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Como entender Richard Bach?

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Autor Paulo Godoy

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/26/2005 7:53:04 PM


Longe é um lugar que não existe
Richard Bach


“RAE! Obrigado por me convidar para a sua festa de aniversário!
Sua casa fica a mil quilômetros da minha e viajo apenas pela melhor das razões...
Uma festa para Rae é a melhor que pode existir e estou ansioso para estar ao seu lado.
Começo a viagem no coração do beija-flor que há tanto tempo eu e você conhecemos.
Ele se mostrou amigo como sempre.
Mas ficou espantado quando lhe disse que a pequena Rae estava crescendo e que eu estava indo à sua festa de aniversário, levando um presente.
Voamos por algum tempo em silêncio, até que finalmente ele disse:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é o fato de estar indo a uma festa.
- Claro que estou indo à festa - respondi. - O que há de tão difícil de se compreender nisso? Ele ficou calado e só voltou a falar quando chegamos à casa da coruja:
- Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se quer estar com Rae, já não está lá?
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente, falei para a coruja.
Estranhei dizer indo depois da conversa com Beija-flor, mas falei assim mesmo para que Coruja compreendesse. Coruja também voou em silêncio por um longo tempo. Era um silêncio amistoso, mas Coruja disse, ao me deixar na casa da águia:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é ter chamado sua amiga de pequena.
- Claro que ele é pequena, porque não é crescida - respondi. - O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Coruja fitou-me com os olhos profundos, cor de âmbar, sorriu e disse.
- Pense a respeito...
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente, falei para a Águia.
Estranhei agora falar indo e pequena, depois das conversas com Beija-flor e Coruja, mas falei assim mesmo para que Águia compreendesse. Voamos juntos sobre as montanhas, subindo nos ventos. E Águia finalmente disse:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é essa palavra aniversário.
- Claro que é aniversário, respondi. - Vamos comemorar a hora em que Rae começou e antes da qual ela não era. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Águia curvou as asas para a descida e foi pousar suavemente sobre a areia do deserto.
- Um tempo antes da vida de Rae começar? Não acha que é mais a vida de Rae que começou antes que o tempo existisse?
- A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente, falei para Gavião.
Estranhei falar indo, pequena e aniversário, depois das conversas com Beija-Flor, Coruja e Águia, mas falei assim mesmo para que Gavião me compreendesse.
O deserto se estendia interminavelmente lá embaixo e Gavião finalmente disse:
- Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é crescendo.
- Claro que ela está crescendo, respondi. - Rae está mais perto de ser adulta, mais um ano longe de ser criança. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Gavião pousou finalmente numa praia deserta.
- Mais um ano longe de ser criança? Isso não me parece a mesma coisa que crescer.
E Gavião alçou vôo e foi embora.
Eu conhecia o bom senso de Gaivota.
Voando juntos, pensei com muito cuidado e escolhi as palavras a fim de que, ao falar, Gaivota soubesse que eu estava aprendendo:
- Gaivota, porque está me levando a voar para ver Rae, quando na verdade sabe que já estou com ela?
Gaivota sobrevoou o mar, as colinas, as ruas, foi pousar suavemente em seu telhado. E disse:
- Porque o importante é você saber a verdade. Até saber, até realmente compreender, só pode demonstrá-la em coisas menores, com ajuda externa, de máquinas, pessoas e pássaros. Mas deve saber que não saber não impede a verdade de ser verdadeira.
E Gaivota se foi.
E agora é chegado o momento de abrir seu presente. Presentes de lata e vidro amassam e quebram num dia, somem para sempre. Mas eu tenho um presente melhor para você.
É um anel para você usar.
Cintila com uma luz especial e não pode ser tirado por ninguém, não pode ser destruído. Somente você, no mundo inteiro, pode ver o anel que lhe dou hoje, como fui o único que pude vê-lo quando era meu.
O anel lhe dá um novo poder.
Usando-o, você pode alçar vôo nas asas de todos os pássaros que voam, pode ver através dos olhos dourados deles, pode tocar o vento que passa por suas penas macias, pode conhecer a alegria de se elevar muito acima do mundo e suas preocupações. Pode permanecer no céu por tanto tempo quanto quiser, através da noite, pelo nascer do sol; e quando sentir vontade de outra vez descer, suas perguntas terão respostas, suas preocupações terão acabado.
Como tudo o que não pode ser tocado com a mão nem visto com os olhos, seu presente se torna mais forte à medida que o usa. A princípio, pode usá-lo apenas quando está fora de casa, contemplando o pássaro com quem você voa.
Mais tarde, porém, se usá-lo bem, vai funcionar com pássaros que não pode ver, até que finalmente acabará descobrindo que não precisa do anel nem de pássaro para voar sozinho acima da quietude das nuvens. E quando esse dia chegar, deve dar seu presente a alguém que saiba que irá usá-lo bem, alguém que possa aprender que as únicas coisas que importam são as feitas de verdade e alegria, não as de lata e vidro.
Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido o que aprendi com os nossos amigos, os pássaros. Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você. Você não é pequena porque já é crescida, brincando entre as suas vidas como todos fazemos, pelo prazer de viver.
Você não tem aniversário porque sempre viveu; nunca nasceu, jamais haverá de morrer. Não é a filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas a companheira de aventura delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são.
Cada presente de um amigo é um desejo por sua felicidade. É o caso deste anel.
Voe livre e feliz além de aniversários e através do sempre. Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejarmos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar.”

Texto revisado por Cris

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