Detonar.
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 10/1/2012 3:23:35 PM
Detonar.
Em almoço com um casal de empresários, falávamos de amenidades quando um deles trouxe à tona uma situação sobre a qual ficamos conversamos todo o tempo restante em que estivemos juntos: "Falar mal das pessoas". Tempos depois, já em casa, comecei a refletir sobre a capacidade que temos de "detonar" com as pessoas que nos cercam. Por que há essa necessidade de se falar tão mal e tão contundentemente, até, de pessoas próximas, pessoas amadas? A esposa é capaz de passar horas falando mal de seu marido, trazendo situações de anos atrás e com uma carga afetiva, como se tivesse acabado de acontecer. A ênfase com que se refere aos defeitos ou ao ato praticado e não bem aceito é enorme. O marido age da mesma forma perante seus amigos com relação à sua esposa. Além de tudo não percebendo que está abrindo espaço para palpitarem ou mesmo fazerem "piadinhas", que com certeza, não serão bem recebidas por ele depois. Os filhos são massacrados pelos pais e os pais execrados pelos filhos. O chefe destrói seu funcionário e o funcionário arrasa o chefe.
Tudo isso no discurso. No falar se referindo a alguém. Quando se observam tais pessoas em seus convívios, verifica-se que não é bem assim. Uma coisinha de nada ganha proporções maiores quando vira assunto com outros, mas raramente com o envolvido.
De onde vem tamanha habilidade em se julgar e definir o que é certo ou errado, se o outro está adequado ou não, se agiu de boa ou má fé, enfim, quem nos habilitou tanto a julgarmos as pessoas, a tripudiar? Será que temos essa competência toda e também condições pessoais para tanto? Alguns se expressam assim: "tem moral para isso"?
No cultivo do individualismo não sobra espaço para se admirar as qualidades e virtudes dos outros. Isso é tão forte que notamos a cada instante que os temas de conversas sobre pessoas estão sempre focados nos defeitos, nas desqualificações, no que há de ruim. Parece que quanto mais eu criticar negativamente, melhor eu serei aos olhos de meus interlocutores. Grande engano. Podemos "ter corda" de quem nos ouve, mas depois estarão fazendo o mesmo conosco e ainda por cima, chamando-nos no mínimo de fofoqueiros, além de maldosos ou falsos.
As pessoas gostam de passar a impressão de que são grandes conhecedoras da vida, de que a experiência que carregam lhes propicia segurança de dizer "eu sei" em todas as situações.
Pois é possível, sim, adquirir experiência através da vivência. Basta sair da postura de "isso não é comigo", "eu não tenho nada com isso", "estão pensando o quê?" E assim por diante. Um vendedor que recebeu a indicação de uma praça nova e pouco explorada, quando questionado se já havia ido até lá, respondeu: "Mas como vou a um lugar com apenas um cliente, sem ter mais nomes e endereços?". A resposta é: INDO! Procurando, perguntando, se envolvendo e coletando informações, chegando assim ao seu objetivo: conquistar resultados.
Muitos não se esforçam para conquistar o que almejam. Muitas vezes querem demonstrar uma experiência que não têm. Por isso é tão mais fácil resolver a vida dos outros, já que neste caso, não é preciso o esforço de realizar, de fazer. Só de julgar, de manifestar sua opinião, só de ficar no discurso como sendo o dono da sabedoria humana. Sua situação financeira está ruim? Diminua a despesa do supermercado, troque seu carro por um outro mais barato, dentre outras providências no sentido de amenizar a situação. Pronto. Já está resolvida a situação de ...
Como começar a mudar? Primeiro, cuidando apenas de si mesmo. Segundo, aprendendo a olhar para as coisas positivas e benéficas e deixando as daninhas para os medíocres e incapazes de perceber que todos podemos crescer. Joguem fora seus detonadores. Se não houver o bom para realçar, melhor calar.
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