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Contos: O CASAMENTO DE FABÍOLA

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/26/2005 4:19:12 PM


Leva-se anos para se construir um sólido amor, que pode desmoronar em alguns segundos.

Fabíola Montenegro era a mulher que todo homem deseja. Aos 39 anos, tinha uma beleza exuberante. De estatura mediana, cabelos loiros naturais que contracenavam com olhos negros, um corpo escultural onde os seios davam o toque feminino de toda sua sensualidade.

O amor nesta jovem senhora, que ainda permanecia solteira, era acalentado pela tristeza, pela dor e pela lembrança do noivo Heitor que falecera em trágico acidente na noite do casamento.

Naquele nebuloso dia suas lágrimas foram um caudal de sofrimentos. Seu estado depressivo era tal que abalou toda a sociedade carioca, exigindo dos pais que o casamento se realizasse mesmo com o defunto no caixão. “Vou me casar com Heitor mesmo na morte!”, pranteava Fabíola. O rumoroso caso foi assunto da mídia por alguns dias e as manchetes, as mais insólitas: “Jovem diz sim para fantasma”, “Igreja condena casamento do além”.

Este fato aconteceu quando a filha única dos Montenegro completava seus 20 anos. Dezenove anos depois Fabíola ainda tinha a aliança de casada e não queria saber de amar a mais ninguém. “Meu amor é eterno; sou viúva e assim ficarei até morrer”.

Trabalho, muito trabalho mesmo, reintegrou a jovem ao cotidiano, uma vez que gerenciava o setor de Recursos Humanos da cadeia de supermercados da família. Apesar dessa “pequena insanidade”, como comentava seu pai, a vida continuava normal.

Fabíola viajou ao exterior, participava de congressos e eventos de sua área, mantinha um considerável guarda-roupas em estilo vanguardista. Ia ao clube, cinema, teatro e restaurantes; entretanto, rechaçava qualquer abordagem masculina. Quando ia à piscina ou à praia era motivo de muitas cantadas. Mas cristalizara sua fidelidade ao noivo falecido. As especulações na empresa sobre sua pessoa e suas atitudes eram as mais paradoxais: de louca a lésbica.

Flutuando por sobre toda mediocridade humana e social, Fabíola mais se preocupava com seu trabalho, que era um lenitivo para ela. Como fazia todos os meses abriu seu PC para averiguar o setor de departamento pessoal, quando uma informação lhe causou a maior surpresa: "Heitor Castelli, brasileiro, casado, 49 anos, recém-contratado para o setor de expedição da unidade de São João de Meriti."

Seu coração bateu mais forte. Heitor Castelli era seu ex-noivo falecido, como poderia estar ali, na sua empresa, casado? Algo estava errado.
Chamou sua secretária, Francielle, e pediu ligação para a unidade do subúrbio. “Alô, Senhor Geraldo, aqui é Fabíola. Vocês contrataram um homem de nome Heitor Castelli. Quero mais detalhes sobre essa contratação.”

Pego de surpresa, o sub-gerente pediu uns minutos para retornar a informação. Nem tocou o telefone e Fabíola, ansiosa, escutava as explicações de Geraldo:
“Heitor Castelli realmente foi contratado. Nada de errado em seu currículo. Boas referências e apenas um senão: há 19 anos sofreu um acidente, quase mortal, mas conseguiu sobreviver. Neste desastre aconteceu um fato interessante. O acompanhante morreu carbonizado e foi tomado por Heitor, que durante muito tempo ficou em coma e não consegue lembrar de nada de antes do desastre.”

Fabíola agradeceu, laconicamente, pôs o telefone no gancho, levantou-se e comunicou à secretária de que não voltaria mais naquele dia.

Lá estavam, face a face. Os amantes apaixonados. Só que para Heitor aquela bela jovem era uma desconhecida. Como poderia tê-la conhecido, que história era aquela de casamento contrariando todos os trâmites legais? De nada adiantaram lágrimas, juras de amor e tudo o mais que a jovem dedicava ao rapaz. Amava a sua mulher e suas filhas e jamais abandonaria o lar por outra mulher.

“Que destino cruel!”, pensava Fabíola retornando ao Rio, “Dezenove anos depois encontro o amor de minha vida que achou toda a minha história ridícula. Uma fantasia de jovem rica ... destino cruel, realmente cruel!” Inconformada, parou seu carro numa casa noturna do bairro de São Conrado, tirou a aliança do dedo e bebeu até cair.

“Fabíola, Fabíola, acorda minha filha ... hoje é dia do seu casamento!“

Texto revisado por Cris

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