Desvio de atenção!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 25/02/2013 12:36:22
Desvio de atenção!
Quando falamos do uso de celulares, algumas pessoas me perguntaram sobre a utilização dos mesmos enquanto se está dirigindo. Interessante que, mesmo os que defenderam o poder usar o celular dirigindo, reconheceram que isso desvia a atenção. ||Todos tiveram uma pequena passagem para contar, onde a desatenção ao dirigir propiciou ao menos um susto.Está tramitando uma alteração de lei onde as penalidades para essa infração serão mais sérias. Mas aqui cabe comentarmos sobre nossa capacidade de, como seres humanos, captarmos através de nossos sentidos os estímulos que ocorrem ao nosso redor.
As informações chegam ao nosso cérebro através de nossos sentidos: visão, olfato, paladar, audição e tato. De todos os estímulos recebidos, nosso cérebro "ignora" a sua maior parte, registrando apenas o que é de nosso maior interesse ou cuja ocorrência é de maior intensidade.
É fácil de compreender isso. É só observar como um mesmo fato desperta reações diferentes nas pessoas. As PERCEPÇÕES a um mesmo estímulo foram diferentes. As percepções são o que do ocorrido trazemos à consciência. Vejamos o que diz um grande nome da psicologia, Dr. Carl Gustav Jung, a respeito: "O mundo da consciência é inevitavelmente um mundo pleno de restrições, com paredes bloqueando o caminho. Ele é, por necessidade, sempre unilateral, resultando da essência da consciência. Nenhuma consciência pode abrigar mais do que um pequeno número de concepções simultâneas. O resto deve ficar na sombra, retirado da vista. Aumentar o conteúdo simultâneo cria imediatamente um enfraquecimento da consciência, uma confusão de fato, que leva à desorientação." (Parte de seu prefácio ao livro de Daisetz Teitaro Suzuki, Introdução ao Zen-Budismo, 1969.) Os negritos foram colocados por mim.
Está cada vez mais comum a busca de formas para se aumentar a concentração. As pessoas estão cada vez mais dispersas, com maiores dificuldades de se aterem a um assunto e ir até o fim dele. Eis um dos principais pontos: "Ir até o final". Na medida em que as pessoas não se dispõem conscientemente a "pararem" em cada situação e agirem com o uso dessa consciência, a facilidade em se permanecer na superficialidade das coisas é muito grande, "desligando-se" delas antes mesmo de estarem assimiladas e/ou resolvidas. Esse fato não é em sua maioria das vezes, intencional. As pessoas não escolhem "vou ser disperso". Elas apenas se deixam levar pelo fluxo em que se encontram sem se deterem no que deve ser suas opções, gostem ou não.
Todos sabemos que o ato de dirigir, após certo tempo de experiência passa a ser automático. Isso é verdadeiro. Também é verdadeiro certos atos reflexos, que nos protegem ou impedem males maiores, exemplo, sem pensarmos no ato, elevarmos as mãos para protegermos nossos olhos de um inseto ou qualquer outra ameaça, isso é instintivo, mas daí a querermos generalizar, dizendo que podemos dirigir e falarmos ao telefone ao mesmo tempo, sem perda de nossas reações, é falso. Quando com a atenção voltada à conversa no celular, estamos "aumentando o conteúdo simultâneo a chegar em nossa mente, (vide acima) o que nos leva a um enfraquecimento da consciência, gera uma confusão dos fatos, levando-nos à desorientação". Exemplo prático? Quando a pessoa recebe uma buzinada, distraída pelo celular, puxa o volante exatamente para o lado em que está o perigo, para depois desviar (se der tempo), ou deixa o celular cair e ao mesmo tempo não vira o volante, etc. Nossas funilarias estão repletas de consertos dessa origem. Pena que nossos hospitais também. Daí o justificar sempre o parar o veículo se for necessário se falar ao telefone.
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