Construir um mundo novo!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/1/2013 5:09:58 PM
Construir um mundo novo!
Momentos descontraídos, conversas soltas e informais, alguém citou como é melhor viver em outro país. A partir daí, cada um começou a dar sua opinião. Alguém disse que, apesar dos problemas existentes lá fora, países como os da Europa estão em uma civilização de mais de dois mil anos, enquanto o nosso está apenas com pouco mais de quinhentos anos. Outra pessoa disse que as pessoas devem construir, primeiramente, um mundo interior melhor, para depois se preocupar com o mundo exterior.
A partir daí me desliguei da conversa.
Estamos sempre falando sobre o crescimento interior, as várias religiões citam essa necessidade. Nós, psicoterapeutas, temos isso como lema, mas na prática, tão pouco tem sido investido no estímulo ao aprimoramento desse mundo interior...
O mundo em que vivemos é apenas a projeção de nossos "mundos interiores".
Nossas ações, das mais simples às mais ambiciosas, são regidas por esse "mundo interior", vindo de "camadas inconscientes" que nos levam, muitas vezes, a nos surpreendermos com nós mesmos.
Um pouco antes daquele assunto eu ouvia uma senhora me falar de suas angústias. Disse-me ser praticante de uma corrente filosófica que tem como ponto base a meditação, que percebia o quanto tinha ainda que caminhar e que seu progresso estava aquém do seu desejo de evolução. A sua preocupação em melhorar seu "mundo interior" era tão intensa que, mais do que ajudá-la, seu processo a estava atrapalhando. Conseguiu perceber que sua ansiedade frente aos modelos que se colocavam era tanta e eles estavam num patamar tão elevados, que não poderia nunca alcançá-los. Pareceu-me que ela, ao término da conversa, entendeu que um caminho é percorrido passo após passo.
"Construir um mundo novo!".
Sempre que se constrói algo, acontece com uma sucessão de atos, gestos, objetos, enfim, uma seqüência de passos direcionados para um determinado fim. O mundo está sendo construído sim, mas para que fim?
Pelo caos reinante, insatisfações, conflitos, agressões, podemos ver como estão nossos mundos interiores. Olhemos o menor mundo externo constituído: a família. Ela encontra-se abalada e em processo de desagregação. Se considerarmos apenas dois "mundos internos", só dois, eles não estão conseguindo se estabelecer ou se manter harmonizados. Suas bases são frágeis, pois qualquer coisa abala a relação a ponto de interrompê-la. Como esses dois "mundos internos" se manifestaram em suas procuras?
Uma outra pessoa, em outra situação disse-me: "Sabe que eu adoro ler, pois acabo vendo situações semelhantes e já conhecidas, mas que me fazem bem, me ajudam a gravar melhor?". A repetição do óbvio faz com que ele vá se firmando dentro de cada um.
Tudo o que é colocado para dentro do nosso mundo tem que encontrar seu lugar lá. Caso contrário ficará no meio do caminho, atrapalhando, ou será despejado sem maior análise de sua utilidade. Quantas coisas que nos são ditas acabam descartadas sem que tenhamos realmente avaliado seu significado, apenas porque não paramos para refletir!
Muitos tentam acomodar as "novas aquisições" sobrepondo-as às velhas. Não é possível, pois estará gerando, no mínimo, mais um "dois pesos e duas medidas", usado conforme o que for mais conveniente na hora. Mas o que se deseja é o mundo da conveniência? Se é, por que só para alguns? E os demais? Nos dias atuais, o poder tem muito pouco a ver com a competência, com o conhecimento, com o domínio da situação referida.
Vamos cuidar de construir um mundo interior novo, mas nos lembrando de que há outros mundos interiores a serem levados em conta. Se isso acontece, ocorrerá o respeito e se o respeito acontece, ocorrerá um mundo muito melhor para todos!
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