Deixa Sair
Atualizado dia 3/17/2007 9:53:09 PM em Autoconhecimentopor Mayara de Castro
A velhinha, agoniada que estava, mais ainda ficou. Pai José pediu então para fazer um chá bem forte de dente-de-leão e, enquanto isso, colocou sua mão direita vibrando em direção à barriga da velhinha. Veio o chá, ela bebeu, e momentos depois soltava uma sonoríssima torrente de puns – e sua expressão foi aliviando, as cores voltando, e ela começou a sorrir para o Pai José. Que sorriu de volta e comentou: Tem que peidar, né, filha? Senão, esse gás aí dentro vai fazer suncê sair voando pelo céu antes da hora...
Há muita coisa que a gente põe pra dentro todo dia, depois não deixa sair e ainda reclama: Estou engordando! Meu intestino não funciona! Tenho o colesterol alto! Triglicerídeos! A glicose é alta também! Sinto cólicas menstruais horríveis, pedras nos rins e na vesícula, mau hálito, colite, diverticulite, rinite, sinusite, catarro nos pulmões, corrimento, alergias, suor fedido, ouvido meio surdo, articulações emperradas, cistos, tumores, varizes, ameaças de enfarte, ai, que dor de cabeça!
Curioso. Porque o nosso corpo é feito justamente pra deixar sair, e assim evitar qualquer doença. A gente faz cocô, xixi, sua, arrota, peida, espirra, tosse, chora, menstrua, assoa o nariz, tem orgasmo e outras coisas pra se livrar dos excessos que, em ficando, perturbam o bom funcionamento físico, mental e espiritual.
Aquela tensão na nuca é um excesso que tem que sair. Aquele ideal vibrando no peito um dia tem que sair. Talentos abandonados e apetites mal satisfeitos acabam virando doença. Quando não se deixa sair, o final mais provável é o hospital. Por isso é que praticamente todo mundo tem seguro médico-hospitalar, já que pode ficar doente a qualquer momento, e doença é despesa. Só, que, como dizia Gandhi, a multiplicidade de hospitais não é sinal de civilização, é sintoma de decadência.
Não tem aquele papo de que pra baixo todo santo ajuda? Pois é: pra piorar, tá fácil. A comida moderna, o stress urbano, a poluição, a crise econômica, a pasteurização cultural, tudo isso são pressões e invasões difíceis de evitar, que acabam fazendo a gente se sentir meio qualquer coisa, vivendo de qualquer jeito.
Mas é possível reagir a isso em outro tom, construindo um mundo interno forte e bem protegido. E também é possível aprender a eliminar os excessos de toxinas físicas e mentais através das cinco atividades essenciais da vida: alimentação, respiração, movimento, pensamento e relacionamento. São práticas simples, baseadas num princípio só, que é o entra-e-sai.
Olho vivo: a saída é a saúde!
(Texto extraído do livro “Deixa Sair” de Sonia Hirsch da Editora Corre Cotia)
Texto revisado por: Cris
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