COLOQUE-SE EM MEU LUGAR!...



Autor Christina Nunes
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/19/2008 6:05:50 PM
Caros,
Eis o porque de todo julgamento ser, em princípio, demonstração de profundo desconhecimento das leis maiores que regem a Vida.
Qualquer julgamento baseia-se numa visão unilateral, que não leva em consideração o contexto do ponto de vista do objeto das nossas opiniões. Assim, sempre cabe a qualquer tempo o alerta "coloque-se em meu lugar", ou, noutros termos, o conhecido "retire a trave do teu olho para que possa enxergar melhor e, só então, ter condições para tirar a minha".
Coloquemo-nos, portanto, num ensaio de imaginação, nem que apenas por poucos segundos, no lugar daqueles aos quais imputamos julgamento implacável pelos equívocos crassos da ignorância e do erro - e talvez que entenderemos, na aridez da sua trajetória até então, a fonte destes equívocos!
Olhemos para os nossos filhos bem criados desde cedo de dentro dos benefícios do aconchego do amor, da compreensão, e do reconforto de um lar - e então perguntemo-nos das origens dos males provenientes das almas áridas de afeto e de humanidade, quase sempre enraizados na mais completa isenção, no repertório de suas jornadas, do importante aparato da afetividade e do lume do esclarecimento na solidez vigorosa dos esteios familiares, desde a alvorada dos seus primeiros passos em mais uma trajetória terrena.
Apontemos crimes bárbaros e atos hediondos, atitudes despidas do mais leve indício do que se entende como a base reta do caráter, da moral e das atitudes pautadas em honra e nos bons costumes - e confiramos de nós para nós mesmos se nossos próprios caminhos seriam fáceis, se porventura nascessemos nos berços desguarnecidos das sociedades, despojados do comezinho de calor humano que nos facultasse a convicção de que fomos acolhidos num mundo seguro, como filhos amados e desejados em um lar bem estruturado, e como cidadãos dignos de respeito e de condições de vida adequadas, bem como de oportunidades justas e favoráveis.
Há os que aleguem a invalidade de tais assertivas argumentando que muitos dos desfavorecidos da sorte não reagem de maneira negativa aos aparentes reveses de que são portadores desde o berço humilde, pautando suas atitudes na tranquilidade de uma consciência limpa e do dever bem cumprido. Mas eu vos digo, amigos, da sutil existência, num tal argumento, de um subterfúgio, que lhes venha justificar o impulso do julgamento impiedoso e irrefletido - pois não há como se julgar por padrões a totalidade das reações humanas sem se incorrer em erros graves.
Indivíduos são universos distintos; portam histórico evolutivo único e intransferível, e, em decorrência, peculiaridades responsivas também exclusivas, como resultado da trajetória inimitável que, sozinhos, sem paralelo possível, percorrem, e de cujos meandros insuspeitados conhecem deles apenas Deus, e as suas consciências.
Assim, como para tudo no Universo se impõe esta Lei, válida e soberana.
Se reclamas das limitações dos teus irmãos de jornada no mundo, repara se também vós mesmos não contribuis de alguma forma limitadora para que não prevaleça a harmonia, o bem estar e a concórdia.
Apontas o pedestre que, imprudente, atravessa apressado em local impróprio diante do trânsito intenso. Mas repara se também tu não contribuis de algum modo para o desleixo generalizado deste mesmo trânsito nas ruas tumultuadas dos grandes centros urbanos, no momento em que, supondo-se despercebido, avanças por questão de segundos insignificantes um sinal fechado que impede o pedestre na sua travessia a tempo, impacientando-o e empurrando-o a arranjos indevidos que lhe atendam, a seu turno, na correria de suas urgências.
Protestas com ardor contra a cidade maltratada, sem os atrativos dos jardins bem cuidados e entregue a regiões incultas com a presença desordenada do lixo, da desordem e da sujeira ameaçadora da salubridade urbana. Todavia, repara se não és também o que distraidamente contribuí para a poluição ambiente no momento em que atiras a esmo o diminuto papel de bala através da janela do coletivo, ou quando inventas pretextos que justifiquem os péssimos hábitos do vandalismo nas pichações das paredes residenciais, ou mesmo quando, nos campos ou nas praias, julgas inofensivo o lixo de consumo abandonado irrefletidamente em areias, campos ou cachoeiras.
Criticas o modo destemperado como o teu vizinho, parente ou colega de trabalho anota impulsivamente acerca do teu comportamento e modo de ser; mas, importando-se com o julgamento alheio, te entregas, por tua vez, à réplica da atitude reprovável, a partir do momento em que te abandonas a lamúrias e apontamentos de injustiças sofridas, esquecido de que a única atitude que te situará acima do que reprovas no teu próximo será o teu exemplo inatacável, na segurança da tua consciência tranqüila e do teu dever social ou profissional bem cumprido - a única garantia de que dispões contra os falsos julgamentos alheios, perante os olhos do mundo e na Onipresença magnânima de Deus.
Em qualquer situação da vida, caríssimos, recordemos a verdade evocada por Jesus na hora máxima do Seu Exemplo para o mundo, rogando a compreensão do Altíssimo para os seus algozes, pois que "não sabiam o que faziam". Pois quem conhece em si mesmo e no seu semelhante, bem como em todas as coisas, as grandes verdades da Vida, não mais se engana. Assim, tenhamos como certo que se, como pais amorosos, compreendemos com facilidade todas as determinantes adversas, componentes de inexperiência e de imaturidade que, conjugados, levam-nos os filhos aos erros necessários aos posteriores acertos, nada obstante sempre dignos do nosso perdão e compreensão infinita, da mesma forma, possuimos a capacidade e as condições para esta mesma tolerância capaz de reconhecer, também no nosso próximo, filhos e irmãos de jornada crescendo - embora em meio a tropeços de maior ou menor gravidade - em ascensão ininterrupta para Deus.
Mensagem psicografada do espírito Caio Fábio Quinto









Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |