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Contos: PONTO DE FUSÃO

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/30/2005 8:08:52 PM


O telefone insistia, mas Luana permanecia quieta, apenas olhando para o aparelho. A secretária eletrônica gravava a mensagem e a jovem escutou: “Luana, eu sei que você está aí. Atenda. É importante o que eu tenho para te dizer. Nossa relação não pode terminar simplesmente por um capricho seu.“

Quem tanto insistia era seu melhor amigo, Diego Arruda, que de repente se tornara seu amante. “A menor distância entre dois pontos é o meio.” Luana se recordou dessa frase dita pelo amigo, que se encontrava em Victoria, nos Estados Unidos. Ela residia em Seattle.

O meio, no caso, era a cidade de Olympia que distava 40 quilômetros das já citadas. Brasileiros radicados nos Estados Unidos, Luana era casada com Theo Thompson, rico pecuarista de Seattle, e Diego, com a arquiteta Chany Robins.
Ao invés de levar uma vida ociosa, de jovem rica, Luana foi à luta transformando seu hobby em profissão. Era fotógrafa free-lancer de várias agências noticiosas do Brasil.

Quando resolveu fotografar uma competição country-cross em Olympia, ele era um dos participantes da corrida e seu relacionamento com o piloto começou de forma estranha. Para evitar acidentar a fotógrafa, o piloto desviou de direção indo espatifar sua moto num barranco. De nariz quebrado, zonzo, ainda escutou a voz doce de uma jovem: “Perdão, perdão, foi sem querer....” Ai desmaiou e só se deu conta de que estava vivo quando viu Chany, com seus lindos e americanos olhos azuis, sorrir para ele.

“Tudo bem, querido, tudo bem. Não se preocupe, o marido da fotógrafa se comprometeu a pagar tudo“. Voltando à razão, o acidentado observou que estava no quarto de um hospital, mas sua mente retrocedeu ao momento do desastre e se recordou daquele rosto lindo, suave e lacrimoso. “Ela também é brasileira”, disse Chany.

Tempos depois, Diego recebe um telefonema da fotógrafa em sua concessionária de carros importados. “Boa tarde, aqui é Luana, aquela desastrada fotógrafa que quase o matou. Gostaria de marcar um encontro para te pedir desculpas, pessoalmente. Fiquei muito magoada. Gostaria de tirar esta impressão“.

“Tudo bem, você sabe qual é a menor distância entre dois pontos? É o meio, que tal nos encontrarmos em Olympia, que fica no meio do caminho entre nós dois?“

Dez horas da manhã. Um Porsche amarelo sai da agência com destino a Olympia e, ao mesmo tempo, a jovem ligava o motor do seu Mustang Power-driver vermelho. A distância ia se encurtando cada vez mais. O Porsche oscilava entre 140 milhas e Luana já passava dos 100 quilômetros. A ânsia do encontro se revelava na velocidade.

Chegaram ao mesmo tempo ao restaurante combinado e chamando a atenção de todos devido ao barulho dos motores e o contraste das cores. As apresentações foram rápidas e logo tomavam drinques para aquecer do frio.

“Sou de Salvador“, disse Luana. “Vim para cá como bolsista e me casei com Theo. Ele disse que foi amor à primeira vista“.
“Eu e Chany nos conhecemos em Brasília. Ela estava lá estudando arquitetura brasileira. Casamos dois anos depois e viemos para cá“.
“Sabe, fiquei muito preocupada com o acidente. Nem conseguia dormir. Tomei calmante“.
“Que nada, estou acostumado a cair de motos. Ainda bem que desta vez foi para salvar um anjo“.

Entusiasta por belos carros Luana ainda fez questão de fotografar os carros juntos e o marido de Chany a convidou para conhecer sua agência. “Você vai babar num Jaguar.” Nascia aí uma amizade que não incomodava, “nem a Theo e suas mulas”, como Luana dizia, e nem a Chany, mais preocupada em colocar curvas em todos os prédios dos Estados Unidos.

A visita ao carro esportivo Jaguar foi pretexto para Luana ir ver Diego e daí em diante sempre que podiam iam almoçar juntos em Olympia. No Natal Luana deu ao amigo um álbum caríssimo com fotos dos carros mais raros construídos em Detroit. Por sua vez, foi presenteada com um chaveiro de ouro com a logomarca da Jaguar.

Um ano depois os dois se amavam num resort na Bahia, enquanto Theo e Chany visitavam os pontos turísticos da cidade. De volta aos Estados Unidos Diego não se conformava com esse relacionamento obscuro. Queria mais. Queria Luana só para ele.

“Assim não é possível. Fomos ao Brasil para ficarmos juntos e você passou a maior parte ao lado daquele babaca“.
“Não fale assim. Theo é um homem bom, de princípios. Eu é que não presto. Ele não merecia isto. Nunca vou deixá-lo nem magoá-lo. Só serei sua depois da morte dele“.

Luana não queria atender ao telefone. Desde a morte de Theo ela se transformou numa viúva milionária e arredia. Seu amante não entendia seu comportamento. “Agora poderemos ser felizes“. Esse argumento não fazia Luana sair de seu estado taciturno, como se se culpasse da morte do marido, embora ele nunca tivesse sabido do seu caso com o piloto.

Um ano se passou e os dois amantes nunca mais se viram. Diego, inconformado, se separou de Chany e voltou ao Brasil. Luana, pelo que lhe informaram, foi para a Europa à procura de novos ares e novas paisagens para suas fotos.

Os dias, meses e anos passavam e Diego não conseguia tirar Luana de sua mente. As paixões interrompidas deixam marcas indeléveis. Difíceis de se afastar. Até hoje o dono do restaurante da cidade americana de Olympia guarda uma carta de uma brasileira endereçada a Diego Arruda. Dentro, a foto de dois automóveis e um recado: “Perdão. Sempre te amarei. Volte para mim. Luana.”

Na realidade, a menor distância entre dois corações é o ponto de fusão...

Texto revisado por Cris

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