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Contos: DIAS MELHORES

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 5/5/2005 10:52:40 AM


As pessoas caminhavam tristes, sombrias e chorosas pela alameda do cemitério. Nuvens cinzentas e algumas folhas caídas prenunciavam o outono. No caixão, o cadáver de Angelina jazia rígido. O médico Danilo Pessoa, viúvo, estava abraçado à filha Raquel, inconformada com a morte da mãe. Foram meses de sofrimento para toda a família. Danilo, em momento algum, abandonou Angelina. Dias e noites de vigília ao lado da esposa, que falecera ainda jovem, com 37 anos.

"Meu Deus, fizemos de tudo. Porque tanto sofrimento? Tanta dor? Ela não merecia isto. Sempre dedicada às suas orações", mastigavam os pensamentos de Danilo, enquanto consolava a filha naquele caminho que parecia eterno.

O outono chegou trazendo dias curtos e tristes para a família Pessoa. Danilo praticamente não vinha para casa. O Hospital Central era o seu refúgio. Trabalhava para esquecer Angelina. Raquel, a filha mais velha, trancou a sua matrícula na faculdade para poder cuidar dos irmãos mais novos: Ana Carolina e José Bento. Agora, ela era a dona da casa e mãe dos órfãos. Todos os seus sonhos teriam que esperar. Quanto a seu pai, compreendia a dor que lacerava seu coração.

O ano correu depressa, como se quisesse apagar a imagem de Angelina daqueles corações doridos. As datas festivas como Páscoa, Dia das Mães, dos Pais, foram de tristes lembranças.

Danilo continuava trabalhando, dia e noite, até à exaustão e certa vez disse a Raquel: "Filha, a perda de tua mãe me marcou muito. Não sei se suportarei a ausência dela. Me perdoe. Mas a morte seria um prêmio para mim". Em lágrimas Raquel pede ao pai que tire estas idéias da cabeça. Que recomece a vida. Afinal, ainda tem a ela e as duas crianças.

Infrutíferos foram os apelos da jovem. A cada dia Danilo definhava, só trabalhava, alimentava-se mau e já apresentava alguns sintomas de doença com uma tosse rouca. O Natal daquele ano não será esquecido pelos filhos de Danilo Pessoa. Faleceu vitima de doença pulmonar, deixando órfãs três crianças.

Passada a missa de sétimo dia Raquel foi procurar o doutor Otávio, clínico geral do Hospital em que seu pai trabalhava. A situação econômica dos remanescentes da família Pessoa não era grave, porém Raquel sabia que teria de trabalhar. E assim, com toda a decisão que o momento exigia arrumou emprego de enfermeira no Hospital e voltou à faculdade.

Em casa, dona Rosa, uma senhora viúva e abandonada pelos filhos cuidava das crianças. Foram anos de privação, sacrifícios e lembranças tristes.

Raquel se dedicava, ao máximo, aos irmãos que cresciam a olhos vistos. Bento já era um rapazinho e Ana Carolina tinha toda a singeleza da mãe falecida.

Estamos no Natal de 2001. Raquel é agora a enfermeira chefe de um grande hospital. Ana Carolina tornou-se uma pianista de renome e Bento cursava o último ano de Direito. Agora moravam em um bairro de classe média alta e a ceia do Natal reuniria poucos amigos: Beatriz, namorada do rapaz, Carolina e seu noivo Xavier, um médico que dava os primeiros passos na engenharia genética, dona Rosa, velhinha e agregada à família.

Depois da ceia, na qual Raquel fez questão de relembrar a imagem dos saudosos pais, cada um foi para seu canto. Bento foi terminar a noite na casa de Beatriz, sua irmã e o noivo foram participar de um coral e dona Rosa já cochilava fazia tempo. Raquel se retirou para seus aposentos.

"Papai e mamãe, eu sei que fazem anos que se foram, mais o meu amor por vocês ainda é chama que arde. Me perdoem".

Sufocando o soluço sentiu uma brisa que vinha da janela acariciar seu rosto. Sentiu uma intuição como se uma voz lhe dissesse aos ouvidos: "Querida filha. Amada de meu coração. A dor é o caminho mais curto para o aprendizado universal. Era sua a missão de cuidar dos filhos amados, órfãos na nossa presença, mas não do seu amor. O amor é a lei universal". Um sorriso se esboçou nos lábios daquela mulher-menina, cujos traços de sofrimento não lhe tiraram a beleza.

Deitou-se e agradeceu todo aquele aprendizado que foi a sua vida. "Dias melhores nos esperam", foi seu último pensamento antes de dormir ouvindo sons angelicais.

Texto revisado por Cris

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