Gratidão! Um poema que toca o coração.
Atualizado dia 4/20/2006 5:49:18 PM em Autoconhecimentopor Paulo Valzacchi
Muito obrigado pelo ar, pelo pão, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que meus olhos notam na natureza,
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar,
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil e se detém na terra verde salpicada de flores em tonalidades mil.
Muito obrigado, Senhor, porque posso ver meu amor.
Mas diante de minha visão detecto cegos que tropeçam na escuridão
Que andam na multidão e que choram na solidão.
Por eles oro e a ti imploro comiseração!
Porque sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão.
Muito obrigado pelos ouvidos meus
Que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro,
A melodia do vento nos ramos do salgueiro,
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro.
Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar,
A melodia dos imortais que a gente ouve uma vez e não esquece nunca mais,
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro.
Pela minha faculdade de ouvir, pelos surdos quero pedir-te,
Porque eu sei que depois dessa dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir.
Muito obrigado pela minha voz
Mas também pela sua voz.
A voz que canta, que alfabetiza, que ilumina, que solfeja uma canção, que legisla.
Pela voz que emite a melodia de sua própria voz
Mas diante de minha melodia detecto, na Terra, os que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles porque sei que, depois desta prova, na vida nova
Eles cantarão.
Obrigado pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram, que semeiam.
Mãos que agasalham,
Mãos de ternura,
Mãos que libertam da amargura,
Mãos que apertam mãos,
Mãos dos adeuses, de caridade e de solidariedade,
Mãos que escrevem poesias,
Mãos de cirurgia,
Mãos de sinfonia,
Mãos de psicografia,
Pelas mãos que atendem a velhice, a dor, o desamor,
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio,
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar.
Muito obrigado, Senhor, porque posso caminhar.
Mas diante do meu corpo perfeito
Olho na Terra e encontro paralisados, maltratados, amputados, marcados, deformados.
Oro por eles
Porque sei que, depois desta expiação, na outra reencarnação
Eles também bailarão.
Obrigado, por fim, pelo meu lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se esse lar é uma mansão ou uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, seja lá o que for...
Mas que, dentro dele, exista a figura do amor,
O amor de mãe ou de pai,
De mulher ou de marido,
De filho ou de irmão.
A presença de um amigo,
Alguém que nos dê a mão.
Pelo menos a companhia de um cão,
Porque é muito doloroso viver na solidão.
Mas se eu ninguém tiver para me amar,
Nem um teto para me agasalhar ou uma cama para repousar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, cantarei!
Obrigado, Senhor, porque nasci!
Muito obrigado porque eu creio em ti
Pelo teu amor, obrigado Senhor!
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Texto revisado por Cris
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