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Contos: PRAZER, DEVER & CIA

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Autor Alberto Carlos Gomes Lomba

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 5/1/2005 11:02:29 AM


Existe um tênue véu entre um homem honesto e um bandido. Para que este véu não caia temos que nos estribar em padrões éticos, morais e, na maioria das vezes, policiar nossos desejos.

O que falta a um homem milionário cercado de lindas mulheres, sucesso garantido em sua profissão, um Midas dos tempos atuais, onde miséria e riqueza sobrevivem no mesmo teto?

Naquela manhã sombria, Fedor Yago praticava seu off-road-walking numa trilha coberta de folhas úmidas num bosque da cidade de Antofagasta, no Chile.

Naquele momento pensava em porque as multinacionais cobiçavam a sua rede de televisão latino-americana, com ofertas altíssimas. “Quase um bilhão de dólares pelas minhas emissoras. Mas já tenho mais que isso. Por que vender a rede?“, martelava.

Subitamente, quatro homens com capuzes surgem à sua frente e logo sentiu o cheiro forte do clorofórmio em suas narinas. Seis horas depois todo o Chile tomava conhecimento do seqüestro de Fedor Yago.

O grande questionamento da mídia não era o ato criminoso em si, mas o que um rico empresário fazia, sozinho, em Antofagasta. Afinal, as aventuras de Yago alimentavam o noticiário latino-americano, não só de suas emissoras como da mídia em geral: aventureiro, possuidor de barcos velozes, aviões e helicópteros, o seqüestrado conhecia o mundo na palma de sua mão. Em contrapartida, era conhecido como um empresário sagaz, mão-de-ferro e um esbanjador de dinheiro, além de ser acusado pelo fisco chileno de mandar dinheiro para fora do país.

Seu cativeiro era até confortável, embora os seqüestradores não lhe fornecessem um tratamento cinco estrelas como estava acostumado. “Vocês precisam se organizar melhor. Todo mundo dá ordem aqui. Lá se vão quinze dias e a polícia continua tripudiando com a cara de vocês“, atrevidamente dizia a seus seqüestradores.

Desafiava Yago seus algozes, uma vez que até agora as negociações não iam em frente. Os bandidos queriam cinco milhões de dólares e as autoridades usavam a tática do desgaste. “Cabron, nem a sua família quer você de volta“, gritava o chefe do seqüestro, empunhando uma arma na boca de Yago.

Depois de dois meses de insucessos os seqüestradores mostravam desânimo, pois já tinham abaixado o valor da troca para um milhão de dólares. “Vocês são uns amadores“, provocava Yago. Os quatro jovens que já nem usavam mais os capuzes, aos poucos fizeram amizade com o seqüestrado.

Aos três meses de cativeiro, a mídia nem mais falava no assunto e Yago circulava normalmente pela vinícola El Cielo, nos Andes, perto de uma cidadezinha que nem sabia como se chamava ou onde ficava. Com o tempo, começou a acionar suas contas secretas nas Ilhas Virgens e, de repente, não faltavam dólares para os cinco amigos praticarem as maiores orgias nos cabarés da vila. “Esta era a vida que eu sempre desejei. Vinho, mulheres, dinheiro e aventuras”, gritava Yago, totalmente, embriagado.

A polícia chilena, 15 meses depois, deu o assunto Fedor Yago como arquivado. Ninguém pagou resgate e o corpo era um mistério.

Enquanto isso Fedor e seus comparsas arrumaram passaportes falsos e se mudaram para a Espanha, onde Yago, agora com o nome de Sebastian Asturias, adquiriu uma vila nos arredores de Madrid com o dinheiro que estava depositado em suas contas secretas. E neste ambiente campestre, os cinco jovens treinavam artes marciais, sobrevivência e métodos de guerrilhas. Seu objetivo não era nada político e nem ideológico. Queriam apenas sentir o gosto do perigo com assaltos a bancos e outras empreitadas, que Yago, cuidadosamente, arquitetava.

A primeira operação de assalto a uma casa de câmbio em Madrid tinha sido um sucesso total. Nenhuma morte e dois sacos carregados de pesos. Atravessando a Espanha foram para a França e daí para Mônaco onde pretendiam dar o golpe do século, assaltando a Casa da Moeda, onde fica depositado todo o dinheiro arrecadado dos cassinos. A estratégia do grupo era se insinuar entre os jogadores e perderem grandes somas de dinheiro que posteriormente seria devolvido com o assalto. Mulheres atraentes, festas, teatro, vernissages, enfim uma vida social tão intensa que jamais geraria suspeita em cinco jovens latino-americanos, que gozavam a vida em alto estilo.

Uma das ricas prostitutas que fazia parte desta tribo era Carolle Fontainebleu, uma jovem canadense digna de capa de revista. A jovem era a preferida de Yago que, embora não gostasse de compromissos, não permitia que ela tivesse outro companheiro.

Com o tempo, Carolle foi se tornando mais íntima. Ficava mais tempo com os cinco rapazes e providenciava tudo, desde lindas meninas até os melhores lugares em boates, cassinos; enfim, fazia o trabalho de relações públicas do grupo sem saber, contudo, dos inconfessáveis desejos dos cinco chilenos.

Quando a porta do cofre da Casa da Moeda explodiu, além de acionar o alarme espalhou por todo o salão milhares de francos, pesos, dólares, marcos e outras moedas. Para o grupo de assaltantes bastava apenas encher as sacolas e fugir pelo telhado, onde um helicóptero já os esperava com motor acionado. Sorridentes, gritando pelo sucesso do assalto os cinco amigos faziam uma festa dentro do helicóptero que agora, recheado com muito dinheiro, se dirigia para a villa, na Espanha, num vôo bem arriscado.

Às 4h45 horas, um barulho de rotor foi escutado em cima da villa. Yago jogava notas para o ar e todos se divertiam. Ao pousar, um primeiro tiro atingiu um dos rapazes que caiu morto. Yago ainda tentou correr em direção ao bosque da villa, quando uma voz feminina com sotaque canadense gritou: “Parado aí. Nem mais um passo. Senão atiro!“ “Carolle?“ “Fedor Yago, você está preso, em nome da Interpol.“

O cruzeiro marítimo pelo Mediterrâneo transcorria deliciosamente agradável. Uma rica canadense tramava, com mais três chilenos, como libertar Fedor Yago da prisão de Antofagasta, no Chile. Afinal, entre o bem e o mal, este último é mais rentável de se associar.

Texto revisado por Cris

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