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É uma história muito antiga, talvez tão antiga quanto o homem....

Atualizado dia 27/11/2006 11:38:10 em Autoconhecimento
por Júlia Signer


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Era uma vez um jovem que, como todo jovem, era inquieto e tinha vontade de conquistar o mundo. Nasceu numa família bem de vida, o que chamamos de berço de ouro, mas nenhuma regalia foi capaz de conter a sua sede de busca e, assim, em um amanhecer, saiu para o mundo. E aí eu posso narrar milhões de fatos, como brigas com dragões e encontros com magos; posso narrar florestas encantadas e bruxas malignas; posso contar da bela princesa com a qual o jovem certamente irá casar.

Mas quero falar da ansiedade do jovem, o medo que percorria sua veia quando olhou nos olhos do dragão, a coragem de ir além de seus próprios bens, de sua família e valores e viver como um esfarrapado em florestas encantadas para conhecer a si mesmo mais profundamente. Dos dias de jejuns e privações onde tudo o que ele pôde desejar foi que fosse onipotente e sem necessidades.

Quero olhar para esta fábula através do coração do jovem, com o enorme esforço que todos os jovens fazem no mundo para se encontrar, em todos os movimentos, lutas, rebeldias, revoltas que criamos para sentirmos que “cabemos” no mundo. Pra sentir que, neste mundo, vale a pena viver. Quero falar de todas as tatuagens, cabelos coloridos e roupas estranhas que povoam a minha juventude como uma tentativa extrema de pedir amor, de ser notado. E todos estes gritos de socorro que fazemos são tapados com drogas, álcool, qualquer coisa que nos tire de nós mesmos. Porque o medo do mundo é o medo de si, de cruzar a linha do conhecido e tocar o desconhecido.

E os jovens crescem e viram adultos e velhos, e o medo taí, latejando no peito. Criamos milhões de formas de não o ver, mas quem realmente sabe quem é e o que faz aqui? Eu percebi, depois de dragões, florestas, bruxas, magos e princesa, que só fiz este caminho pra me encontrar e eu nunca precisaria ter me movido porque tudo reside em mim. Mas o caminho de fato me fez perceber isto, porque não importa onde estou, eu ali estou; não importa o que eu faça, eu estou ali fazendo; não importa com quem eu me deite, eu estou ali deitada. E tudo se trata disto, não se trata de crimes, de país no caos, de desemprego, de fome, de festa, se trata de como EU reajo a tudo isto.

Para me encontrar eu me dividi
Me dividi em corpo, mente, coração e espírito
Me dividi em luz e sombra
O que permanece em mim e o que vai

Sempre me dividindo e subdividindo
Cada divisão uma nova voz em minha mente
Faça isto, não, aquilo é melhor...
Não deve ser estranho isto pra ninguém.

Daí conheci muitos espaços dentro de mim
Alguns louváveis outros malignos, proibidos

Mas cansei, cansei de não ser dona de mim,
E numa brincadeira que nem sei como foi
Virei Uma, Indivisível.
Agora que começo a viver mesmo
Porque já não busco mais fora de mim
E exatamente por isso tenho tudo.

Texto revisado por Cris

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