Caminhos que levam ao perdão
Atualizado dia 11/16/2024 9:01:55 PM em Autoconhecimentopor Patrícia Marques Barros
Os caminhos que levam ao perdão são tortuosos, sem dúvida. Talvez estejamos falando de uma espiral. Aos poucos aprendemos a lidar com a raiva, com a mágoa e o amor, a compaixão, a serenidade se tornam mais profundos. Não é um caminho fácil, mas é o único caminho para aqueles que desejam conquistar a paz, a felicidade. Pergunto a mim mesma: quem sou eu para escrever sobre o perdão? É claro que sou imperfeita, não cheguei nem ao menos perto de perdoar a mim mesma e a outras pessoas. Mas aprendi um pouco, com a ajuda de uma terapeuta maravilhosa e - quem sabe? - de mentores espirituais. Talvez o meu próprio eu superior tenha me orientado em certas ocasiões... Mas isso não é importante. O que importa é que quero compartilhar o que aprendi.
Em primeiro lugar, o perdão não implica em conviver com alguém que nos fez mal. Temos o direito de buscar relacionamentos saudáveis.
O perdão não beneficia apenas aquele que é perdoado, mas principalmente aquele que perdoa. A raiva, a mágoa são venenos. A leveza de espírito, a paz são preciosos.
Em certos casos a palavra "perdão" pode parecer descabida, levando em consideração a gravidade do que aconteceu. Talvez a expressão "liberar sentimentos negativos" possa ser adotada com menos resistência.
Segundo alguns autores, basta ter a intenção de perdoar e o Universo nos ajuda a trilhar o caminho do perdão. Isso parece simplista, mas ao que parece a Graça desempenha um importante papel na evolução de cada um de nós.
No livro "O herói interior", Carol S. Pearson menciona o mito do paraíso perdido. De fato, perdemos o paraíso quando a inocência se vai e percebemos a realidade mais claramente. Como reconquistar este estado de serenidade, alegria e confiança na vida? Procurando perceber a beleza, a perfeição, o amor ao nosso redor. Assim também podemos chegar mais perto de Deus.
Penso que o primeiro passo é o autoperdão. Se não nos perdoamos, como podemos perdoar outras pessoas? Fica mais fácil perdoarmos a nós mesmos se percebemos que só aprendemos com a experiência e muitas vezes é necessário repetir a mesma experiência várias vezes para aprendermos determinada lição. Não é o suficiente conhecer as experiências de outras pessoas, precisamos passar por determinadas situações para evoluir.
Sim, devemos lembrar dos erros que cometemos com serenidade. Somos humanos, imperfeitos... O importante é a jornada, não que a viagem seja perfeita. Isto é impossível! Não dá para "pular etapas". Um passo, um tropeço, uma lição de cada vez. O que realmente importa é aprender com os erros. Espíritas dizem que algumas das frases mais escutadas nas colônias espirituais são: "Como me arrependo! Se eu pudesse voltar no tempo e agir de maneira diferente..." E os espíritos amigos respondem: "Tu terás novas oportunidades!" Sempre haverá novas oportunidades para nos aperfeiçoarmos na arte de amar!
O auto-perdão de fato é um elemento essencial para perdoarmos outras pessoas. Jesus nos ensinou: "Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?" (Mateus 7:3) Ter consciência de somos imperfeitos e nos perdoarmos faz com que seja mais fácil perdoar outras pessoas.
Perdoar outras pessoas também não é uma tarefa simples, mas trilhar este caminho se torna mais fácil se nos libertamos das nossas expectativas e os percebemos como seres iguais a nós, imperfeitos, em evolução. E, como ensina o Dalai Lama, a negatividade sempre tem origem em fatos pretéritos e é difícil precisar a sua origem. Ao refletir sobre estas questões estaremos retirando o "véu de fantasia" que encobre a realidade. Este é o primeiro passo: perceber a realidade sem negar os seus aspectos negativos. E o segundo passo neste caminho é aceitar a vida e as pessoas como são. Então se torna possível reconquistar a paz, a felicidade, o paraíso perdido. E qual o segredo para chegar lá? O amor é a resposta! Quando eu tive este "insight" me senti muito bem, durante alguns momentos achei que tinha realmente reconquistado o paraíso perdido há muito tempo. Senti amor e compaixão por todas as pessoas de quem me lembrei... Claro, pois as pessoas que me magoaram também estavam, talvez ainda estejam feridas... De fato, pessoas feridas acabam ferindo outras. E problemas psicológicos ou psiquiátricos são tão comuns, isso também deve ser levado em consideração. Faz sentido ter sentimentos de raiva, mágoa em relação a alguém que está doente? Estas reflexões leva à compaixão... Isso é muito precioso!
Mais um motivo para perdoar: os outros são espelhos. Nós atraímos pessoas que nos fazem ver o que existe no mais íntimo de nossas almas. Um exemplo: se eu sou implacável comigo mesma(o), como posso esperar atitudes diferentes de outra pessoa? "Ninguém é vosso amigo, ninguém é vosso inimigo, todos são vossos instrutores". (Trecho do livro "Alegria e Triunfo") Há uma linda oração budista que fala sobre a gratidão àqueles que nos magoaram, que são nossos mestres (Oito versos sobre o treinamento da mente - Langri Thangpa https://chagdud.com.br/wp-content/uploads/oito_versos_treinamento_mente.pdf) . E quanto aos amores imperfeitos? Amores imperfeitos não deixam de ser... amor. É importante, além de perdoar, ser gratos por tudo de bom que recebemos.
Também é importante lembrar que não somos vítimas, somos responsáveis por tudo o que acontece em nossas vidas. Nossas almas precisaram passar por determinadas experiências, que foram essenciais para a nossa evolução, e não há nada de errado nisso. Neste ponto é necessário relembrar a importância do autoperdão. Teresa Cristina Pascotto tratou deste tema no seu artigo "Você se sente usado e enganado?" (https://www.somostodosum.com.br/clube/c.asp?id=36734).
Uma última observação: muitas vezes nós nos magoamos e o ego está envolvido. Alguém nos ofendeu, nos humilhou... Nós nos sentimos rejeitados... É verdade que nós, pessoas comuns, ainda não nos livramos do ego. Mas se conseguirmos ter "um pouco menos de ego" e mais amor no coração já é um grande avanço, não é mesmo? Li em algum lugar que nós passamos metade de nossas vidas construido um ego saudável e a outra metade tentando nos livrar dele. Afinal o ego traz tantos problemas, não é verdade? Vários mestres espirituais recomendam a libertação do ego, mas se nós conquistarmos uma autoestima saudável já é um grande passo. E como poderíamos definir o que é uma autoestima saudável? Talvez a resposta seja: não nos considerarmos melhores nem piores do que ninguém. Afinal, somos todos irmãos, somos todos Centelhas Divinas, somos semelhantes aos olhos do Criador. E cada um de nós é único, não faz sentido nos compararmos com outras pessoas. Uma afirmação que expressa o que seria uma autoestima saudável é: "sou pequena(o), sou um ser humano falível, mas sou grande em Deus". Afinal, a autoestima saudável inclui a humildade, não é mesmo? Outra ótima afirmação para alimentar a autoestima: "A Existência me ama!"
Para lidar com a rejeição, ofensas ou humilhações também é importante lembrar que cada um de nós vê os outros através de suas "lentes mentais". E estas "lentes mentais" são falhas, limitadas... Então se alguém tem uma opinião negativa a meu respeito isso não é necessariamente verdade. E é claro que, apesar do pensem ou falem sobre mim, eu tenho valor. Ninguém tem o poder de me validar.
Perdoar também inclui o processo de fortalecimento interior, que nos leva à sensação de que estamos acima e além do que nos aconteceu, pois não somos mais os mesmos. Assim é possível deixar o passado no passado.
Também é importante não nos identificarmos com o que o que nos aconteceu. Eu Sou a minha Essência e o que há de mais precioso, mais elevado em mim não é atingido por aquilo que outras pessoas tenham feito. Como observou o filósofo Jean Paul Sartre, "Não importa o que fizeram com você, o que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você". A frase "não importa o que fizeram com você" pode soar insensível. É claro que ninguém merece ser ferido e os sentimentos de quem sofre devem ser validados, mas algo deve ser feito para que a pessoa magoada não fique aprisionada por sentimentos negativos.
Enxergar a nós mesmos e aos outros através dos olhos da Centelha Divina que existe em todos nós pode não ser simples ou fácil, mas é possível. Um pouco menos de ego, um pouco mais de amor. Como já observei anteriormente, talvez a evolução espiritual aconteça em espiral.
Apesar de todas estas reflexões acho que ainda não alcancei plenamente o perdão, a paz de espírito. Acho que preciso me esforçar mais, muito mais. Quem disse que o caminho do amor e do perdão não demanda trabalho?
Avaliação: 5 | Votos: 1
Conteúdo desenvolvido por: Patrícia Marques Barros Visite o Site do autor e leia mais artigos.. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |