O espírito da empresa
Autor Nokomando - desenvolvimento sistêmico
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 09/04/2008 14:17:00
Você sabia que a empresa possui espírito? Não? Vai dizer que nunca entrou num lugar, num escritório ou galpão e falou: humnn, tem alguma coisa aqui que não ta legal... Já notou que tem empresas que emperram, não vão pra frente, por mais trabalho e dedicação que seus proprietários e funcionários possam despender?
A teoria sistêmica descobriu que, na verdade, qualquer tipo de organização possui um, vamos dizer assim, espírito. Para não parecer muito místico, eu prefiro dizer que o sistema que permeia a empresa são informações e energia que darão características a esta empresa.
Sabe como funcionam estas informações e energia? Elas se estabelecem desde o início da fundação da empresa, e uma das coisas que interfere neste “espírito empresarial” é a motivação pela qual o fundador construiu a empresa. Pode parecer estranho, mas existem muitas empresas que o fundador construiu apenas para sobreviver, e isto dá a esta empresa, mesmo anos depois e muitas vezes em segundos ou terceiros proprietários, um “espírito de carente”. Porém, isto é apenas uma consideração, uma hipótese. Existem empresas onde o primeiro dono tinha as melhores intenções, era bom e respeitado pelos clientes, fornecedores e funcionários. Até que ele faleceu, e a empresa passou para os filhos, ou outros sócios. Pelo carisma do primeiro proprietário, os funcionários e muitos clientes ficaram ligados “emocionalmente” a ele, e os atuais donos perderam a liderança da empresa, fazendo com que ela deixasse de ter lucro. Isto pode ocorrer também numa escola, quando a diretoria é trocada, num clube, associação de bairro ou partido político.
Os sistemas estão permeando toda e qualquer organização envolvendo pessoas, e todos que estão envolvidos fazem parte do sistema, ativamente. Hoje, a consultoria empresarial sistêmica vem ganhando espaço simplesmente porque, ao apresentar alguns diagnósticos que os métodos comuns de consultoria não reconhecem, já que ficam focados em aspectos práticos, segmentados e visíveis da organização. Vou contar um caso.
Existe um grande empresário do setor canavieiro, no interior do Estado de São Paulo. Ele, juntamente com diversos primos, controlam muitas áreas de plantio de cana, além de usinas que produzem álcool e açúcar. Apesar do grande desenvolvimento que o setor canavieiro vem tendo nas últimas décadas, no Brasil, a empresa dele, especificamente, não tinha lucro, estava endividada com o governo, muitos funcionários estavam acionando o Ministério do Trabalho, havia muita briga entre os diversos sócios e, para culminar, ocorreu um incêndio numa das usinas que causou um grande transtorno, aumentando ainda mais o prejuízo. Um consultor sistêmico foi chamado. Analisando a questão, ele percebeu que o fundador de toda a empresa, o avô patriarca da família, que praticamente iniciou o negócio com as próprias mãos, havia sido esquecido. O negócio estava absolutamente entregue nas mãos de descendentes que não possuíam a menor reverência pelo trabalho que lhes dava o sustento e, o que é mais grave sistemicamente falando, não havia reverência pelas próprias raízes familiares, pelo próprio sobrenome. A teoria sistêmica diz que um sistema se ajusta automaticamente. Quando alguém é excluído, esquecido dentro do sistema, este começa a fazer movimentos, tal qual um corpo que encontra um organismo estranho dentro de si. Começa uma infecção, o organismo todo se recente e a saúde fica debilitada.
Empresarialmente, e também profissionalmente, quando são deixadas partes esquecidas ou abandonadas, a empresa ou a carreira profissional se abala e pode até entrar em colapso, como um organismo ao enfrentar sua própria célula com câncer. Numa empresa, sócios expulsos, diretores demitidos, funcionários injustiçados, departamentos em confronto um com o outro, tudo isso pode representar problemas sistêmicos e, conseqüentemente, perda de produtividade e de lucro, além de desarmonia e intriga.
A grande verdade que a constelação sistêmica demonstra, tanto no trabalho que faço com empresas, profissionais ou terapia familiar, é que na verdade o homem não é um indivíduo. Durante séculos e séculos fomos ensinados e condicionados a acreditar que somos uma alma, um espírito, uma individualidade, e que somente aquilo que passa na nossa cabeça, que são nossos pensamentos e emoções, dão o direito de dizermos que “somos humanos”. Mas os sistemas dizem que a individualidade não é real: é apenas a percepção momentânea e limitada da mente. Dentro de uma empresa, de uma carreira profissional ou uma família, nós somos apenas uma célula de um corpo maior. A célula possui uma obrigação perante o corpo, uma função e um caminho a seguir. Quando esta célula está adequada ao que ele é e ao meio ao qual ela pertence, ela vive bem e saudável, e o corpo também permanece saudável. Mas quando a célula se acha a dona da cocada preta, acha que sabe tudo o que deve fazer somente para ela ser feliz, decide pegar as malas e ir pra “outras bandas”, ocorre um disfunção, um desequilíbrio. Em última instância, esta célula se transforma num câncer e o corpo, ou seja, o sistema adoece. Felizmente, vejo que cada dia mais, pessoas percebem-se como parte somente do sistema, e enxergam claramente que, quando assumem a própria responsabilidade perante sua família, seu trabalho, sua empresa e, principalmente, consigo mesmo, valorizando suas habilidade, qualidades, seu passado e seu histórico, descobrem subitamente que a felicidade existe, aqui e agora!
Theresa Spyra
Consultora e facilitadora de constelação familiar, estrutural e profissional sistêmica, empresária, economista e máster em programação neurolingüística
trabalho em grupo de constelação sistêmica - neste domingo – últimas vagas!
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