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CRIMINALIDADE INFANTIL

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Autor João Carvalho Neto

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 4/3/2006 12:58:46 PM


Quando Sigmund Freud estabeleceu as bases da Psicanálise, através da observação e análise dos transtornos mentais de seus pacientes, percebeu, desde cedo, a importância daquilo que chamou de “romance familiar” na construção dos conflitos psíquicos. Entendia ele por romance familiar a história afetiva da criança, principalmente até os sete anos, envolvendo em especial suas relações com pais e irmãos. Tais experiências são tão significativas na vida mental das pessoas, que a maioria quase absoluta dos transtornos neuróticos se fundamenta nestes acontecimentos.
Isso se dá, entre outras razões, pela maior plasticidade da mente infantil, associada ao relevante papel que seus pais exercem como elementos produtores de afetos profundos, inclusive por serem seus agentes de proteção e subsistência.
Quando este romance familiar é marcado por traumas geradores de conflitos internos, sempre associados a frustrações não elaboradas e resolvidas pela mente, o resultado é a utilização de mecanismos de defesa para libertar-se da dor. A repressão da lembrança desses traumas, como estratégia defensiva, vai estabelecer um ponto de fixação nesta etapa do desenvolvimento, cujos conteúdos passarão a governar aspectos da vida adulta, inconscientemente, produzindo os sintomas neuróticos que, dependendo da gravidade, poderão evoluir para transtornos mais complexos.
Vejamos bem... Todos ficamos muito chocados com a reportagem exibida no programa “Fantástico” em que crianças e adolescentes brincavam de bandidos, encenando histórias de tortura, assassinato, extermínio, ricas de violência e crueldade. Crianças e adolescentes que deveriam estar apostando em seus super-heróis, desenvolvendo suas personalidades para se tornarem cidadãos incorporados e produtivos para a sociedade onde vivem. Contudo, para que isso ocorresse, deveriam ter vivido relações familiares mais estáveis, protetoras e produtoras de gratificações que os fizessem acreditar no bem, no amor e em relações interpessoais sadias. Mas não viveram. Muitos tiveram seus pais mortos, torturados, violentados, deixando mães viúvas e também, por sua vez, transtornadas. Assistiram familiares sendo seqüestrados para nunca mais voltarem, seus afetos mais caros sumindo em mortes cruéis. Este tem sido o romance familiar de grande parte das crianças e adolescentes que vivem nas favelas, rodeados pelo tráfico e pela criminalidade. Serão sempre candidatos a neuroses estruturadas, com reais possibilidades de tornarem-se doentes mentais mais graves, sociopatas incapazes de compreender e respeitar princípios básicos de leis e de ética.
E, pasmem, algumas pessoas ainda acreditam que a pena de morte possa ser uma solução para diminuir tal situação. Pura ingenuidade, já que a pena de morte já existe para eles sem afetá-los em absolutamente nada. Todos que na reportagem se pronunciaram disseram que suas expectativas de futuro são a morte, a prisão ou uma cadeira de rodas. Logo, quanto à possibilidade de morrerem, eles já ligam com tal expectativa iminente. E isso não muda nada e nem vai mudar. A vida só vale à pena pelo prazer e pela felicidade que ela possa nos proporcionar, pelas gratificações que estejam ao nosso alcance mediante ações que venhamos a realizar. Agora pergunto: que tipo de prazer a vida está reservando para eles...? Por que tipo de gratificação eles podem esperar...? Nenhum! Logo, viver ou morrer não faz a menor diferença.
Dizem os poetas do conjunto Skank, Samuel Rosa e Chico Amaral, que “se o país não for para cada um, pode estar certo, não vai ser para nenhum”, e isso é uma grande verdade. Não vai haver força capaz de conter a revolta dessas mentes frustradas nos seus desejos básicos de vida, e que se multiplicam dia a dia em uma proporção muito maior do que se possa contê-las. São os instintos de sobrevivência que gritam das profundezas do inconsciente, exigindo gratificação. E o inconsciente não tem lógica, não possui atitude racional, apenas age movido pelas suas pulsões.
A teoria psicológica de Abraham Maslow aponta, na sua hierarquia das necessidades, que não alcançaremos sentimentos recíprocos de respeito, amor, paz, enquanto houver fome, miséria, doença e falta de proteção e respeito. Isso é matemático. Uma escala de valores que não pode ser galgada sem que suas etapas preliminares se cumpram.
Por tudo isso e muito mais que não cabe nas despretenciosas linhas deste artigo, estejamos atentos e realmente preocupados. Se existem reais ameaças de destruição do planeta pelas agressões ambientais que poluem nosso ecossistema, existem também reais ameaças de destruição da humanidade pelas agressões sociais e psicológicas que torturam tantas mentes infantis. É uma doença psicossocial que vem corroendo nossas vidas e às quais estamos nos acostumando de tal forma que seus sintomas acabam por passar desapercebidos. E um dia eles poderão produzir um óbito. O óbito da vida civilizada no planeta.
Já avisava Pitágoras, no século VI AC: “Eduquemos as crianças e não precisaremos punir os homens”.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor do livro
“Psicanálise da alma”
www.joaocarvalho.com.br

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Conteúdo desenvolvido pelo Autor João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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