Consciência Hilotrópica Condicionada
Atualizado dia 12/2/2007 9:32:49 PM em Autoconhecimentopor Marcos Spagnuolo Souza
Jostein Gaarder procura explicar os nossos condicionamentos: “Um coelho branco é tirado de dentro de uma cartola. E porque se trata de um coelho muito grande, este truque leva bilhões de anos para acontecer. Todas as crianças nascem bem na ponta dos finos pêlos do coelho. Por isso elas conseguem se encantar com a impossibilidade do número de mágica a que assistem. Mas conforme vão envelhecendo, elas vão se arrastando cada vez mais para o interior da pelagem do coelho. E ficam por lá. Lá embaixo é tão confortável que elas não ousam mais subir até a ponta dos finos pêlos, lá em cima. Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência”. (GAARDER, 1996, pg. 31)
A estrutura hilotrópica condiciona a consciência a uma racionalidade que nos leva a acreditar que o mundo é uma coisa absolutamente normal e evidente levando-nos a dormir para sempre o sono encantado do cotidiano.
Salienta Amit Goswami que podemos ampliar o nosso nível de consciência além da estrutura alfa saltando para fora do sistema, para fora da ordem materialista da realidade. “A consciência deve funcionar fora do mundo matéria, a consciência deve ser transcendente e não local”. (2007, pg.121). “É necessário o salto para fora do sistema para que a consciência veja a si mesma”. (2007, pg. 158) “Para cortar o nó, temos que saltar para fora do sistema e passar para o nível inviolado, para o plano da consciência não-localizada no espaço-tempo”.(2007, pg.223)
A consciência pode ir além do condicionamento da estrutura hilotrópica e a este respeito Goswami salienta: “Aceitar o desconhecido, o inesperado, o imprevisível com abertura para tolerância e diálogo, é perceber subjetivamente o mundo que nos cerca e reagir a ele percebendo o próprio ser humano numa perspectiva integral. É ter consciência que podemos ser corpo, mas também energia, pois, a partícula (matéria) é onda (energia vibratória) e a onda não é diferente da partícula. Somos seres interligados uns aos outros, com o meio ambiente e com o cósmico”. (GOSWAMI, 2007, pg. 274)
Goswami diz: “não podemos forçar saltos usando qualquer manobra condicionada. Por isso, atacamos sistematicamente o condicionamento.” (2007, pg. 274) “Para romper com a existência condicionada precisamos identificar com certa precisão o que está acontecendo em nossa vida diária, reconhecer, talvez dolorosamente, como nosso apego aos hábitos nos manobra”. (2007, pg. 286).
Greene explicando a ampliação da consciência diz: “O alcance do nosso conhecimento nos permitirá, um dia, navegar pelo espaço-tempo e assim nos libertarmos das amarras espaço-temporais às quais estamos presos há milênios”. (2007,pg. 37)
A maior evidência da necessidade de romper o paradigma mecanicista da verdade sensitiva é reconhecermos que o movimento natural de todo o universo é entrópico e não sintrópico. Todo sistema de baixa entropia tenderá sempre a aumentar sua entropia, desorganizar-se caoticamente. O entendimento que temos de desorganização é justamente o crescimento da complexidade estrutural. Quanto maior é o estado de complexidade, tanto maior é a entropia; quanto menos extensa for a complexidade, menor a entropia. O movimento natural de uma estrutura da consciência é aproximar-se do valor máximo de entropia. Através do universo, a energia tende a ser dissipada de tal modo que a energia total utilizável se torna cada vez mais complexa, mais difícil de captar e, consequentemente, podemos salientar que a entropia do universo cresce continuamente. O aumento inevitável da entropia ocorre com todos os sistemas que não são condicionados pelo exterior. A inter-relação da consciência ao somático gera sintropia (organização, condicionamento, ao contrário da entropia).
Diante do exposto a estrutura da consciência possui o impulso natural de ser entrópica, isto é, transcendente, não-local, ser onda de alta complexidade abandonando a emoção de cooperação e rejeição e, finalmente, eliminando a compulsão pela conservação do corpo.
Texto revisado por Cris
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