Felicidade
Atualizado dia 10/10/2007 4:12:28 PM em Autoconhecimentopor Nelson Sganzerla
Naquele tempo eu não me preocupava em como encontrar a felicidade, ou o caminho que me levasse a ela. Era só acordar, passar o dia brincando e lutar contra o sono à noite, quando havia visitas em casa e fazíamos de tudo para chamar atenção.
Lembro-me de como eu era feliz sem saber o que era a felicidade, sem saber o que era tristeza; é claro que a dor eu já conhecia, pois houve um dia que caiu um vaso de cimento pesado em meu pé e lá se foram todos os meus dedinhos e como eu chorava; mas, passado o susto, lá estava eu feliz novamente mesmo que com o pé engessado.
Um certo dia, numa manhã de Dezembro (era Natal) - o costume era irmos dormir sem nenhum presente na véspera, vencidos pelo sono; quando acordei e vi ao lado da minha cama uma esplendorosa bicicleta, o sonho de todo garoto aspirante a homem.
Na época, ter uma bicicleta era ter o poder nos pés, era poder ir de um bairro ao outro, ir até a mercearia ou até a venda buscar o pão e o leite e ficar com o troco, era ir rapidamente à casa da tia levar um recado da mãe; as calçadas eram largas e os automóveis não eram conduzidos por assassinos em potencial.
Mas, voltando àquela manhã de domingo, quanta felicidade por uma bicicleta, quanta felicidade pelo maravilhoso presente, que nem pude esperar para tomar café. Logo lá estava eu mostrando meu presente para o mundo, como se o mundo se importasse com minha alegria.
Hoje, relembrando a minha infância, pude me certificar que, além da bicicleta, tive outros presentes e muitos outros momentos felizes; como quando ganhei meu primeiro cachorro e tempos depois tive vários (Jimmy, Peri o Boby). Vieram também os gatos, a tartaruga que minha avó me deu, de tanto eu insistir, o coelho que fiz minha mãe comprar em uma feira, sem contar os peixinhos que morriam depois de uma semana de total descuido.
Não me lembro de nenhum momento infeliz. É claro que existiam os momentos do castigo de não poder ir à casa do Tito, do Daniel (grandes amigos de infância) mas, pensando bem, não eram momentos tristes pois eles vinham em casa e brincávamos no meu quintal; É, naquele tempo existia quintal e era bem grande, ou eu que era pequeno demais.
Tempos de criança, tempos dourados, tempos que nossa memória às vezes nos deixa esquecer, mas são tempos que deveríamos sempre lembrar, pois na maioria das vezes éramos felizes.
Agora, já adultos, vivemos preocupados por hoje e pelo dia de amanhã. Já não nos permitimos gargalhar como quando crianças, não deixamos aquele guri que está em nós conduzir-nos como fazia no passado.
O adulto tomou a frente e já não consegue ter nem um terço da felicidade da infância. O rosto marcado pelos rancores e amarguras estão cristalizados, as mãos pesadas e fechadas pelo egoísmo, os ombros pesados e curvados como se carregasse um fardo: a própria vida.
Hoje, da nossa infância aos dias de hoje, passaram-se quantos anos? Vinte, trinta, quarenta, cinqüenta, setenta... é muito pouco, não? Quantos mais teremos pela frente? Quão distante estamos da criança que somos... isso mesmo, somos, pois ainda estamos vivos e essa criança só está adormecida dentro de nós.
Pense nisso.
Muita paz.
Texto revisado por: Cris
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