Enquanto Houver Harmonia
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Autor Isabela Bisconcini
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 07/11/2008 13:06:01
Algumas semanas atrás estava tomada pelos sobressaltos dos tempos atuais: seqüestros, a crise financeira mundial, mortes, assassinatos... Enfim, reflexos de alguns dias conectada na mídia (normalmente prefiro me alienar dos noticiários), fora os desafios do cotidiano. Saí de casa numa terça a noite com a cabeça acelerada, cheia de interrogações, aflita e com o coração apertado para assistir ao espetáculo de um amigo, do Luiz Bueno. Era uma apresentação do Duofel, duo de violões do Luiz e do Fernando Mello. É incrível o poder transformador da arte! O impacto que a música com alma - aquela que tem harmonia, melodia e ritmo - tem sobre nosso sistema energético; sobre nosso ser como um todo: corpo, emoções, mente e espírito. É algo que se percebe de imediato: senti que começava a relaxar enquanto era gentilmente convidada pelos músicos a me envolver... Minha respiração foi se abrindo e acalmando à medida que ia ficando encantada e curiosa pelos malabarismos sonoros. A beleza proposta e solta no ar pelas cordas dos vários violões utilizados repercutia em cada um na platéia. A harmonia é um poder restaurador de nossa energia.
Conversando com o Luiz outro dia, ele dizia de como hoje a música perdeu dois de seus elementos primordiais: a harmonia e a melodia e ficou só com um elemento deste tripé: o ritmo. Ele dizia como isso repercute em falta de profundidade; em sentir e ver tudo de uma forma chapada. E é essa tridimensionalidade do sentir, ou seja, a profundidade com que é possível ser tocado que nos faz Humanos e que é linda. A música, quando tem alma, é a forma mais rápida de nos levar de volta para o centro (às vezes perdido). É inevitável. É fisiológico. Sentimos pela longa respiração de alívio que damos. Algo no coração se acalma e diz: “tá vendo?.. Então... é isso! Calma... Aqui, fica aqui.” E o seu espaço vai ficando suavemente mais leve e aberto e você se emociona e isso te lembra que você tem possibilidade de sentir e este é o seu maior trunfo: estar desperto! Não estar amortecido! Faça um teste: trafegue pela cidade por uma semana ouvindo música clássica e sinta a diferença... Você é puxado para dentro, levado de volta para o seu espaço interno.
O seu coração responde a tudo que acontece.
Você ressoa com tudo a que é exposto.
Automaticamente você, diante da beleza, começa a afinar os seus instrumentos internos recém despertos... Isso te faz sentir melhor, inevitavelmente. A voz da alma é o amor. Sentimos amor e gratidão quando nossa alma recebe espaço... Quando ela é convocada. Enquanto houver harmonia, melodia, ritmo e beleza, tem solução! Recuperamos o espaço perdido e pela profundidade e abertura do espaço podemos enxergar novas soluções.
Enquanto houver tridimensionalidade há possibilidade de desdobramentos e nesse movimento há crescimento.
Depois me lembro sempre de uma frase da Clarissa Pinkola Estés: “o desespero não come no meu prato”.
Lembre-se de respirar e voltar ao coração sempre que começar a ficar acelerado, angustiado, preocupado ou desesperado. Ouça música com alma. Cultive a sua alma. O trabalho da alma sustenta. A maior contribuição de Jung foi nos ensinar que cultivar a alma é um gesto decisivo para a realização e para uma vida significativa. A esse processo Jung chamou individuação. O desenvolvimento da alma não brota espontaneamente. Depende de o cultivarmos; de sermos ativos nisso. Enquanto houver harmonia tem solução.
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Isabela Bisconcini é Psicóloga Clínica e Consteladora Sistêmica. Terapeuta EMDR. Terapeuta Floral, Reiki II, NgalSo Chagwang Reiki, AURA-SOMA. Deeksha Giver. Dedicou-se por 25 anos ao estudo da psicologia budista e prática do Budismo Tibetano. Participou do Centro de Dharma da Paz desde 1988, quando Lama Gangchen Rinpoche o fundou. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |