Encontros e desencontros do Caminho - Introdução
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Autor Fernando Tibiriçá
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 1/29/2006 9:20:48 PM
Todo o dinheiro arrecadado com a venda da primeira edição deste livro será doado à C.O.T.I.C. – Centro Organizado de Tratamento Intensivo à Criança – uma ONG situada à Rua do Horto, 805, Horto Florestal, São Paulo, telefone (11) 6261-5797.
Decidi fazer essa doação por um telefonema que recebi na véspera da minha viagem para a Europa: uma mulher disse que a entidade estava arrecadando dinheiro para a compra de equipamentos para uma criança chamada William. Essa senhora contou que o pai e a mãe desse menino tinham tentado afogá-lo em uma banheira e ele havia ficado com sérias seqüelas. Na hora, meio que para despachá-la, disse que retornaria a ligação em momento oportuno.
O fato é que, fazendo o caminho de Santiago, me lembrei daquela história e muitas vezes me imaginei no lugar desse garoto que viu, através da água, os rostos dos seus pais não o socorrendo – e os pais foram feitos para socorrer – mas tentando matá-lo. Pensei, ainda, que tipo de memória dos pais esse menino vai levar para a sua vida. Acho que é melhor que ele não tenha memória nenhuma dos pais. Memória do que? Da crueldade e estupidez extremas a que o ser humano pode chegar?
Essa constatação me deixou mais do que triste, me deixou indignado. Decidi me mexer. A primeira edição deste livro foi publicada em Março de 2005.
Todos os direitos reservados, segundo a Lei n. 9.610/98, à Fernando Tibiriçá de Sant’Anna.
Edição de Texto, Darlene Dalto
Projeto gráfico, Fabio Luiz Alecio (Bart)
Fotos, Fernando Tibiriçá
Impressão, Full Quality
Uma curiosidade ligada ao caminho
Cheguei em São Paulo no dia 12 de outubro com as anotações prontas. Ou seja, praticamente escrevi todo o livro durante a feliz caminhada. Todo o livro significa não apenas o relato em si do Caminho de Santiago de Compostela, mas também algumas histórias do meu passado e as projeções do nosso futuro.
E elas foram digitadas pela Simone, uma assistente, que terminou a tarefa justamente em 12 de Novembro, dia do seu aniversário. O copião inicial foi acabado em 12 de Janeiro. Espero que esse relato seja lido por todos a partir de 12 de Março. E quero embarcar para a rota de Jerusalém em 12 de Julho. Provavelmente, em 12 de Agosto, terei novas anotações e considerações de mais um desafio do Caminho.
Sobre Fernando Tibiriçá de Sant’Anna
Pessoas com vários talentos são raras, são incomuns. E Fernando Tibiriçá é uma dessas peças raras.
Com pouco mais de 50 anos já dançou ao som do rock’n´roll, inventou e dirigiu algumas das mais agitadas casas noturnas de São Paulo, produziu e dirigiu shows importantes, até desfile de moda. Teve uma corretora de seguros, foi publicitário, lançou o BIP (esse mesmo!), vendeu máquinas de fazer cachorro-quente e lançou redes, barracas e casacos para as Forças Armadas. Escreveu, produziu e dirigiu para a TV programas de variedades, shows de música, corridas de motocicleta. Teve uma banda de rock.
Foi lançado como candidato a prefeito por Hermeto Paschoal e foi confundido com o cantor Tom Jones, aqui e nos EUA. Também organizou um importante torneio de karatê e teve um canil de criação de cães São Bernardo e Rottweiller, com vários campeões nacionais e internacionais.
Tudo isso, não necessariamente nessa ordem.
Hoje, ele é a alma da “Manga Rosa”, importante casa noturna com música eletrônica de São Paulo. Mas ainda encontra tempo para olhar para o seu espírito e para o Universo. Por isso fez o Caminho de Santiago de Compostela - os 800 km - inteirinhos a pé. E sozinho. Outros caminhos virão. Agora, é a vez desse livro.
Fernando já plantou árvores e teve um filho.
Introdução
Meu negócio sempre foi o esporte radical urbano: sempre gostei de caminhar para desestressar. Nasci e ainda moro em São Paulo, nessa fascinante e perigosa selva de pedra. Muitas vezes, lá pelas oito da noite, quando meu escritório de trabalho ficava na Avenida Faria Lima, voltava para casa, nos Jardins - um delicioso bairro nos arredores da Avenida Paulista - a pé. Ia sempre desviando ou escapando de carros, ônibus, motos, bicicletas, de cães soltos, trombadinhas, bêbados, trombadões, de policiais pouco amáveis, da escuridão, de buracos nas ruas e calçadas, cocôs de cachorro, de gases dos carros e ônibus, sinais quebrados, seguranças particulares desconfiados e, às vezes, de uma garoa ou chuva repentinas. “Esporte radical é esse!”, eu pensava.
Em 2000 comecei a caminhar, a conselho médico, depois de uma cirurgia. Andava quilômetros e quilômetros buscando a boa forma física, o melhor funcionamento dos órgãos internos e energia de Deus. Dei muitas voltas ao redor do prédio em que moro, duas, três vezes ao dia. Uma ou duas horas de cada vez. E funcionou. De quebra, aprendi que poderia caminhar e meditar ao mesmo tempo e, com isso, atrair pensamentos positivos.
Tenho algumas amigas e alguns amigos que me são muito caros. E, conversando com essas pessoas, comentei que estava gostando dessas caminhadas e que já estava pensando em ir ao Tibet para fazer uma peregrinação espiritual e sentar no alto das montanhas para conversar com Deus. Uma dessas amigas me disse que eu não precisava ir tão longe para desfrutar de uma experiência espiritual; que ela já havia feito o Caminho de Santiago de Compostela. E sugeriu que eu fizesse esse Caminho. Eu só o conhecia através do livro do Paulo Coelho, “Diário de Um Mago”, ou de matérias de jornais ou TV.
Resolvi topar o desafio e me programei para atravessar sozinho os 800 quilômetros em pouco mais de 40 dias. Contratei uma nutricionista, uma personal trainer e uma professora de inglês e de espanhol. Comecei a estudar e, em agosto de 2004, estava embarcando para a Espanha.
Imaginava que teria pela frente dias e noites suaves, mas a coisa acabou se revelando um grande desafio, tanto pelas condições ambientais - frio, chuva, calor insuportáveis - quanto pelas lesões físicas. Acabei me deparando com o desconhecido, com o imprevisível, com o imponderável, com o inesperado, de tal forma que, várias vezes, fiquei tentado a desistir.
Mas a atenção, a vocação, a inspiração e a percepção geraram confiança, determinação e muito amor para que eu pudesse enfrentar o isolamento e a solidão e conseguisse, enfim, completar todo o Caminho.
Leia os 18 Capítulos neste Site ou peça o livro completo via e-mail que o enviarei gratuitamente com prazer.
Texto revisado por Cris
Avaliação: 5 | Votos: 135
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