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O CÍRIO

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Autor Hellen Katiuscia de Sá

Assunto Autoconhecimento
Atualizado em 10/9/2005 11:39:56 AM


Eram muitos pés descalços. Caminhavam pela cidade ainda sem o sol ter vindo olhá-los para aquecê-los e saudá-los com seus raios dourados. Eles eram os romeiros. Saíam de suas casas ainda sob o frio da madrugada com os pés descalços. A maioria vinha vestida de branco, representando e carregando dentro de si o sentimento e desejo de paz no mundo.

Eles vinham... chegavam de todos as paragens. Uns eram de bairros próximos; outros de cidades distantes e muitos de países longínquos. Iam em direção à Igreja da Sé, ponto de partida na imensa romaria. Queriam acompanhar a Berlinda para pagar suas promessas, agradecer ou fazer pedidos desesperados por conta de situações onde somente um milagre poderia resolver.

A Berlinda era como uma casinha em formato de diamante. Seus ornamentos eram de flores brancas, amarelas e outras de cores diversas. E davam a impressão de um jardinzinho que se deslocava por vontade própria por entre a multidão. E no meio desse jardinzinho, no interior da casinha de diamante, estava Nossa Senhora de Nazaré, uma imagem pequenina de madeira, de Maria com o Menino Jesus em seus braços.

Era lindo. Não a imagem em si mas a imensidão de pessoas movidas unicamente por uma única alavanca: a fé. E antes de tudo começar, lá estavam os pés descalços... pessoas numa única direção, irmanadas, solidárias e amorosas com o desejo de promover a paz. E nesse momento todas pessoas com seus pés desnudos eram iguais. Não existiam negros, pardos, brancos, índios ou estrangeiros; existiam somente seres humanos.

A primeira vez em que participei do Círio foi em 1997, descalça em toda a caminhada. Até então só tinha visto pela televisão. E a cena que se cristalizou em meu coração, quando presenciei pessoalmente a grande romaria, foi a de ver inúmeras pessoas vestidas de branco, descalças e felizes, todas magnetizadas e unidas pela fé rumo a uma mesma direção. Quando me vi no meio desse cenário, uma felicidade indescritível tomou-me. Presenciei e experimentei a magnitude da união de toda a força vital que carregamos dentro de nós emanando para todas as direções.

Era como uma melodia inaudível captada somente pelo coração dos indivíduos. E Nossa Senhora de Nazaré era a doce regente. O mar de pessoas que invadiam as ruas da cidade de Belém do Pará era o filamento de vida e devoção que motivava Nossa Senhora a passear pela cidade. E Ela flutuava e abençoava a todos aqui na Terra, por pedido amoroso de Deus.

E os fogos de artifícios que saúdam a Santa ao longo do trajeto parecem pedacinhos de estrelas caídas sobre as pessoas para lembrarmos de que existe um Deus e que Ele explode dentro de nós querendo ser ouvido todos os dias e que a todo o momento nos convida a realizarmos nossa reforma íntima.

Acompanhar o Círio de Nazaré é abrir o coração para a manifestação de Deus; é sentir uma energia pura, revitalizadora e intensa, capaz de realizar o milagre de abrir corações enrijecidos para um ato maior de amor: a visão de igualdade perante o próximo.

A grande procissão acontece sempre no segundo domingo de outubro na cidade de Belém. Diz a lenda que um caboclo chamado Plácido encontrou a imagem de Nossa Senhora às margens de um igapó, exatamente onde hoje está montado o altar no interior da Basílica de Nazaré. Plácido levou a imagem para sua casa mas no dia seguinte ela havia desaparecido. O caboclo a procurou em vão pela casa; desistiu e seguiu normalmente como fazia todos os dias rumo ao igapó para pescar. Quando lá chegou espantou-se vendo a imagem no mesmo lugar onde a tinha encontrado no dia anterior. Alegou-se milagre.

Plácido e alguns moradores da cidade ergueram um altar modesto feito de palha, onde está atualmente o altar da Basílica de Nazaré. A primeira procissão aconteceu em 1793 e desde então vem aumentando o número de devotos.

O que mais chama a atenção das pessoas vindas de outros países em relação à santa são as feições da imagem. Ela e o Menino Jesus têm feições caboclas, bem ao estilo do povo amazônico. E talvez por isso, os paraenses em especial, demonstrem um profundo amor e devoção à Nossa Senhora de Nazaré.

Hellen Katiuscia de Sá
09 de outubro de 2005

Texto revisado por Cris

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