Família?!?!?!
Atualizado dia 8/11/2006 1:28:26 PM em Autoconhecimentopor Maria Cristina Gonçalves
Papai, mamãe, titia,
Família, família
Almoça junto todo dia,
Nunca perde essa mania...”
Titãs
Mãe é tudo igual, só muda de endereço. Não basta ser pai, tem que participar. Unidos pelos laços de sangue. Parente é serpente. Amigo a gente escolhe, família não.
Para descontrair, relembrei várias frases sobre família. Não nascemos sós (propriamente). Há laços ancestrais que nos prendem a esse mundo.
Família é o nosso micro universo mais importante que todo o universo ao nosso redor. Falo isso, sem julgamentos se é para o bem ou para o mal...
Na família nos descobrimos e descobrimos nossas referências: importância do indivíduo, anulação, auto-estima, ‘baixa-estima’, competitividade, ciúme, inveja, amor, solidariedade, rivalidade, amizade, decepção...
Enfim, antes de cairmos nas “armadilhas” do mundo, de uma forma ou de outra, já as experimentamos no nosso lar. Já reparou como nesse pequeno grande universo recebemos e plantamos as sementes que nos levarão ao sucesso ou ao fracasso, à confiança ou insegurança, à generosidade ou egoísmo, a solidariedade ou altruísmo? Pobre família! A ela imputamos as causas das nossas derrotas (principalmente) e vitórias (nem sempre).
A família espera da gente determinado tipo de comportamento e nós desejamos dela a mesma coisa (ou muitas vezes o comportamento inverso ao adotado). Mas esse “contrato”, essa obrigação ou expectativa que devemos “seguir a boiada”, agir conforme o que se espera da gente, pode ser quebrado a qualquer momento.
Calma! Não estou pregando uma quebra transversal, raivosa, radical, eterna ou algo assim.
Estou dizendo que é possível mudar, ser diferente, saber separar as boas das más influências. Escolher o próprio caminho...
Tanto é lastimável repetir os velhos erros e condicionamentos quanto se condicionar a viver sem felicidade e realização.
Temos sim a obrigação de sermos melhores: para os outros e para nós mesmos.
Já imaginou se evoluíssemos a cada geração? Uma lapidando a outra e presenteando a Terra com seres mais completos e donos de si? Espero sinceramente que meus filhos sejam melhores do que eu, e eu melhor que os meus pais.
Por outro lado, quero considerar que sinto, nos dias de hoje, um extremo desinteresse das pessoas em relação à própria história familiar, mais abrangente - fora do núcleo pai, mãe e filhos – envolvendo ancestrais como avós, bisavós, tios-avós, tios, primos distantes...
Como desperdiçar essas preciosas informações sobre nós?
Atualmente está em voga a rapidez, a velocidade. Vivemos tempos de realidade líquida. Não temos tempo (ou não queremos ter esse tempo?) de saborear a vida, prestar atenção na vivência do outro... “Não tenho tempo nem para mim, vou perder o que me resta ouvindo a história dos outros?”, você pode estar se perguntando.
Que pena... o mundo mudou depressa demais e nós estamos no meio do caminho, tanto das revoluções quanto das adequações. Ainda precisamos de bases sólidas para erguer nossas estruturas, precisamos nos sentir acolhidos, validados...
Por isso que falar de família é tão controverso...
Estarei eu querendo demais? Tendo elucubrações sem fundamento? Mas insisto: abramos espaço para a nossa história familiar e também para a história dos que estão ao nosso redor (não vale somente para as histórias de sucesso e enriquecimento).
Assim, torna-se mais fácil nos reconhecermos diante dos nossos semelhantes. Além disso, é um direito dos nossos descendentes saber de onde vieram, para traçar aonde querem chegar.
Isso sem jamais esquecer: não há nenhuma cláusula nesse contrato capaz de nos impedir de escolher nossos próprios caminhos, de melhorarmos nossa essência e, efetivamente, sermos nós mesmos! Sem culpa nenhuma!
Para finalizar, deixo uma dica de leitura: o livro Projeto Secreto – Universos, de Silvia Malamud Kormes, publicado pela Editora Gente, uma ficção que aborda a quebra de contrato e a realização pessoal em diversas dimensões.
Texto revisado por Cris
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