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Encontros e desencontros do Caminho - Final do Capítulo 15 e Capítulo 16 - 1a. parte

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Autor Fernando Tibiriçá

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 2/18/2006 1:21:38 AM


Os instrumentos eram bateria, guitarra, baixo, órgão, piano elétrico, moog, mini-moog e sintetizador, o que havia de mais moderno para o rcok progressivo e, com certeza, no caso do moog e sintetizador, uma fase precursora para a música eletrônica, que hoje pratico.
O equipamento finalmente chegou a São Paulo e, numa festa particular, aconteceu a estréia. Nos teclados, Patrick Moraz, o então tecladista do Yes, que visitava a cidade. Anos depois, usei o mesmo tipo de letra do Yes para a marca Manga Rosa. São histórias do caminho.


Capítulo 16
Entrei finalmente em Santiago de Compostela e segui direto para a catedral. Na praça onde se encontra um portal do caminho, vi os dois franceses cabeludos da primeira etapa. Fui passando, nos cumprimentamos. Não resisti e voltei: queria tirar uma foto deles. Eles estavam em um banco da praça, tinham esticado uma toalha para um pic-nic, comida e bebidas a vontade. Um verdadeiro banquete. Eles me convidaram com insistência para comer, mas agradeci e não fiquei. Estava embalado, queria chegar à catedral. Comentamos que havíamos nos encontrado perto de Larroasaña e fiquei sabendo que não eram franceses, como eu pensava, mas tchecos. Jovens tchecos no caminho. Tirei a foto, nos despedimos e fui embora. Um deles me seguiu e me deu um energético, aquele Aquarius, que havia bebido na estrada para Burgos. Dois jovens com pinta dos hippies dos anos 60 e um Aquarius. Continuei no caminho após brindar os dois.
Eu ia que ia. Tudo estava fácil. Nada era perto, mas tudo estava perto. E estava muito perto da catedral. Algumas pessoas olhavam, outras ignoravam os peregrinos chegando. Finalmente, vi a torre da catedral de Santiago de Compostela. Cheguei. Queria entrar, mas a porta da frente estava fechada e as duas portas das laterais, lotadas de gente. Estava justamente terminando uma missa de peregrinos. Quando ela terminou, entrei, peguei a defumação.
Mas eu queria ver Santiago e sentir a catedral. Tirei muitas fotos. Queria dar um abraço no santo, cuja imagem estava no altar. Havia ainda uma coluna com a sua imagem para os que os peregrinos a abraçassem. Mas eu queria me aproximar da imagem majestosa do altar e ver a tumba de Santiago. A fila fora da catedral era imensa, centenas de pessoas.
E eu, todo arrumado de peregrino. A fila foi andando e finalmente consegui subir a escada atrás do altar, onde estava a imagem do santo. Belíssima a imagem. Mas não a abracei. Achei estranho abraçar o santo por trás, achei ridícula toda aquela situação. Peguei nela e a apalpei e pude ver o ouro e as pedras preciosas que compunham o manto dele. Tive uma sensação agradável e ao mesmo tempo desconcertante por apalpar a imagem.
Estava muito feliz por tudo o que havia acontecido, mas estava sem graça por fazer parte, naquele momento, de uma situação constrangedora, com tanta gente agarrando o santo e tirando fotos. Também não gostei daquele ouro todo e das pedras preciosas na imagem dele. Achei uma ostentação completamente desnecessária. Um defeito grave da igreja.
Fui até a tumba. A fila continuava. Ali, fiquei impressionado. Era uma caixa mortuária solene e bela. Um só momento de reflexão era absolutamente impossível. A fila andava sem parar, não havia tempo para orações, os que vinham atrás queriam a sua vez. Depois da tumba, ainda permaneci na catedral, que tem muita coisa para ver, admirar e respeitar. Como chovia do lado de fora, muita gente estava ali apenas se protegendo da água.
Resolvi ir para o hotel, procurei um táxi. Tudo aquilo deixou meus pés e minhas pernas doloridas. Precisava de um banho. Consegui um táxi, consegui um hotel, tomei banho, dei uma geral na minha mochila e voltei para a catedral. Ainda chovia forte, a situação era quase caótica. Assisti finalmente à missa, que é realizada na forma tradicional. A missa solene dos peregrinos só acontece às 10h e às 12h. Portanto, não tinha defumação e outros religiosos no altar.
Voltei para o hotel. Após jantar, liguei a televisão e vi que os duques de Lugo estavam em Santiago de Compostela e tinham estado na missa das 12h. Por isso, talvez, toda aquela confusão. Ouvi a duquesa discursar em galego. Era exatamente o português que se fala no Brasil. Toda a Galícia fala português, pensando que fala espanhol. E eles não gostam quando falamos que o espanhol e o sotaque são diferentes. Me vi falando espanhol com o recepcionista do hotel, que respondia praticamente em português. Outra coisa irritante é que na Galícia faz muito calor, mas eles insistem em ligar a calefação. A gente tira o abrigo ou casaco para se refrescar e toma um bafo de calefação. E eu estava lá apenas no começo do outono.
Santiago de Compostela estava completamente lotada. Na terça-feira seguinte, seria comemorado o dia da Virgem de Pilar. Feriado local. No Brasil, também é feriado, dia de Nossa Senhora da Aparecida. Me lembrei daquele imbecil, que se diz religioso chutando a imagem de Nossa Senhora num programa de televisão. No Brasil, é claro. Virgem de Pilar, na Espanha, é o dia da Hispanidad. Toda a Espanha viaja. O povo de Santiago de Compostela viaja. De fora, chegam espanhóis por Santiago, o santo, e pelo feriado. Tudo lotado. Clima de feira.
No sábado, antes do meio-dia, já estava do lado de fora da catedral para a missa solene dos peregrinos. Lotada. Não conseguia entrar, mas estava determinado. Eu tinha meia hora antes do início da cerimônia. Mas a situação era um completo caos. Guardas-chuvas voando, meu poncho voando também, chuva torrencial e ventos de mais de 100 quilômetros. As pessoas simplesmente não conseguiam andar. Eu peso quase 90 quilos e quase era arrastado. Aos poucos, fui conseguindo entrar na igreja, empurra daqui, toma um empurrão dali. Depois de enfrentar dezenas de espanholas baixinhas, gordinhas e com pouca educação, cheguei a um lugar de onde conseguia ver o altar - se a coluna não começasse a se mexer.
Durante a missa, o bispo colocou algumas pessoas para falar e o ato ecumênico acabou se transformando em ato político, embora a religiosidade ainda predominasse. Os padres falaram pouco dos peregrinos. A igreja abrigava centenas de pessoas, muitos turistas e gente da cidade, muitos peregrinos de todo o mundo. Pela primeira vez, vi uma concentração de negros na Espanha, gente das ex-colônias africanas, outras, acompanhadas por religiosas de várias nacionalidades. A cidade também recebia a visita do primeiro-ministro da Espanha, Zapatero. Me lembrei que temos um torneiro, como presidente, que também é um toureiro por conta do cargo que ocupa.
O clima na missa chegou perto da confusão, várias vezes o padre pediu silêncio. Nada. Na hora da comunhão, havia tanta gente, que os padres, eles mesmos iam ao encontro dos fiéis para lhes dar a comunhão. E iam em direção a determinados pontos, indicados pelos guarda-chuvas carregados por moças que atuam na segurança da catedral. Neste momento, um ato inesperado.

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