MUITA ESMOLA, O SANTO DESCONFIA
Autor Maria Lúcia Pellizzaro Gregori
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 11/12/2010 11:35:04
A dificuldade de receber pode residir na falta de confiança que está instalada em nós e quando algo chega aparentemente de graça, em abundância, pensamos imediatamente que "ali tem coisa".
Facilmente nos esquecemos da lei de "causa e efeito" ou seja, "lei espiritual de autoresponsabilidade", que nos traz exatamente o resultado do que fizemos anteriormente, não importa quando.
Quem sabe estamos num momento de ganho pelo que já foi feito?
Somos ainda tão "engatinhantes" que sentimos medo do que nos chega como prêmio, porque, lá nas nossas crenças, existe uma que diz: "muita esmola o santo desconfia". Isso pode ser uma estratégia do inconsciente para não ficarmos devendo um favorzinho que mais tarde será cobrado.
Outras vezes pensamos distorcidamente não merecer aquilo tudo, aquele carinho enorme, aquela atenção desmedida, aquele presente inesperado e questionamos: o que essa pessoa está querendo de mim?
Muitas vezes ela está querendo apenas dar um carinho porque tem dentro de si uma disponibilidade, uma gratidão, uma alegria que precisa ser manifestada daquela forma, naquele momento, com você.
O que está dentro do outro não nos pertence, se é legítimo ou não fazer um agrado não importa, o que importa é aprendermos a receber, para que no seu oposto, possamos aprender a dar, doar sem colocar preço, sem cobranças, espontaneamente, sem máscaras amorosas que buscam um amor que não conseguem sentir.
Pensando bem, quando temos alguma dificuldade, é bom investigarmos dentro de nós o que aquilo significa, o que estamos projetando no outro que, na verdade, é uma dificuldade pessoal.
Se a gente quer crescer, se sentir feliz, precisa estar atento às circunstâncias da vida, aprender a fazer as coisas com sinceridade, baixar os julgamentos, acolher-se e transformar o que precisa ser transformado, assim que a gente percebe o autoengano.
Pedimos ajuda o tempo todo, oramos, reclamamos o que não temos e quando as coisas se apresentam no inverso do que sempre achamos que acontece, não acreditamos que aquilo seja verdade, seja merecido, seja simplesmente bom pra nós.
A arrogância, o orgulho, o medo, podem estar por trás disso tudo falando silenciosamente: isso é esmola, você não precisa, não aceite!
Ou a "esperteza" pode sinalizar algo assim: isso mesmo, pegue tudo que conseguir, já é mais do que tarde a sorte bater na sua porta.
Essas vozes internas nos confundem e nos afastam de algo muito mais simples que é apenas receber, que é agradecer e usufruir do que é nosso, por direito.
Se você não quiser, resolva o que fazer com o que chegar mas, antes de tudo, todos nós devemos esvaziar a mente da sujeirada que vamos acumulando pela vida afora, dos conceitos e valores que congelamos ao longo das nossas experiências que nos impedem de viver também na fé.
E fé, num olhar mais amplo, significa uma grande parceria que fazemos com o Universo para participar intensamente desse espetáculo gigantesco que é a vida.
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