ENTRE A SINCERIDADE E A BOA EDUCAÇãO
Autor Silvana Giudice
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 3/30/2009 2:38:45 PM
Cheguei a conclusão, que quando eu era criança, meus pais não me ensinaram a ser sincera.Não só os meus pais, mas também o de outras crianças.
Não pegue mais do que dois biscoitos, é feio!
Pôxa, mas eu estava morrendo de vontade de comer mais um! Aí com o aval de minha mãe, mentia: não, muito obrigado, estou satisfeita.
Ah! que gracinha a sua filhinha. Que educada!
Gostou do vestido que a madrinha te comprou? Quer trocar?
Não madrinha, eu gostei!
Horrível, uma verdadeira estampa de "palhaço".
Vem uma prima: achou bonito o meu novo corte de cabelo?
Achei!!
Bem...no íntimo não era bem isso que eu pensava...mas como dizer?
E depois se descobrem, uma de suas mentirinhas infantis, vem aquela bronca: "Com quem voce aprendeu a mentir"??
Como diz a Copélia de Toma lá dá cá: Prefiro não comentar!!!
Mentimos, fingimos, disfarçamos, porque é educado, de bom tom. Quero dizer: FALSO mesmo!
Quantos de nós, não desempenhamos durante o decorrer de nossas vidas, papéis sorrindo, trocando amenidades, para ser bem quisto, bonitinho, aceitável?
Fazemos malabarismos para que o "outro" não se sinta mal. E nós??
Se o outro é importante, porque nós também não somos???
Porque não posso sentir? Porque não posso dizer o que sinto?
Que jôgos inconcebíveis! Eu minto prá voce, finjo e além de tudo ainda me desrespeito?
Sim, porque quando externo aquilo que não acredito, estou sendo desonesta com o outro, mas também comigo mesma.
No meu tempo de adolescente não era comum beijarmos logo no primeiro encontro.
Lembro um dia, que a mãe de uma amiga nos falava: Olha, não beijem no primeiro encontro, só no quarto, ou daí prá frente.
Beijar no primeiro encontro é coisa de menina fácil.
A minha amiga, foi logo argumentando: quer dizer, que se no terceiro encontro ele insistir em me beijar, eu tenho que falar...Calma! a semana que vem a gente se beija? Aguenta mais uma semana?
Dá licença mãe, que falsidade!
Aprendemos que o nosso querer não importava. O que importava mesmo era nos acharem educadinhas, direitinhas, bonitinhas, submissinhas, engraçadinhas....e bobinhas!
O namorado perguntava: aonde voce quer ir?
Ah! voce é quem sabe.. O que voce gostaria de comer? Escolhe voce!
Como então tomar contato com os nossos sentimentos, se nos proibiram desde cedo a não ter o direito de externar as nossas vontades?
Hoje muitos adultos, ainda não conseguiram se libertar destas vozes do passado de pai, mãe, avós, professores...
Acredito, que a resposta mais apropriada é aquela que surge num estalo, num flash. Isso é pensar e sentir!
Mas, como ser espontâneo, sem magoar ou ofender a outra pessoa?
Sendo fiel a gente mesmo e dizendo da forma que gostaríamos de ouví-la.
Precisamos somente sermos amorosos.!
Para expressar as nossas vontades e verdades não precisamos nos vestir de uma armadura de agressividade.
Podemos sim, sentir e posicionar nossos pontos de vista, sem que o outro se sinta agredido, de um jeito delicado, gentil, mas principalmente sincero.
Entretanto, se o outro mesmo assim se sentir "ofendido", "melindrado", o problema é única e exclusivamente DELE.
Silvana Giudice
terapeuta holística
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