciência e diz: "faz isso, vem por aqui"... E eu apenas sigo, com medo, mas, mais medo ainda de não seguir e cair no precipício! Como se estivesse dirigindo em um dia nublado com cerração intensa onde eu só consigo enxergar a linha que divide a estrada, com os carros vindo do outro lado e sem acostamento (só quem já viveu essa situação sabe a dimensão disso!)
Pois, então, seguir nessa estrada da vida enfrentando o medo do desconhecido é um medo real que afronta muitas pessoas, pelo mundo afora. Alguns dizem não sentir esse medo, porque na verdade nem estão dirigindo e não estão nem aí para a tal voz, é o tipo: "eu acho que estou acordado, mas na verdade ainda estou dormindo". Isso a gente só se dá conta quando começa a acordar um pouquinho e sai de um estado de arrogância para um pouco mais de humildade.
Na sequência, adotamos o padrão de "meu mestre mandou". Encontramos um mestre (encarnado ou não) o que é ótimo também, pois como aprendi em um hino devocional do Lúcio Mortmer: "nessa estrada tem passagem dura, tem momentos como noite escura, mas na frente sempre a guiar, tem a luz para quem alcançar".
Então, simbora seguir o mestre, com amor e alegria no coração!
Mas o verdadeiro mestre ensina o discípulo a voar e uma hora ele diz: "voa passarinho, tua hora chegou!" E pode, literalmente, lhe jogar abismo abaixo, para que você passe pela "noite escura da alma" e encontre seu verdadeiro mestre interno, aquela voz adormecida que estava presente lá desde o início da viagem.
Nesse momento, não há como dormir de novo. Embora, a gente tente se fazer de surdo, de sonso, de "sei não, isso não é pra mim... Quem sou eu? Uma reles mortal! Deve ser o ego se fingindo de eu superior, porque eu não sou nada mesmo, que valor eu tenho para algo tão grandioso?" E falamos todo esse discurso com uma falsa humildade, como se quiséssemos fugir da responsabilidade e disciplina inerentes que é aceitar uma missão, muitas vezes programada antes mesmo da sua encarnação! Aff, que responsa!
Parece algo tão gigantesco que o medo assola e lhe faz pequeno. E esse medo, específico, aprendi ser bom, pois nos torna verdadeiramente humildes e prudentes para não cair novamente no abismo da arrogância e voltar à roda de samsara. Ou seja, a evolução é eterna e infinita, não tem começo nem fim. Porque esse processo acontece em upgrades energéticos e quando você pensa que "chegou" há ainda mais um degrau a ser trilhado.
E assim, subindo a "Escada de Jacó" vamos rumando ao nosso ser divino, ao nosso eu-Deus, à comunhão tão prometida em tantos caminhos espirituais.
E agora, como trazer isso tudo para a terra sem se perder? Sem ficar se achando, integrando essa sabedoria em todos os corpos: físico, emocional, mental e espiritual?
Com isso, não digo que cheguei lá (ou aqui), apenas compartilho um vislumbre de quem visitou o Google Maps e olhou a cidade de cima, mas que obviamente não dominou todas as "estradas" da cidade, todos os ensinamentos intrínsecos à vivência terrena.
Viver é um eterno processo de autoconhecimento. Podemos andar como sonâmbulos, semiacordados ou completamente despertos. De que modo você se move em sua vida? Com um olho aberto e outro fechado? Dorme não querendo acordar nunca mais? Ou não dorme com medo de voltar a dormir? Há tantas nuances tênues nesse caminhar! Sutilezas e subjetividades... Não há uma verdade única, graças a Deus!
Há apenas um "caminho reto e estreito" que leva à realização e integração da unidade.
Fora disso, realmente não há salvação, pois na unidade fomos criados, existimos e nos movemos. Só há Um! Despertar para essa essência divina deveria ser o alento da nossa vida, do despertar ao dormir.
Cada pessoa ou trabalho que surgisse em nosso caminho, ao longo do dia, poderia ser encarado como um "video-game", no qual tenho um objetivo a alcançar. Os "chefões" de cada fase são os elementos negativos que tenho que dominar. Eis aí os verdadeiros "fantasmas e bichos": a inveja, a luxúria, o ódio, o egoísmo, a ganância, o desejo pelo poder e fama, e por aí vai...
Vai, vai... Como um rio, um dia, encontra o mar.
Um dia, vamos também lá chegar (ou aqui!).
Ana
@aurorapachamama
Texto Revisado
Avaliação: 5 | Votos: 70
Conteúdo desenvolvido por: Ana Carolina Reis Responsável pelo Espaço Aurora Pachamama. Graduada em Psicologia, pela UFCSPA. Especializanda, pelo CEFI. Terapeuta de Práticas Integrativas (CRTH-BR 6400 ABRATH). Mestre em Seichim e Reiki (Diversos Sistemas). Cristaloterapeuta pela "The Crystal Academy of Advanced Healing Arts". Autora dos livros: "Xô, depressão!" e "A Sabedoria dos Cristais". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |