DIALOGO COMPLICADO ENTRE NOVOS CASAIS - PARTE I
Autor Espaço Alternativo
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 6/6/2006 12:16:40 PM
DIALOGO COMPLICADO ENTRE CASAIS
Algumas pessoas conseguem falar de amor através de poesias. Algumas às vezes só falam pelos poemas. Nunca conseguem falar pessoalmente com o ser amado. E quase não o conseguem nem pelo telefone. Quando conversam sempre falam de assuntos diversos, menos sobre eles dois. Sentem muita dificuldade em se colocar para o outro. Como fazer?
Então a conversa sobre os dois aconteceria possivelmente na cama, se já têm esse nível de intimidade. E quando estão lá conseguem falar de tudo: carinho, sexo, amor, proteção, compartilhamento, tudo. Falam com as bocas e com os movimentos de seus corpos. Mas quando saem de lá, começa tudo de novo. O silêncio e a dificuldade em expressar sentimentos. E nesse momento então algum dos dois pode começar a se sentir humilhado. Usado. E logo nasce um sentimento de ter sido “jogado para fora”.
Nós sempre estamos dizendo que estamos aprendendo coisas. Mas será que estamos aprendendo a amar?
Eu entendo amar como um dar e receber, um pedir e encontrar. Mas quando uma relação acontece de forma unilateral, quando um consegue expressar o que sente e o que deseja e o outro não... o primeiro, aquele que vem arrastando, puxando, carregando o outro para perto de si, às vezes sente como se puxasse o pão de açúcar, tal o esforço que tem que fazer para trazer o outro para perto. E se o outro fica perto muito pouco tempo, o primeiro sente que o esforço não foi compensador e sente-se além de humilhado, de jogado para fora, também cansado e infeliz.
Temos uma tendência a compararmos nossos relacionamentos com nosso passado, às vezes entramos numa paranóia de que o nosso(a) novo(a) companheiro(a): “é igual a(o)s outra(o)s que queria me controlar ..., que me fazia sentir isso, ou aquilo..” E às vezes passam-se anos até que um dia uma única frase ou gesto ou acontecimento toque nosso coração e consigamos mudar a situação. Mas piora tudo mais ainda quando mudamos só na nossa cabeça e não no coração. Poucas vezes fazemos diferente reconhecendo e pedindo desculpas, pois enquanto estamos dentro de nossa crise particular, só fazemos o outro sofrer.
Devemos ter consciência e sermos sabedores de que ninguém é responsável pelo estado emocional do outro. Ninguém é capaz de fazer você sofrer ou chorar ou rir sem você permitir isso. Mas se um dos dois estiver apaixonado realmente pelo outro, isto fará toda uma diferença.
Quando estamos em qualquer estado passional, não conseguimos ver o mundo real, só conseguindo enxergar ou perceber coisas, fatos, pessoas, pelo foco exclusivista da paixão, e aí a nossa vida se complica toda. Assim como erramos quando estamos curtindo uma paranóia qualquer, erramos também com as nossas paixões. O medo essencial característico de ambos os estados emocionais é o mesmo: o da perda. Cada um com sua manifestação, mas sempre o estado de medo essencial da perda.
E é nesse momento que nos sentimos ainda mais humilhados, pois imaginamos estar perdendo algo que talvez nunca tivemos.
CONTINUA NA PARTE II
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