Ensinamentos do Srimad Bhagavatam: XX
Autor Marcos Spagnuolo Souza
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 15/10/2007 10:18:32
O Srimad Bhagavatam é um comentário sobre o Vedanta-Sutras elaborado pelo sábio Sukadeva Gosvami aproximadamente 5000 AC. Nas explanações feitas por Sukadeva ele transmite também os ensinamentos de vários transcendentalistas. Estamos escrevendo vários artigos com os conhecimentos do próprio Sukadeva Gosvami e neste artigo, continuação do anterior, vamos mostrar as colocações de Sukadeva a respeito da família; comportamentos incorretos referentes à liberação; atitudes corretas visando à liberação e o momento exato da morte.
Família
Os membros familiares, neste mundo material, são rotulados de esposas ou maridos e filhos, mas, na verdade, eles se comportam como tigres e chacais levando a força todos os seus bens. A vida familiar é um campo de atividades luxuriosas. Enquanto o desejo de desfrutar da vida familiar não for incinerado por completo as ervas daninhas da vida familiar não param de germinar. Enquanto as sementes do desejo não forem destruídas as atividades luxuriosas não serão destruídas. A alma condicionada, absorta na vida familiar, estando apegada à riqueza e posse material, está totalmente envolvida pela energia ilusória. Neste mundo, na vida familiar, as pessoas ficam sempre mais envolvidas na infelicidade. Na vida familiar não há nada favorável à felicidade perene.
O envolvimento na vida familiar é a causa básica do apego material, dos desejos infatigáveis, da melancolia, da ira, do desespero, do medo e do desejo de falso prestígio, todos os quais acarretam repetidos nascimentos e mortes. A felicidade material, centralizada na vida sexual na esposa ou no marido, causa muitas misérias. Os materialistas são muito apegados aos seus atuais confortos corpóreos e aos confortos que pensam ter no futuro. Vivem absortos em pensar em suas esposas, maridos, filhos e riqueza e temem abandonar seus corpos, que estão cheios de excrementos e urina.
Comportamentos Incorretos Referentes à Liberação
Os atos destinados a neutralizar as ações de aprisionamento da alma ao corpo são atos materiais, eles não tirarão da alma corporificada a tendência de executar atividades materiais. Não existe desligamento da alma do Universo material submetendo-se a austeridade, penitência e outros métodos de expiação. Assim como um pote que conteve bebida alcoólica não pode ser purificado mesmo que seja lavado nas águas de muitos rios, assim também, a alma corporificada não pode purificar-se pelos processos de expiação, mesmo que executem por muitos anos.
A piedade em si também não é um processo que leva a alma transcender as limitações do corpo grosseiro e dos corpos sutis, pois, a piedade é uma ação no modo da bondade que é uma das manifestações da energia material.
A alma corporificada envolta em atividades materiais vive uma vida de especulações mentais, trabalhando para manter seus desejos e de sua família, assim sendo, mesmo que adote a prática de meditação não consegue desvencilhar-se da energia material que o envolve. Assim como os seres aquáticos sempre desejam permanecer na vastidão da água, por natureza, as almas condicionadas desejam permanecer na vastidão do mundo material, principalmente valorizando seus corpos, buscando riqueza, conforto e sexo.
Os rituais religiosos, as práticas de expiação, as várias formas de piedade e de meditações são mecanismos construtivos de aprisionamento da alma ao cativeiro material.
Atitudes Corretas Visando a Liberação
Enquanto a alma corporificada não tiver consciência que ela não é o corpo terá desejos para manter atividades materiais.
A alma corporificada não conseguirá libertar-se de todos os apegos ao corpo e ao mundo material enquanto tiver desejo em relação ao corpo grosseiro e corpos sutis. Assim sendo, o aprisionamento ao Universo material está diretamente relacionado com o desejo da alma corporificada.
A liberação é justamente a ausência total de desejo e muitas almas corporificadas apesar de possuírem muitas experiências de vida material não conseguem enxergar que a morte inevitável é justamente a negação dos desejos humanos.
Momento da morte
A alma corporificada esquece o grande perigo da morte iminente. Ela sabe que a morte fatalmente virá, contudo, mantém-se obstinada e negligentemente apegada as manifestações materiais mantendo o desejo de desfrutar da “felicidade” material com o dinheiro adquirido.
Se no exato momento da morte a alma condicionada não anula todos os seus desejos em relação ao corpo e ao mundo material continuará a viver com seus corpos sutis dentro do Universo material. Antes que a morte venha à alma corporificada deve rapidamente eliminar todos os apegos ao mundo material para não ser pego de surpresa e continuar prisioneira e sujeita aos turbilhões das energias materiais.
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