Dinheiro: quando um homem não se banca financeiramente
Atualizado dia 4/20/2016 9:27:51 PM em Autoconhecimentopor Alex Possato
Quem me conhece, talvez até ache estúpido eu dizer que só agora chegou esta percepção, afinal, já conto esta história há anos e anos, tanto dentro dos meus cursos, como entre amigos. Mas insight é assim. Vem de várias formas. As mesmas histórias trazem novas e novas percepções. E francamente, até este momento, a percepção que seguia do meu avô era da multiplicidade de capacidade, trabalho infinito, necessidade de descansar e relaxar após o trabalho – sempre com um cigarrinho, às vezes um vinho, invariavelmente um vidro de remédios para dor de cabeça crônica, e saco do tamanho do Pão de Açúcar para aturar as cobranças da minha avó. Afinal, ele não trazia dinheiro suficiente para casa.
E agora começa a forma “difícil” de falar sobre este tema: dizer sobre a minha história de homem que não se banca financeiramente. Começo a perceber que, de alguma forma, quis vingar o meu avô e colocar a minha avó na parede: ele lhe deu tudo, e você ainda é ingrata? Você reclama do dinheiro, mas largou seu trabalho e nunca mais voltou, não é mesmo, vovó? Mesmo simples e com seus inúmeros defeitos, vovô sempre amou você! Deixava de comprar coisas para si, para lhe dar presentes… a maior parte, presentes que você não gostava…
Como que vingamos um ente querido, da “injustiça” que achamos ter vivenciado na infância? Fazendo igual. Repetindo o mesmo padrão. E que cacete! Vejo que repeti o padrão do vovô, tim-tim por tim-tim, como ele gostava de dizer. Não acabei meus estudos superiores. Mesmo estando com as mãos no diploma, desisti. Sou multi-talentoso, mas não ganho tanto por estes talentos todos. Penso primeiro na mulher, depois em mim. Tive imensas dificuldades financeiras. Sempre a ouvi primeiro, e depois eu, até nos negócios que fazia. Gosto de relaxar tomando um vinho. Aprendi que relação é estar com uma mulher chata, que cobra o tempo todo: e ouvir pacientemente. Ela se bancava profissionalmente, mas após o casamento, se encolheu… assim foi meu casamento anterior. Bem… padrões mudam. Caso contrário, não teria o menor sentido trabalhar com terapia…
Pacto de vingança, pacto de fidelidade
Após uma fase muito longa de “pindaíba” financeira, insatisfação profissional, divórcio, empresa quebrada, nome sujo, comecei a olhar verdadeiramente para a história dos meus pais. Dos meus avós. Da minha infância. Já estava com quase quarenta anos de idade. E fui vendo que, paulatinamente, estava repetindo muitos padrões de comportamento. Muitos deles eram bons e me traziam satisfação, como por exemplo, o talento que herdei do vovô. Mas muitos outros eram padrões difíceis, que traziam sofrimento, angústia, tensão, brigas no relacionamento.
E como sair destes padrões? Em primeiro lugar, é ver que estou identificado ao padrão que me causa problemas, por amor a alguém. Neste exemplo que dei, com o meu avô. E interessante: estou também entrando em confronto com alguém que foi muito importante na minha vida, que me deu tudo e mais um pouco, mas que me pressionou de forma que eu não aceitei. Vovó. E pressionou meu avô. E transformou meu pai em um homem fraco também. Esta é a minha interpretação, totalmente passional e infantil. Por isso, tenho que identificar um pacto de vingança que fiz em relação à vovó. E um pacto de fidelidade que assinei em relação ao vovô.
Pacto de vingança
Eu atrairei mulheres duras e mandonas, mas também frágeis e instáveis, e vou mostrar que sou melhor que elas. Que elas são fraquinhas e doentes. Dependentes do homem que elas tanto se acham superiores.
Pacto de fidelidade
Vou viver trabalhando muito, mostrando todos os meus talentos, sendo simpático e querido por todos, e estar sem dinheiro e com a “aura” de injustiçado, como vovô foi, porque eu o amo. Bem… eu era péssimo aluno de química, mas é fácil ver que esta fórmula PV (pacto de vingança) + PF (pacto de fidelidade) = F (fracasso). Eu me ferrei, literalmente. Fracassei no casamento, na profissão, nas finanças. Não reconhecia nem os benefícios que recebi dos meus avós (você pode ler papai e mamãe) e nem o quanto que estava com a imagem de um homem fraco e injustiçado dentro de mim.
Um homem que serve à vida, ganha dinheiro
Andei por muitos caminhos espirituais. Muitos deles diziam sobre a necessidade de servir. E eu trabalhei como voluntário. Participei de religiões. Doei parte dos meus ganhos. Fazia meus serviços com muito capricho. Mas pra falar a verdade, nunca fiz isso com integridade. Era sempre com algum tipo de interesse: eu dou isso, Deus dá aquilo. Eu dou capricho, um dia, Deus me recompensa. Eu me mostro um bom sujeito, e serei beneficiado… Não funcionou. E assim, me revoltei contra o mundo. Contra Deus. Contra o mundo capitalista. Contra minha mulher. Minha avó. Minha mãe que me deixou. Meu pai, que também não me assumiu totalmente. Meu avô banana. Me revoltei. E foi ótimo. Porque só assim, pude recomeçar. E desse lugar de revoltado contra tudo, queria dizer diretamente ao homem que se identifica com esta situação – o macho que se acha incapaz de prover.
Em primeiro lugar, a história mudou. Homens e mulheres trabalham. Às vezes, a mulher até ganha mais que o homem. Então, não pense que você terá que dar tudo. Ela pode te ajudar. Mas você terá que dar uma contrapartida. A mulher se tornou muito forte. E você deverá se mostrar muito forte também. E sensível, porque a mulher, ao se tornar provedora, endureceu. Masculinizou-se. E necessita da sua flexibilidade.
Vamos lá, homem. Ser próspero é algo que necessita firmeza, um emocional razoavelmente controlado e uma capacidade de olhar para o outro e servir, e deixar de olhar para o próprio umbigo. Eu estou aprendendo a ser forte. Espero que você também possa aprender. Vou deixar, para finalizar, algumas palavras a respeito do dinheiro, que meu mestre de constelação familiar, Bert Hellinger, deixou: “O dinheiro tem alma. O dinheiro é algo espiritual. O dinheiro é o resultado do amor. O dinheiro é adquirido através do desempenho. É o equilíbrio de um bom desempenho. Se alguém ganhar o dinheiro por seu desempenho, o dinheiro o ama.
O dinheiro também permanece com ele, pois foi adquirido através de seu desempenho. O dinheiro também quer render algo – depois. Por isso o dinheiro espera ser gasto. Ser gasto em algo bom, que leve a vida adiante. Então se ganha mais dele – cada vez mais. Através de seu desempenho, o dinheiro entra num circuito de serviço, trabalho e ganho, tudo ao mesmo tempo”. Bert Hellinger – Histórias de Sucesso na empresa e no trabalho.
Texto revisado
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Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |