O CIRCO
Autor Eduardo Paes Ferreira Netto
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 4/24/2008 12:12:54 PM
O CIRCO
Eduardo Paes Ferreira Netto
Hoje tem espetáculo? -_Tem sim senhor!
_Às dez horas da noite? _Tem sim senhor!
_O palhaço o que é?
_É ladrão de mulher!
O pessoal do circo, circulava pela cidade anunciando o espetáculo inédito do jabuti saltador; coisa jamais vista em nenhum outro circo do mundo..
Macacos, cachorros, leões, todos cumpriram fielmente os papeis para os quais foram
exaustivamente treinados a custa do chicote de seus impiedosos treinadores.
Entra por fim na arena o treinador do jabuti com um arco numa mão e um chicote na outra; pançudo, bigodudo, uma cartola preta, botas também pretas, vestindo um fraque vemelho já um tanto desgastado, trs no colo o afamado jabuti. Posta-se no centro do picadeiro, põe o animal no chão e manda-o colocar-se num pequeno círculo desenhado no chão; o bicho a "passos de cágado" vai se aproximando sob os olhares irritados do treinador que o ameaça estalando o chicote.
A platéia grita, xinga o treinador e dá vivas ao jabuti que continua sua caminhada indiferente às ameaças.
Por fim chega o quelônio ao local indicado. O treinador posiciona o arco e ordena ao animal que salte, ele não se mexe; estala mais uma vez o chicote e nada do animal pular.Grita, xinga, ameaça, não tem jeito. O jabuti, para encanto da platéia, encolhe a cabeça para dentro da carapaça.
O treinador, várias vezes insiste inutilmente com o chicote.
Viva o jabuti, salve, hurra, hurra. O povo vibra de alegria.
O treinador frustrado volta correndo para os fundos do circo dando por finda sua fracassada apresentação.
O jabuti volta-se para a platéia, põe a cabeça para fora e balança-a a guisa de agradecimento por sua perfomance.
A lona do circo quase vem abaixo com os aplausos e gritaria do povo.
"Façamos o homem a Nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gen.1.26); infelizmente algumas criaturas não conseguem se conscientizar dessa verdade e agem como os animais, dito, irracionais que necessitam de um chicote para sua aprendizagem. Esses seres humanos esquecidos de sua filiação divina pecisarão do chicote do soofrimento e múltiplas reencarnações até que como uma pequena onda possam mergulhar no Oceano Divino.
"Eu penso, logo, existo" (René Descartes); os escritores pensam, logo escrevem. Nem sempre pensam e escrevem o que devem e por conta do livre arbítrio que o Criador lhes concedeu, escrevem o que seu nível de educação moral e espiritual lhes ditam.
A finalidade da Vida é a evolução espiritual,é a volta à casa do Pai, a busca da consciência de sua unidade com o Criador. Tudo o que se escreve deveria ser voltado para estimular os leitores no sentido dessa busca ou pelo menos de uma vida mais condizente com conceitos mais elevados de vida. O que vemos, entretanto, é a proliferação de textos que levam o ser humano exatamente a busca do oposto, a violência e a satisfação de desejos impuros, e como o jabuti de nossa história esses escritores se curvam, agradecendo à sua entusiasta platéia o crescimento de sua conta bancária, enquanto os senhores do destino lamentam tanta loucura.
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