MEDITAÇÃO: A Arte da Atenção
Atualizado dia 15/06/2020 09:50:42 em Autoconhecimentopor Wiliam Wagner Silva Sarandy
"Este universo não está fora de você. Olhe para dentro de si mesmo, contemple toda a sua imensidão!". [Rumi]Muito mais do que definir o que é meditação, o importante é vivenciá-la. No entanto, se há a necessidade de uma prévia definição, que seja simplesmente esta: meditação é a arte da atenção. Meditar, portanto, significa buscar a plena atenção de si mesmo, de seu ritmo respiratório, de se sentir presente; relaxando o corpo e esvaziando a mente.
Quanto à atuação sobre a mente, a meditação busca um estado de não-mente. O interessante é que sem a interferência da mente, a meditação promove um resultado de plenitude consciencial e, a partir dela, o realinhamento de propósitos, o autoconhecimento e o bem-estar consigo mesmo.
As técnicas de meditação permitem um significativo e saudável movimento de interiorização e de integração. Torna a mente mais ativa e disciplinada, auxilia o centramento pessoal e, ao mesmo tempo que amplia a consciência da individualidade, conduz a uma melhor percepção da totalidade.
Após os exercícios de meditação, especialmente quando complementados por técnicas de respiração, relaxamento ou visualizações, podemos nos sentir mais serenos, vitalizados, seguros, favoráveis à percepção de insights e harmonizados emocionalmente.
Através da meditação diversos padrões tóxicos conscienciais que impedem o fluxo normal da energia vital são compreendidos e ressignificados.
Porém, tão importante quanto a realização de técnicas de meditação é se colocar em uma atitude meditativa perante a vida, ou seja, em atenção plena a si mesmo, desde os seus afazeres rotineiros, às suas emoções e às suas manifestações da mente, com plena consciência de suas necessidades pessoais e transpessoais.
1. Efeitos Neurológicos da Meditação:
A prática da meditação produz efeitos no cérebro que proporcionam respostas dos neurotransmissores.
A meditação é uma das técnicas mais estudadas, talvez pela influência que exerce em diferentes funções cognitivas.
Ao meditar se deve esvaziar a corrente de pensamentos, podendo se utilizar de recursos como direcionar a mente a focar apenas na respiração ou em um objeto, símbolo ou som (psicoacústica), com o objetivo de favorecer a concentração e a expansão consciencial.
Assim, durante a meditação, o esforço executado pelo cérebro para se concentrar em um único ponto o torna ativo, ao contrário da crença comum de que a meditação nada mais é do que um estado de repouso.
Ainda não se sabe ao certo tudo o que ocorre no sistema cerebral durante a meditação, apesar de pesquisas recentes começarem a decifrar esses enigmas.
Ao longo dos anos, entretanto, testes com eletroencefalografia vêm demonstrando que a concentração, uma das etapas iniciais da prática meditativa, é um processo cognitivo que requer treinamento e integração de diferentes redes neurais.
Os processos neuronais estão relacionados a um aumento de atividade de redes de atenção dos lobos frontais anteriores, incluindo uma estrutura chamada Córtex Cingulado Anterior, resultando em melhora crônica da atenção e da capacidade de concentração.
A técnica da meditação proporciona a experiência de alerta em repouso, o que reduz o estresse, fortalece a comunicação entre o Córtex Pré-frontal do Cérebro e as diferentes áreas do cérebro, bem como desenvolve o funcionamento total do cérebro. Como resultado, o praticante da meditação exibe funções executivas mais fortes, com um pensamento mais prático e tomada de decisões mais perspicazes, sendo a resposta emocional mais equilibrada e mais apropriada.
2. Meditação pela Técnica da Respiração:
A respiração é uma grande aliada da meditação.
Na dimensão física, a respiração proporciona a vitalização das células, favorecendo o metabolismo do corpo físico. É o portal de acesso ao nosso sistema nervoso autônomo, pois respiramos 24 horas por dia sem que percebamos, porém podemos influir no ritmo respiratório.
Inclusive, através de um ciclo respiratório regular se obtem um eficiente instrumento para se prevenir a exacerbação dos fenômenos do envelhecimento.
Já na dimensão psíquica, a respiração é um elo de ligação entre as funções conscientes e inconscientes do ser humano. Cada estado emocional possui um ritmo respiratório característico e esse ritmo é ajustado inconscientemente. Os estados emocionais afetam a respiração e esta afeta as emoções e os estados mentais, sendo que o fluxo de pensamentos e a fala também são influenciados pelo fluxo respiratório.
Quando respiramos corretamente, há aumento significativo da energia vital, fazendo com que administremos mais facilmente as emoções, tornando a mente mais serena.
A respiração estabelece um contato interior e um intercâmbio permanente a tudo o que nos envolve. Segundo Marietta Till (1988):
"Desde que a parteira cortou o cordão umbilical, os pulmões tornaram-se a placenta que liga o homem à mãe cósmica."Assim, ao se dirigir a consciência para a respiração, se pode influir positivamente não apenas na saúde do corpo físico, mas também na saúde psicoemocional do ser humano.
Existe uma grande quantidade de técnicas respiratórias, especialmente aliadas a práticas de Yoga, Qi Gong e Reiki. Algumas, bem simples, podem ser utilizadas no nosso quotidiano.
COMO EXEMPLO, VEJAMOS...
Uma técnica simples e muito eficiente é meditar respirando. Assim, esteja atento exclusivamente ao processo de sua respiração. Se algum pensamento lhe distrair a mente, simplesmente o descarte... como quem percebe folhas ao vento..., voltando a sua atenção novamente para o processo da respiração.
a) Sente-se numa posição ereta, firme e confortável.
b) Inspire projetando o abdômen para fora, continue inspirando expandindo as costelas para os lados e dilatando a parte mais alta do tórax.
c) Esteja atento unicamente ao ritmo de sua respiração, inspirando... expirando...
d) Expire soltando a parte alta, depois a média e finalmente a parte baixa dos pulmões.
e) Faça esse exercício por 10 minutos e vá aumentando aos poucos o tempo, conforme for confortável para você.
Observar que estará aliando a prática da meditação a uma técnica de respiração, deste modo, você poderá ajustar o ritmo ao seu organismo. Poderá reduzir o tempo, caso venha a sentir desconforto, falta de ar ou cansaço. Esteja atento(a) ao seu ritmo biológico para aumentar ou reduzir o tempo ou quantidade de passos ao inspirar, reter ou expirar. Lembre-se sempre de respeitar o ritmo do seu corpo. Jamais o agrida. À medida que a meditação se aprofundar, a respiração ocorrerá normalmente e o efeito será muito relaxante.
REFERÊNCIAS:
É importante ressaltar que qualquer técnica respiratória deve causar bem-estar. Não pode produzir cansaço, desconforto e nem acelerar significativamente os batimentos cardíacos. Uma dica: verificar se durante a execução da técnica a face se mantem serena!
- As lições de Rumi. Textos para Reflexão: Um blog que fala sobre filosofia, ciência e espiritualidade. https://textosparareflexao.blogspot.com/2016/01/as-licoes-de-rumi.html. Acesso em 11/02/2018.
- GOLEMAN, Daniel. A Arte da Meditação. Rio de Janeiro : Sextante, 9ª ed., 2005.
- Mente e Cérebro. A ciência da Ioga. https://www2.uol.com.br/vivermente/reportagens/a_ciencia_da_ioga.html. Acesso em 08/10/2014.
- Meditação Transcendental. https://meditacaotranscendental.com.br/. Acesso em 08/10/2014.
- HONERVOGT, Tanmaya. Reiki interior: Guia para cura e meditação. São Paulo : Pensamento, 2004.
- TILL, Marietta. A força curativa da respiração. São Paulo : Pensamento, 1988.
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