Mitos pessoais: a jornada continua
Autor Marisa Petcov
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 04/01/2011 15:36:49
Dos mitos, realidades criadas por deuses no espaço sagrado, surgem os arquétipos: forças vitais que aparecem como atitudes, ideias ou comportamentos no espaço do humano.
Uma linha teórica aponta as situações criadas pelos deuses mitológicos (Cronos devorando os filhos, Prometeu roubando o fogo dos deuses) como situações protótipas e através delas misturam o sagrado com o humano.
O mitólogo Erich Neumann aponta o arquétipo como um modelo de impulsos ou comportamentos humanos, instintivos, que se formaram na origem dos tempos e permanecem latentes no espírito humano.
Interessante notar que já na Idade Média, Mestre Eckhart em seu Livro da Consolação afirmava a existência de um mundo ideal, onde só evoluem arquétipos. Assim, toda pessoa tem um duplo espiritual que a liga ao criador (seja quem for) e portanto fundamenta sua nobreza e sua dignidade humana, pois este mundo ideal passa ao mundo dos fenômenos, onde arquétipos encarnam em pessoas ou em realidades concretas.
Para Jung, arquétipo é um motivo mitológico cujo conteúdo está eternamente presente no inconsciente coletivo, ou seja, é comum a todos. É uma espécie de depósito das impressões superpostas, deixadas por certas vivências fundamentais, comuns a todos os humanos, repetidas infinitamente através dos milênios.
É, pois, no inconsciente coletivo que estão os arquétipos que vivem nos contos de fadas, nos romances maravilhosos, nos mitos, nas lendas, nas fábulas.
Limitando à esfera da literatura - que é meu campo de estudo - podemos definir arquétipos como representações das grandes forças ou impulsos da alma humana: o instinto de sobrevivência, o medo, o amor, o ódio, o ciúme, os desejos, o sentimento do dever, a ânsia da imortalidade, a vontade de dominar, a coragem ou o heroísmo, o narcisismo, a covardia, a inveja, o egoísmo, a luxúria, a fé (necessidade de crer no Absoluto), a ligação com a Mãe (o feminino, a Anima), o respeito ou temor ao Pai (o masculino, o Animus), a rivalidade entre irmãos... Ufa!
Tais arquétipos, no âmbito da literatura ou da mitologuia clássica, têm sido representados por figuras ou personagens arquetípicos, isto é, representações desses sentimentos que se infiltram no inconsciente coletivo definido por Jung.
E você, sabe qual arquétipo está vivendo?
Baseado nos livros O conto de fadas, Nelly Novaes Coelho - A grande Mãe, Erich Neumann - Símbolos de transformação, Jung - Dicionário de mitos literários
Marisa Petcov
Numeróloga cabalística, Sacerdotisa da Tradição Diânica Nemorensis, Contadora de histórias. Desenvolve um trabalho ligado à pesquisa dos contos de fadas como ferramenta para definir os traços reais da identidade humana.
Comunicadora do site link onde faz o programa Contando histórias e números, todas as segundas-feiras a partir das 17 horas.
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