O Círculo Vicioso do Amor Imaturo - Primeira Parte
Atualizado dia 3/2/2007 4:30:12 PM em Autoconhecimentopor Elizabeth Mednicoff
Tenho aprendido muitos exercícios e um deles foi desenvolvido baseado no texto abaixo facilitando o acesso às fases descritas. Esse exercício nos traz uma profunda reflexão e contato com a nossa criança e depois nos possibilita a ligação com o adulto de hoje.
Com essa análise podemos identificar crenças ou valores que devem ser modificados, trazendo uma nova forma de pensar e sentir e assim um novo comportamento que trará uma resposta positiva em sua vida.
O Círculo Vicioso começa na infância quando todas as imagens são formadas. A criança é indefesa e precisa de cuidados; ela não pode manter-se sobre as próprias pernas, não pode tomar decisões, não pode alimentar-se sozinha. Portanto, por necessidade, a criança tem uma afetividade egocêntrica. Consequentemente é incapaz de sentir um amor altruísta.
O adulto maduro desenvolve-se em direção a esse amor altruísta desde que a personalidade amadureça harmoniosamente e contanto que nenhuma das reações infantis permaneça oculta no inconsciente. Se isso acontecer apenas uma parte da personalidade vai crescer, enquanto a outra parte continuará imatura.
Existem, de fato, poucos adultos maduros tanto emocional quanto intelectualmente. Estou colocando esse texto exatamente por ser muito comum entre nós esse círculo vicioso, e com a proposta de tornar consciente uma maior parte desses passos percorridos na infância. Entrando em contato com cada sentimento de cada situação será possível ser revelado o seu processo inconsciente e transformado, colaborando para uma vida afetiva madura na vida adulta.
Para chegar a esse ponto sugiro que vá acompanhando cada parte descrita a seguir do processo infantil, entrando em contato com suas lembranças com a finalidade de procurar algo que ainda não era consciente. Use palavras-chaves do próprio texto para cada passo que achar significativo, formando um esquema para sua orientação de consciência.
A criança quer amor exclusivo
A criança anseia por um amor exclusivo que não é humanamente possível. O amor que ela quer é egoísta; não quer dividir amor com os outros, com os irmãos ou irmãs ou mesmo com um dos pais. Com frequência tem ciúmes de ambos os pais. Contudo, se ela sente que os pais não se amam, a criança sofre ainda mais.
Assim, o primeiro conflito surge de dois desejos opostos. Por um lado a criança deseja o amor de ambos os pais exclusivamente; por outro lado, ela sofre se os pais não se amam. Uma vez que a capacidade de amor de qualquer pai ou mãe é imperfeita, a criança não compreende que apesar da imperfeição a maioria dos pais é ainda assim plenamente capaz de amar mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Todavia, a criança se sente rejeitada e excluída se o pai ou a mãe também amam outras pessoas.
Essa frustração faz com que a criança sinta-se rejeitada, o que, por sua vez, causa ódio, ressentimento, hostilidade e agressão. Essa é a segunda parte do círculo vicioso. A necessidade de amor incondicional que não pode ser satisfeita, gera ódio e hostilidade em relação às mesmas pessoas a quem mais se ama. De modo geral esse é o segundo conflito do ser humano em crescimento. Se a criança odiasse alguém a quem ela não amasse, ou se ela amasse à sua própria maneira e não desejasse amor em retorno, tal conflito não poderia surgir.
O fato de existir ódio pela própria pessoa que se ama muito, cria um importante conflito na psique humana. É óbvio que a criança sente-se envergonhada dessas emoções negativas e, portanto, coloca esse conflito no inconsciente onde ele se torna um "nó" para o futuro. O ódio causa culpa, porque a criança é ensinada desde cedo que é feio, que é errado e é pecado odiar. O que se dirá, então, sobre odiar os pais, a quem se deve amar e honrar acima de tudo.?
É essa culpa, vivendo sempre no inconsciente que, na personalidade adulta, causa toda sorte de conflitos internos e externos.
Medo do castigo e medo da felicidade
Ao se sentir culpado o inconsciente da criança diz: "Eu mereço ser castigado". A criança, por sua vez, sente medo de ser castigado e assim inicia-se uma outra reação na qual, sempre que você está feliz e sente prazer - apesar de esse ser um anseio natural do ser humano - sente que não merece. A culpa por odiar aqueles que mais ama convence a criança de que não é merecedora de nada que seja bom, alegre e prazeroso.
Portanto, a criança evita inconscientemente a felicidade, criando situações e padrões que parecem destruir o que é mais desejado na vida. É esse medo da felicidade que leva uma pessoa a todos os tipos de reações, sintomas, esforços não saudáveis, manipulações de emoções e até mesmo a ações que indiretamente criam padrões mentais que parecem acontecer involuntariamente, sem que a personalidade seja responsável por eles, atraindo para sua vida as mais diversas situações de escancarado auto-boicote (Lei da Atração).
Embora o desejo de felicidade jamais possa ser erradicado, ainda assim, devido a esse sentimento de culpa profundamente oculto, quanto mais se deseja a felicidade, mais culpado se sente. O medo de ser punido e o medo de não merecer a felicidade, cria então o desejo compulsivo de auto-punição como uma forma de evitar a humilhação de ser punido por outras pessoas, ou pelo destino, ou por Deus, ou pela vida.
Assim, a personalidade inflige um castigo a si mesma. Isso pode ocorrer de várias maneiras, como através de doenças físicas produzidas pela própria psique ou por vários infortúnios, dificuldades, fracassos ou conflitos em qualquer área da vida. Portanto, caso exista uma imagem relacionada com a profissão ou a carreira, por exemplo, ela será fortalecida pelo desejo inerente de auto-punição e assim dificuldades nesse aspecto surgirão constantemente na vida da pessoa. Ou se existir uma imagem ligada ao amor, à vida conjugal, o mesmo se aplicará nesse caso, frustrando sempre seus relacionamentos.
Portanto, se e quando você não for bem-sucedido em um desejo consciente e legítimo, e olhando para a sua vida descobrir que a satisfação desse desejo consciente foi constantemente frustrada, formando um padrão, como se você nada tivesse a ver com isso (como se um destino cruel tivesse se abatido sobre sua cabeça), pode estar certo de que não apenas uma imagem e uma conclusão errônea existem em seu interior, mas que, além disso, a necessidade de auto-punição também está presente.
A divisão original entre amor e ódio que iniciou o círculo vicioso causa mais divisões. Como exemplo, vimos que a necessidade de auto-punição coexiste com o desejo de não ser punido. Com isso uma parte oculta da psique argumenta: "Se eu for perfeito, se eu não tiver falhas nem fraquezas, se eu for o melhor em tudo o que fizer, então, as pessoas vão me amar incondicionalmente e não vou sentir ódio e, portante portanto não precisarei ser punido".
(Veja também a continuação deste artigo)
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