O Amor em um Nó
Autor Regina Ramos
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 17/09/2011 09:03:44
Nó no Lençol.
A primeira vez que ouvi esta expressão, aos dezoito anos, encantei-me. Um pai contava que dava um nó no lençol da filha, para ela saber, ao acordar, que ele esteve em seu quarto e a beijou. Que bonito! Guardei esse relato na memória pela singularidade do gesto.
Um nó no lençol expressando amor e presença. Esse pai saía de casa cedinho para trabalhar e só voltava tarde da noite. Então, para a filha saber que ele estava perto dela, apesar da ausência física diária, ele dava esse nó. Um nó de afeto, de carinho, de encontro.
A beleza da simplicidade.
Vivemos submersos nesta sociedade de consumo extremo, na qual o comprar é a palavra de ordem. Dia das Crianças significa lotar as lojas para comprar brinquedos. Filas imensas, tumulto, e lá se vão os pais carregados de brinquedos para seus filhos. Às vezes se endividam para comprar o que os filhos exigem, pois hoje as crianças são exigentes! No entanto, nem sempre os brinquedos comprados são afirmação de afeto, de cuidados, de presença maior.
Um nó no lençol pode ser mais significativo do que um presente caro. Todavia, parece que algumas pessoas perderam a capacidade de perceber que há muitas formas de se expressar amor, e normalmente, são as formas mais simples que deixam marcas indeléveis.
Urge cultivarmos a simplicidade, para não sermos engolidos pelas falácias do marketing que nos impulsiona ao consumismo. Quando voltamos à simplicidade, passamos a ter mais tempo para a vida contemplativa e o estresse vai embora. Contemplar a beleza da vida contida até no pântano, acalma a nossa ansiedade e dissolve as nossas angústias. Sem estresse, mais serenos, tornamo-nos mais suscetíveis às bem-aventuranças essenciais para o regozijo da alma, que nos aquece e faz bem ao coração.
Assim como o nó no lençol, há outras maneiras ternas para dizer a alguém o quanto nós nos importamos com ele. Como esse pai, muitas pessoas também cultivam gestos assim, porém existem outras que ainda se submetem às pressões do consumo e se angustiam quando não têm dinheiro para comprar um bom presente (leia-se caro) para um ente querido.
Para que as crianças e jovens não caiam nesses engodos, é preciso que os adultos que cuidam deles deem o exemplo, mostrando-lhes o valor existente nos gestos mais simples, como o nó no lençol. A geração mais velha é responsável pela mais nova; se os mais jovens estão valorizando ilimitadamente o consumo, a falha é nossa. Nossos exemplos estão enfraquecidos. Torna-se, assim, necessário, examinar se deixamos, nós mesmos, de praticar esses gestos ternos, puros, gentis e amorosos, como o nó no lençol
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Professora de Português, Francês, História da Educação e Filosofia da Educação. Orientadora Educacional e Consultora Pedagógica. Palestrante. Taróloga. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |
