Estar só!

   

Autor Paulo Salvio Antolini

Estar só!

É comum ouvirmos pessoas se dizendo cansadas de estarem sós. Que precisam arrumar uma companheira ou companheiro, que não ter com quem compartilhar é muito ruim. É verdade. Não ter alguém para dividirmos nossa vida é incomodo e até doloroso em alguns momentos, principalmente porque somos seres preparados para viver em comunidade. Para compartilhar e somar nossas experiências, vivendo assim um constante trocar com o outro.

Mas nem sempre nossa busca por outra pessoa esta alicerçada em princípios saudáveis e sólidos. Na maior parte das vezes, o fazemos para preencher uma grande carência que sentimos. Então nossa "convivência" com o outro passa a ser um constante querer. Não identificamos nosso egoísmo, nem percebemos sua existência. Queremos o outro do nosso lado para falar de nossas coisas e se ele se queixa, dizemos: "você nunca está satisfeito(a), estou aqui, estamos conversando, o que quer mais?". Quer atenção. Quer deixar de ser apenas um muro de lamentações e queixas. Quer ser vista como uma pessoa com vontade própria e também problemas a serem compartilhados.

Mas o viver a dois não deveria ser apenas para se ter alguém com quem repartir os problemas. Deveria, sim e principalmente, ser a busca por situações felizes para o conviver. Uma premissa é certa: para estar bem com alguém, antes temos que estar bem conosco. Há pessoas que não conseguem passar algumas horas sozinhas, imaginem então um ou mais dias! Quando estamos sós, após passar os momentos de agitação interior e quando vem a quietude, começamos a perceber então mais claramente, o que está acontecendo conosco. O que nos incomoda, o que queremos, como queremos e então podemos nos direcionar com muito mais tranqüilidade para nosso encontro com o outro.

Ao invés de ficar lamentando e em desespero por estarmos sós, devemos aproveitar a oportunidade para aumentarmos a sintonia conosco, de forma a reencontrarmos a paz e a harmonia interior. Não fugir dessa oportunidade. A fuga normalmente é propiciada por não querermos ver o que está em nós, como se fosse algo muito ruim. Mas o ruim é justamente o não ver, pois assim não podemos fazer nada de efetivo para nos sentirmos resolvidos.

Respirar fundo, aquietar a mente, conquistar um estado de tranqüilidade interior, são os primeiros passos para estamos centrados em nós mesmos. Estarmos sós não é sermos desamados. É nos propiciarmos a oportunidade de conversar intimamente conosco. É nos aprofundarmos no auto-conhecimento. Se ocorrerem angústias, não é para se fugir, e sim para olhar o que deve ser modificado e o que deve ser aceito por não ter mais o que se fazer.

Responda com sinceridade: Você, quando tem oportunidade de sair só, sem ninguém, o faz? Seja para uma caminhada, um cinema, um jantar ou lanche rápido, ou mesmo para uma viagem de férias. Ou fica buscando pretextos para não ir ou por pessoas que não têm nada a ver com você naquele momento para acompanhá-los(as)? Pessoas que apesar de queridas, naquele instante serão apenas um prolongamento do dia-a-dia, repetindo a rotina e não possibilitando o que o isolamento daquele momento propicia: o descanso interior! O repouso e a restauração da alma!  É impressionante e maravilhoso quando a sós, observamos a nós mesmos e aos que nos cercam. A dimensão em que isso ocorre é magnífica. Nossos pensamentos se aprofundam no que nos é importante e nossos sentimentos surgem com maior intensidade, desprovidos dos ressentimentos que nos assolam. Eu recomendo: Busquem estar a sós periodicamente, pois assim estarão garantindo estar consigo mesmo permanentemente. Além do quê, é a nossa possibilidade de encontro com Deus!

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