Culpa.
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Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/17/2011 9:12:43 AM
Culpa!
Há muito tempo, bem nos primórdios, descobriu-se que, estando uma pessoa sob o "efeito da culpa", torna-se mais fácil lidar com ela através da manipulação. Nossa cultura estruturou-se sobre o alicerce do controle às pessoas. Interesses religiosos, políticos, financeiros, dentre outros, com o intuito de deter o domínio sobre as massas, levou os dominantes a um aprimoramento nessa arte.
Encontra-se como definição de culpa: "Ato repreensível ou criminoso; Conseqüência de se ter feito o que não se devia fazer; Delito, crime; Causa de um mal; Pecado". Condição básica para que a culpa possa existir? O julgamento.
Já nos referimos a isso. Aprendemos julgar desde que nascemos. As pessoas julgam o tempo todo, a si mesmas e aos outros. Poucas são as que conseguem olhar seus semelhantes sem idéias pré-concebidas e, assim, acompanhar o desenrolar das situações sem a necessidade de ter suas idéias definidas e "montadas" a respeito do que está acontecendo ou da pessoa em questão.
Estabelecer um sentimento de culpa em alguém se torna muito fácil a partir do momento em que, por interesse de quem o faz (consciente ou não, e na maioria das vezes quem o faz não tem consciência clara do seu ato), cria-se uma interpretação sobre o comportamento do outro de maneira a gerar o conceito de "débito", de erro. Na interpretação dada, atribui-se ao outro uma responsabilidade culposa. Tanto mais fácil é, quanto mais significativo for aquele que age assim. A pessoa passa a fazer uma avaliação tida como reprovável para si mesmo.
O sentir é subjetivo, próprio de cada um. Conforme ocorre a percepção da pessoa sobre si mesma frente ao ponto em questão, pode se instalar o sentimento de culpa. A consciência de si mesmo e de suas atitudes devolve a condição de análise dos fatos, permitindo uma visão mais adequada e realista do que, até então, foi considerado como algo errado e escuso. Assumir, então, seus erros e agir coerentemente na intenção de corrigi-los ou repará-los, devolve ao ser humano a assertividade e, principalmente, a dignidade pessoal, que até então lhe fora negada.
O sofrimento que se instala em quem carrega sentimentos de culpa é intenso e extremamente sabotador, fazendo com que o indivíduo se puna, na grande maioria das vezes, em um processo inconsciente. Ele não sabe por que as coisas não estão dando certo, ou mesmo por que não está conseguindo conquistar seus objetivos. Revolta-se, julga-se injustiçado, mas não reflete sobre se realmente está se sentindo merecedor do que diz querer.
Esse sentimento torna-se um fator limitador no processo de auto-realização.
Também é muito comum o estabelecimento de sentimento de culpa por não se ter uma expectativa atingida. A pessoa se frustra com a distância entre o que ela foi e a imagem que criou sobre o que deveria ter sido. Sempre a avaliação negativa. O julgamento.
Pais que acreditam conseguir de seus filhos mais obediência e resultados com o uso da manipulação, ressaltando para os filhos a culpa e não a responsabilidade, estão formando crianças e adolescentes inseguras e bloqueadas. Mais adiante, cobram deles iniciativa e criatividade. Que assumam suas vidas e segurem as rédeas que dão rumo ao seu existir.
Sentimentos de culpa são um dos estados que mais fomentam nas pessoas a insegurança e o medo de ousar, de experimentar. "Se fizer e não der certo, serei culpado."
Funcionários que não arriscam, apenas cumprem ordens. A cozinheira que já não faz o cardápio da casa e agora é criticada por isso pelos mesmos empregadores que se esqueceram o quanto a recriminaram porque um dia o prato principal não foi uma boa escolha. Ela era tão eficiente! Todos os dias um prato diferente e saboroso. Bastou uma crítica para que ela não mais conseguisse decidir sozinha.
Devemos nos considerar culpados quando, conscientemente, fizermos algo que não deveríamos. Se já sabemos que algo é reprovável e o fazemos mesmo assim, então somos culpados. Quando erramos e tomamos a consciência do erro, devemos tentar ver o que é possível fazer para corrigi-lo e seguir em frente, sem carregar "dramas e recriminações", estes sim, verdadeiros pesos e desnecessários em nossas vidas.
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