Lição de Humildade
Autor Shee Sheerran
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 5/18/2008 9:42:18 PM
Minha percepção de outras dimensões sempre foram muito aguçadas desde pequena. Mas uma coisa me intrigava muito. Sempre que me via em algum apuro, sentia um perfume de rosas molhadas depois de uma chuva de verão. Já sentiram isso?? Esse aroma de rosas depois da chuvarada? Uma delícia. Tem cheiro de energia telúrica da mais pura.
Pois bem... era esse cheiro que me ajudava a elevar meu padrão de vibração me safando de boas.
Uma vez, tinha saído de casa para ir ao encontro de alguns amigos, desci do onibus num ponto muito depois do combinado. A noite estava escura e o local ermo demais pro meu gosto. O medo já ia avançado quando um grupo de rapazes começou a se dirigir pro meu lado em algazarra. Gelei. Imediatamente o perfume chegou e se espalhou a minha volta... eles passaram por mim e ainda ouvi um deles dizer... "Ué cadê aquela mina? Juro que tava aqui!".
Dessa e de outras situações esse perfume me livrou, se assim posso dizer.
Uma vez recebi a visita de uma amiga e durante nosso cafézinho o perfume se espalhou novamente pela sala. Ela uma vidente de primeira e que hoje já habita outras esferas, me disse: "Nossa, que moça linda. Loira, alta, com uma braçada de rosas!!! Parece ser a sua mentora espiritual. Nossa!!! Seu nome deve ser Virgem das Flores"
Eu... iniciando nas artes da incorporação num centro onde pretendiam desenvolver minha mediunidade (coisa impossível de se fazer, pois mediunidade não se desenvolve, se educa) e que só admitiam incorporação de seres brancos e elevados, numa das aulas onde foi permitido que houvesse manifestação eu senti novamente o perfume... não só eu mas todos que estavam na sala.
O perfume se espalhou para espanto de todos. Os comentários eram "Quem será? Quem vai receber essa entidade de tão alto padrão de vibração? Deve ser o... pois ele sendo o dirigente do centro, uma entidade assim só pode se manifestar por ele"... e assim por diante... nem vou dizer mais quantas bobagens foram ditas nessa hora.
Eu fiquei encolhidinha no meu canto. Realmente eu achava que receberia um dia a minha mentora, a tal Virgem das Flores, mas não assim, antes dos mais importantes do centro.
Mas a vida e o plano espiritual nos pregam peças e nos dão lições de humildade, respeito e se não entendermos assim mesmo, nos dão bons puxões de orelha.
Nesse dia confesso... minhas orelhas ficaram mais compridas do que as do Dumbo, o elefantinho dos contos infantis.
Mas mais uma vez "Eles" me pregaram uma peça e me colocaram para exemplificar para os outros e para mim mesma, já que eu achava que receberia nada mais nada menos que a Virgem das Flores, fosse ela quem fosse... mas era loira, linda e de bom gosto e não uma preta velha falando errado e se utilizando de baixos padrões de vibração para se manifestar.
De repente comecei a ficar atordoada e sem que pudesse controlar iniciei uma fala meio "tati bitati". As pessoas me olharam horrorizadas... o perfume se intensificou... eu falava cada vez mais coerente... as palavras saiam em enxurrada e a lição que todos nós recebemos nessa noite, não deve ter sido esquecida por nenhum dos participantes daquela aula.
A cada silaba ela colocava um "Z". E foi falando com cada um, contando coisas que só a pessoa sabia e que ninguem mais entendia... e fez questão também de contar sua história.
Disse ter nascido no Brasil Império, trabalhado como ama de leite e que sua pele era tão negra como a noite.
Disse ainda o que a escravidão representava para ela como aprendizado.
Que ela tinha sido orgulhosa de sua pele branca em outra época... e nessa vida de negra escrava tinha aprendido a humildade, o trabalho de doação, já que alimentava com seu leite os filhos dos donos e que tinha aprendido a curar as suas dores e a de seus companheiros de senzala com as ervas do mato próximo a casa grande, pois não possuiam nada mais do que a vida.
Confesso que essa foi a maior lição da minha vida.
Passei a amar incondicionalmente esse Ser.
Ela passou a fazer parte da minha vida e a principal orientadora dos meus filhos.
Carinhosa, meiga, fala com doçura mas com uma profundidade incrível. Ensina meus filhos o caminho correto e corrige as rotas de cada um deles.
É comum eles chegarem em casa cabisbaixos e pedirem "Me deixa falar com a Aparecida? (assim ela quer ser chamada) ".
Depois de uma reuniãozinha particular com ela... eles saem felizes e resolvidos.
Tenho muito a agradecer a ela... muito mesmo... além de situações engraçadas os seus sábios conselhos.
A cada viagem, a cada saida de casa para passeio ou trabalho... ela sempre me diz.... "eu vou na frente e se alguém olhar para o onibus... o carro ou mesmo o avião... vão me ver na janelinha... olhando para fora... e deixando o meu lencinho voando ao vento".
Uma vez quando ainda eu morava no Japão ela me disse: "Hoje andei de shinkansen (o trem bala japones) e um japones me viu na janela... eu acho que assustei o coitado, imagine nesse país de pessoas de pele amarela e olhos rasgados... ver uma preta velha na janela de um trem de luxo". E riu muito... no seu riso cristalino, adorável.
Hoje eu resolvi, depois de tantos anos de convivência... homenagear essa amiga, mãe e companheira minha, de minhas amigas e principalmente dos meus filhos.
Obrigada pela dedicação de tantos anos minha querida Aparecida... simplesmente Aparecida... a minha Virgem Negra das Flores.
She
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Escritora, terapeuta (TVP), palestrante, curso de energização e retirada de implantes. Atendendo agora em Alto Paraiso (GO). Consultas: (62) 3446-1990 E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
